Minha Copa Inesquecível: 2002
Roberta Oliveira
(originalmente publicado no JF Hoje)
Sim, apesar do tetra e do surreal Brasil x Holanda de 98, na minha vida, nada supera 2002. Foi a minha primeira Copa como jornalista e responsável por fazer o noticiário para a rádio onde trabalhava na época. Passei algumas complicações. As pronúncias atrapalhadas dos nomes dos jogadores sul-coreanos e japoneses. As apostas malucas no ar com um tricolor que bateu pé que reunir três botafoguenses para uma mesa redonda não daria sorte ao Brasil (obviamente, ele estava errado). Os textos prontos e ignorados no ar porque sempre saía um gol na hora que eu falava durante o jornal de hora em hora. A alegria pela tristeza dos outros. A tristeza pela tristeza alheia – coitada da Espanha, perder para arbitragem ruim e incompetente dói mais que uma derrota normal…
Claro que as melhores lembranças são do Brasil! Acordar os parentes aos gritos de “GOLAÇO!” após Ronaldinho – então imprevisível – marcar contra a Inglaterra. A partida contra a Turquia decidida no eixo JF-Saitama. Lá não saía gol. Cá, havia a necessidade de trocar de computador com a colega.
“Mas se sair gol, eu não me mexo mais!”
“Ok.”
Dito e feito. Nem meio segundo após a troca, pescoços abruptamente virados pra telinha – Ronaldo Fenômeno Cascão. Gol. E ficamos nos novos lugares até o fim do jogo, convictas de que fomos fundamentais para colocar o Brasil na final! Vai contrariar?
E nunca foi tão bom trabalhar em um domingo! O nervosismo virou calma: como assim a luz acaba em bairros da zona leste na hora da decisão? Em uma das ligações do Marumbi ou Santa Paula, uma narração inusitada: Ronaldo deixando Kahn engatinhando atrás da bola, que já estava aninhada na rede. Gol transmitido pelo telefone. Alegria em ambos os lados da linha. Acredito que a luz tenha voltado a tempo do segundo gol de Ronaldo, o Rei de Yokohama. E quando a TV esgoelava o penta, a notícia era compartilhada no dial, com alegria. E uma insubordinação: nada de sair na unidade móvel antes de ver Cafu mandar o protocolo às favas, anunciar que era 100% Jardim Irene e que amava Regina ao levantar a Taça Fifa. Nossa de novo. Era muito bom dizer e sentir isso.
Breve passeio pelos bairros onde todos celebravam. É, eu sei, o feito da Família Scolari não resolveria os problemas de ninguém, mas mesmo assim todos se sentiam orgulhosos de encher a boca para dizer “Sou pentacampeão”. E para a garota que tinha nascido em ano de Copa do Mundo, em seu primeiro emprego, isso soou como destino.
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Caramba, nem acredito que já se passaram 10 anos!
Foi um dos dias mais felizes da minha vida, tanto como profissional quanto como torcedora. ^^
Muito legal poder me lembrar disso 😀
Bacci!!!
Beta
Como conto aos meus filhos, a Copa de 2002 tb foi a da minha vida. Interessante ressaltar que nasci no meio da Copa do Mundo de 1970, meu filho mais velho em 1994 e o mais novo em 1998… Tri, Tetra e Vice. Acho que somos marcados ao futebol. É isso, o sentido de nossas vidas.
Bjs!
Adoooooroooooo teus posts futebolísticos!
Sempre fazem me sentir muito normal com minhas reações aos jogos! hihihihihih
Agora, vá lá, que coincidência é essa?
Eu também nasci no meio de uma copa, num jogo do Brasil. hahahahaha
Ok, eu serei chata e podem odiar-me muito por isso, mas eu não senti nada demais com essa vitória brasileira de copa de 2002 … ¬¬