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Cap. 1264 – O Evangelho de Loki – Joanne M. Harris

Ciao!!!

Vou chamá-la de Lokabrenna ou, em tradução livre, o Evangelho de Loki. Loki, esse sou eu. Loki, o Portador da Luz, o
incompreendido, o esquivo, o belo e modesto herói desta específica trama de
mentiras. Adicione uma pitada de sol, mas, pelo menos, é tão verdadeira quanto
a versão oficial e, ouso dizer, mais divertida. Até o momento, a história, como
ela é, tem me garantido um lugar desfavorável. Agora é a minha vez de subir ao
palco
.
Que
se faça a luz
”.

Então, precisa de mais
alguma explicação do motivo deste livro estar aqui?
O
Evangelho de Loki – Joanne M. Harris – Bertrand Brasil
(The Gospel of Loki – 2014)
Personagens: Aquele que Vos
Fala decide dar a SUA versão dos fatos.
“A épica história do deus
trapaceiro” mostra todos os fatos do início ao Ragnarök pela ótica de um de
seus participantes – Loki, aquele de quem todos desconfiavam e quem o Oráculo
profetizou que ajudaria a trazer o Caos de volta. Cansado de ser retratado de
froma desfavorável, ele decide dar a sua versão e não poupa ninguém ao apontar
as lições que aprendeu no caminho e explicar as razões que o levaram a decidir
por determinadas atitudes. Em um livro repleto de sarcasmo, dúvidas, ele revela
o seu lado – seja ele melhor, pior, mais vulnerável, implacável, rancoroso e,
quem diria, até mesmo, esperançoso.
Comentários:
– Ao contrário da Mitologia
Greco-Romana, que li nas enciclopédias que havia em casa, não sei muito sobre a
Mitologia Nórdica. A minha principal referência tinha sido a fase Asgard em
Cavaleiros do Zodíaco. Aí veio o Marvel Cinematic Universe e, pronto, me vi –
logo eu, a sem paciência com vilões – subitamente interessada no príncipe ovelha
negra de Asgard. “Então eu-eu sou o
monstro sobre o qual os pais contam histórias aos filhos à noite!
” E nas
mãos de um ator que soube aproveitar o papel – Tom Hiddleston, um dos meus
amores descarados (caso seja a sua primeira visita ao Literatura de Mulherzinha)
– me fez querer saber mais e, estou tentando ler, na medida do possível, tudo
que aparece sobre o assunto. Aí quando vi nas redes sociais que este livro
seria lançado, preciso dizer que comemorei?
 

No final das contas, palavras são o que
resta quando todas as ações estão completas. Palavras podem estilhaçar a fé,
dar início a uma guerra, mudar o curso da história. Uma narrativa pode fazer
seu coração bater mais rápido, derrubar paredes, escalar montanhas… Ei uma
boa trama pode até levantar os mortos. E é por isso que o Rei das Histórias se
tornou o Rei dos deuses porque escrever
e fazer história estão apenas a uma
página de diferença

– Temos um narrador sincero –
sim é estranho usar este termo vindo de quem vem. Acredite se puder, ele não
nos engana, conta tudo – sob seu ponto de vista, claro – de bom e ruim que
aprontou e também como aprontaram com ele. Afinal de contas, ele está contando
coisas que já aconteceram e possui uma visão mais ampla de suas atitudes e consequências,
por isso consegue admitir quando errou a mão e fez o que não devia (há uma cena
na reta final que ele mesmo admite que alguém deveria tê-lo parado, mas como
não aconteceu, as consequências viraram uma bola de demolição).
– Temos um narrador
divertido. Loki é sarcástico e debochado para falar de si mesmo, imagina dos
outros? Os melhores exemplos estão nas descrições e na análise que ele faz dos demais
deuses e deusas quando chega em Asgard. Não idealiza ninguém. Na verdade, se
diverte mostrando que todos eles estavam longe de merecer endeusamento, porque
tinham falhas como qualquer outro ser vivente.
 

Bem, não me culpem por ser atraente. Demônios são assim, em sua
maioria. Além disso, não era como se a competição fosse acirrada. Chefes de
guerra suados, peludos, sem um pingo de polidez ou destreza, cujas ideias de
diversão se resumiam a matar alguns gigantes, lutar contra uma serpente, e, em
seguida, comer um boi e seis leitões sem ao menos tomarem banho antes, enquanto
arrotavam uma canção popular. É óbvio
que as mulheres flertavam comigo. Um bad
boy
sempre chama a atenção, e eu sempre tive boa lábia
”.

– Ele relata a jornada desde
o tempo em que estava no Caos, um demônio do fogo, sem consciência plena de
algo além do que encontrava ali, sob comando de Surt. Até ser recrutado por
Odin, que enxergou um propósito que só ele poderia executar e fez promessas que
o levaram a segui-lo. Fala sobre as habilidades que possuía, que recebeu e que
desenvolveu. As experiências que teve e como mudaram a sua percepção, suas preferências.
Seus medos.
 

Eu podia ter escolhido qualquer forma: a de um animal, ave ou até um
simples rastro de fogo. Mas, assim como aconteceu, assumi a forma com a qual
talvez você esteja familiarizado: a de um jovem com cabelos vermelhos e certo

je
ne sais quois

(Obrigada, Marvel por não
colocar o Tom ruivo no filme. Seria demais para meu coraçãozinho)
– Mas apesar das promessas de
Odin, não era fácil viver em Asgard sendo o “elemento destoante”, variando
entre o “adorado” por conseguir algo para os deuses ou que os divertia com suas
“traquinagens” e ser o detestado, odiado, culpado por tudo que deu errado para
os outros, mesmo quando ele não tinha nada a ver com o assunto. Rendeu
antipatias à primeira vida que duraram para sempre. Rendeu perda de simpatias
ao longo do caminho. Até finalmente se tornar a minoria que tanto temia.
– E claro, digamos que ele
também não colabora. Porque há momentos em que ele corre de braços abertos a
toda velocidade para a confusão. Ou provoca acintosamente os desafetos. Ou arruma
inimigos e para escapar tem que colocar outros na linha de tiro. Ou atua nos bastidores
explorando as fraquezas e vulnerabilidades para que outros quebrem cara. Ou mesmo
se vingando de alguma afronta recebida. Eu disse que ele era um narrador
sincero: em nenhum momento quer te convencer de que é um fofo indefeso injustiçado.
Sim, ele aponta que foi injustiçado, que muitas das suas atitudes foram reações
aos maus tratos que recebeu em Asgard mesmo com Odin prometendo algo totalmente
diferente e que ele só queria acolhimento e a sensação de realmente pertencer
ao lugar – embora a gente pode presumir que, quem nasceu no Caos, não vai se
satisfazer com Ordem por muito tempo. Mas não vai tentar de convencer de que é
fofo e indefeso, porque não é.

Sabedoria não é tudo. Sobrevivência requer um elemento de trapaça. Caos
e subterfúgio. Todas qualidades que possuo (se assim posso dizer) em abundância

– Enquanto isso, fica se
questionando e começa a se perguntar porque foi recrutado por Odin. Quer
respostas e para isso precisa procurar, provocar, pesquisar. E se envolve com
todo tipo de gente. Ao longo da narrativa, vemos Loki compartilhando que não
devemos confiar em várias coisas, pessoas, etc. percebemos que usa o charme e a
inteligência para escapar de inimigos, atiçar situações que eram convenientes
para ele. Só que vai chegar um momento em que ele irá perceber que há limites
até para a capacidade e habilidade dele em encontrar alternativas para sobreviver.
Será que no fim de tudo até mesmo o mestre trapeceiro foi trapaceado? Para descobrir,
só lendo. Afinal de contas, não podemos confiar em ninguém e se tem uma coisa
que “Aquele que Nos Fala” não sofre é de insegurança.
– Você é bom a esse nível? – perguntou Thor.
Sorri.

Melhor – respondi. – Eu sou Loki
– O livro faz parte de uma
série. Pelo que entendi, é uma espécie de prequel. Não achei os outros livros,
mas já deu pra notar que vou ficar atenta para ler, né? 

Atualizado em 18-01-17: Então, estava eu surtando alegremente na livraria quando tropecei em um dos livros que não tinha achado e desvendei a charada! Os livros foram publicados pela Rocco Jovens Leitores. Hoje não deu para comprar, mas já foram para a lista.
Série
Runemarks:
The Gospel of Loki – O Evangelho de Loki
Runemarks – Runas
Runelight – Luz das Runas
Bacci!!!

Beta


ps.: Dedicatória do livro: “Para Anouchka, sempre e sempre”.
Blogueira-leitora-cinéfila compulsiva: “Olha, é o mesmo nome da menininha no filme Chocolate”
Uma semana e 334 páginas depois, blogueira-leitora-cinéfila compulsiva chega à orelha com os dados biográficos da autora: Joanne M. Harris (…) foi professora durante 15 anos, período no qual publicou o best-seller Chocolate (1999), adaptado para o cinema e indicado ao Oscar, estrelado por Johnny Depp e Juliette Binoche

Leitora pamonha com cara de pastel de vento por segundos até:
“O QUÊ? TEM LIVRO? CADÊ?!”

11 Comentários

  1. colecionando romances

    Olá! Tudo bem?
    Não conhecia o livro e fiquei curiosa. A capa é linda! Sem falar que amo mitologia! Dica anotada! Parabéns pela resenha! Bj

  2. Carol Ramires

    Olá!
    Estou muito interessada nesse livro porque conheço pouco da mitologia nórdica também, mas saber que é o Loki que narra todas as histórias é muito legal e dá bem mais vontade de conferir a obra.
    Beijos.

  3. Licavargas

    Conheço muito pouco sobre a mitologia nórdica e confesso que quando vi o livro na divulgação confundi tudo e achei que era de outra série/franquia. Tipo, a mais perdida!!!
    Sua resenha me deixou curiosa e empolgada. Acho que seria mais do que interessante ler o livro – e eu sempre tenho uma quedinha por vilões então….rs
    Beijinhos,
    Lica
    Amores e Livros

  4. oculoselivros

    Olá,

    Confesso que não posso ser considerada fã de quadrinhos e hqs, porém amo super heróis, assisto tudo quanto é de desenhos e filmes, e sou mega apaixonada pelo Loki, o cara é malvado (eu amo os malvados *—-*) e é sarcástico (até mesmo no filme), então estou louca de curiosidade sobre esse livro, e não vejo a hora de poder lê-lo. Adorei demais a dica!

    Beijos,
    entreoculoselivros.blogspot.com.br

  5. Morgana Brunner

    Olá, tudo bem?
    Realmente eu já conhecia a obra e vi presa em sua resenha porque fiquei bastante curiosidade e atenta, adoraria mesmo ter a oportunidade de realizar a leitura, ótima resenha!
    Beijinhos da Morgs!

  6. Unknown

    GENTE COMO É QUE EU NÃO SABIA DESSES LIVROS? JUNTO EU… QUEROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
    Adorei ler os trechos que você selecionou, só me deixou ainda mais ansiosa para ler e rever o Loki! <3 Quem não ama ele?

  7. Tammy (Livreando)

    Oi Beta,
    A capa desse livro é espetacular! Linda demais! Sempre tive curiosidade em saber mais do Loki, seu personagem me agrada de maneira estranha, acho que pelo seu sarcasmo desprovido. Quero muito ler esse livro é espero fazer essa leitura em breve.
    Bjim!
    Tammy

  8. Gabrielly Marques

    Eu estou maluca para ler esse livro!!! Ameei seu post e saber mais sobre a obra. E essa capa maravilhosa?! O Loki é meu anti-herói favorito e irei adorar saber mais sobre ele 😀
    Beijos!!

  9. Sil de Polaris

    Menininha: ler você agradecendo por não terem colocado cabelos ruivos em Loki em seus filmes foi tão engraçadinho !!! (kkkkkkkkkk). Muito bem: eu estou muito bem interessada devidamente neste livro e nesta série, portanto será mais um trabalho de escavação pelas livrarias que entrarem em meu caminho. Além de que eu tenho um fraco por Loki: ele é um miserável sarnento mas ele tem um que de fofo !

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