Menu fechado

Os Beneditinos – José Trajano – Cap. 1467

Ciao!

Tem nostalgia? Tem.
Tem futebol? Tem.
Tem melancolia? Tem.
Tem romantismo? Tem.
Tem tempo, tempo, tempo…? Tem.
Não sei quanto a vocês, mas eu tive que ler!

Disponível na Amazon

Os Beneditinos – José Trajano – Alfaguara
(2018)
Personagem: as memórias e afetos dos integrantes do São Bento Futebol Clube
O narrador desfia as lembranças do tempo que estudou no Colégio São Bento, os laços e amizades formados, especialmente em torno dos integrantes do São Bento Futebol Clube. E diante da possibilidade de um torneio de futebol para veteranos, decide entrar em contato com a velha turma para incentivá-los a participar e quem sabe tirar o espinho – os rivais do time do Santo Inácio – da garganta. Entre memórias e reencontros, um relato sobre a vida com a melancolia, a nostalgia e o romantismo a que têm direito…
Comentários:
Trajano narra em primeira pessoa e me deu a impressão de muitos fatos serem autobiográficos misturados com a dose de ficção para compor o terceiro romance. Eu conhecia – e algumas vezes discordava – do comentarista esportivo que via na TV, mas gostei muito do escritor que encontrei nas páginas de Os Beneditinos.
Uma vez, um professor falou em sala de aula que a gente tem certeza de que a nossa infância/adolescência/juventude foi muito melhor que quem está nesta fase atualmente porque nós já passamos por isso. Então nos permitimos ter um olhar afetuoso, saudoso e, por vezes, que se atém somente aos melhores fatos. Isso cria o romantismo e a certeza de que atualmente as crianças não são mais crianças e os adolescentes-jovens não sabem aproveitar o tempo e o potencial que têm em mãos. 

Aproveite bem, o máximo que puder, o poder e a beleza da juventude. Ou, então, esquece…Você nunca vai entender mesmo o poder e a beleza da juventude até que tenham se apagado.Mas pode crer, daqui a vinte anos você vai evocar as suas fotosE perceber de um jeito que você nem desconfia, hoje em dia, quantas, tantas alternativas se escancaravam a sua frente

O narrador está triste, inconformado e melancólico pelas ultimas desventuras profissionais, mudou-se para o bairro da Mooca em São Paulo e a partir de uma notícia em uma revista descobre que estava previsto para o ano seguinte em Londres um campeonato de walking football: onde o esporte é jogado sem correr e tem uma categoria para praticantes acima de 65 anos. Isso desperta nele o interesse de voltar ao Rio de Janeiro, reunir os antigos colegas e incentivá-los a participar.
Isso desencadeia uma série de lembranças do menino que entrou no Colégio São Bento, uma das instituições católicas de ensino mais tradicionais do Rio de Janeiro, das amizades, dos professores, das traquinagens… e do time de futebol São Bento Futebol Clube, criado pelos alunos para competir nos dias em que não estavam no Maracanã vibrando com América (time do coração do narrador-autor), Vasco,
Flamengo, Fluminense, Botafogo de Garrincha e Nilton Santos e o Santos de Pelé. A distinção que era estar no Colégio e a rivalidade com as outras escolas, especialmente, o Santo Inácio – cuja equipe impôs derrotas sofridas e ainda doídas décadas depois aos (quase) invencíveis meninos beneditinos.
(Tive que fazer uma pausa para contar para minha mãe o trecho em que ele cita a Emilinha Borba em uma das histórias contadas. Ela sempre foi “Emilinha”, apesar de ter algumas parentes “Marlene”. E a turma atual achando que inventou a treta de fãs clubes. Sabem de nada, inocentes!)
O homem que ele se tornou revisita – e compartilha com os leitores – as lembranças do menino apaixonado por futebol e da influência que isso levou para as escolhas seguintes da sua vida. Como antecipei, há momentos de muito romantismo (o mundo era muito diferente nas décadas de 1950 e 1960), de muita nostalgia e até mesmo melancolia (por que, diante de evolução em tantos setores, a humanidade parece retroceder em vários aspectos?).

Claro que não vou dizer se ele consegue o objetivo de reunir os ex-colegas e disputar o torneio. A graça do livro está nesta costura entre memórias e futuro – vocês vão ter que ler para descobrir. É mais que sobre futebol. É sobre vida. Posso garantir que vale a pena.
Arrivederci!!!
Beta
ps.: A citação que fiz é da versão brasileira do texto Wear Sunscreen, que viralizou por e-mail no início dos anos 2000. (Não devia, mas soa tão vintage, que é uma forma chique de ser chamado de velho…) e tem uma versão brasileira na voz de Pedro Bial. Como acho que o texto dialoga muito com o relato de Trajano em Os Beneditinos vou deixar aqui para quem quiser (re)ver. 
 
 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *