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*** Deu no site: Maurício Stycer fala sobre Nick Hornby

Estava esperando um vídeo abrir (na velocidade de tartaruga mansa), navegava em outros sites quando caí no blog do jornalista Maurício Stycer, a quem conheci no Intercom 2009 em Curitiba. E vi este post sobre um autor que eu gosto e que, um dia, quem sabe aparecerá aqui… Nick Hornby. Já vi os filmes inspirados em histórias escritas por ele: Febre de Bola (estou procurando desesperadamente o DVD deste filme inglês com o Colin Firth) e o equivalente americano, o engraçadinho Amor em Jogo, e o muito bom Um grande garoto. Enfim, vamos ao texto…

O novo livro de Nick Hornby, mestre da “literatura de entretenimento”

O termo causa algum estranhamento, mas há muita gente séria discutindo o assunto: “literatura de entretenimento”. De forma bem simplificada, seria a literatura que não está nem um pouco preocupada em dialogar, renovar ou provocar o campo literário, mas simplesmente capturar e divertir o leitor, reproduzindo modelos já testados e comprovados.
A literatura policial é o gênero, por excelência, do entretenimento. Mas não só. Num mercado cada vez mais concorrido, diferentes escritores têm sido bem-sucedidos na arte de, sem nenhuma pretensão, provocar o prazer da leitura.
O inglês Nick Hornby é um mestre da literatura de entretenimento. Seu primeiro livro, “Fever Pitch” (1992), lançado no Brasil como “Febre de Bola”, já dá uma ideia do estilo do escritor, ao relatar as suas memórias de infância como torcedor do Arsenal – um misto de paixão e sofrimento por um time que ficou 18 anos sem conquistar título algum.
Mas é em “Alta Fidelidade” (1995), seu primeiro romance, que Hornby se destacou. Lançado no Brasil em 1998, conta a história de Rob Fleming, dono de uma loja de discos raros em Londres, que acha, aos 35 anos, que uma canção de Bruce Springsteen pode ajudá-lo a resolver dilemas existenciais profundos. Maníaco por listas, Fleming descreve desde as “cinco piores separações” da sua vida, ponto de partida do livro, até “as cinco melhores primeiras faixas de lado B de LP”, entre outras maluquices.
Saboroso e divertido para o leitor de qualquer parte do mundo que compartilha das referências musicais e geracionais de Fleming/Hornby, “Alta Fidelidade” se tornou um livro “cult”, gerou um filme de Sthepen Frears, bem mais sem graça, e ainda hoje inspira escritores – ou candidatos – em livros e blogs. Desde então, Nick Hornby vem produzindo regularmente literatura de entretenimento – sem o mesmo sucesso, mas com competência, como mostram “Um Grande Garoto” (1998) e “Como Ser Legal (2002).
No recém-lançado “Juliet, Nua e Crua” (Rocco, 272 págs., R$ 34), Hornby reaparece tão afiado quanto em “Alta Fidelidade”. Com um humor sacana, descreve a saga de um casal adulto, Duncan e Annie, cujo relacionamento é marcado pelo culto a Tucker Crowe, um músico que abandonou a carreira 20 anos atrás sem dar explicações aos fãs.
A primeira frase do romance dá uma ideia do estilo “matador” de Hornby, exímio na arte de fisgar leitores: “Eles haviam voado da Inglaterra até Minneapolis para examinar um banheiro”. Trata-se do WC de um clube noturno, onde Tucker Crowe foi visto antes de ir para o hotel e decidir, abruptamente, encerrar sua carreira. “Para quem adora Tucker Crowe tanto quanto Duncan e mais umas duzentas pessoas no mundo, aquele banheiro é responsável por muita coisa”, observa o narrador.
Não vou estragar o prazer da leitura ao contar apenas mais um detalhe, revelado depois de 20 páginas. Duncan recebe pelo correio um CD com gravações inéditas de “demos” (esboços) de “Juliet”, o LP mais famoso de Crowe, que uma gravadora pretende lançar com o título de “Juliet, Nua e Crua”. Entusiasmado, Duncan escreve no site dedicado ao seu culto que “Nua e Crua” é melhor do que o célebre disco. E a confusão começa quando Annie, irritada, escreve uma outra resenha, falando mal do novo disco.
Como em “Alta Fidelidade”, as referências pop se espalham ao longo de “Juliet, Nua e Crua”, de Bob Dylan à “Família Soprano”, passando por iPod e Wikipédia. É leitura fácil, agradável, pura sedução. Em um fim-de-semana, o leitor dá conta da tarefa.

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