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Cap. 1577 – Até onde o amor alcança: sobre escutar mais & outras coisas que nunca falei – Julio Hermann

Ciao!


Falar
de amor é complicado demais. Porque parece ser um sentimento que não cabe em
palavras. Porque outros não vão achar “legal”.
Falar
de amor é importante, em um mundo onde ele se mostra cada vez mais necessário.
Até onde o amor alcança: sobre escutar
mais & outras coisas que nunca falei – Julio Hermann – Faro Editorial
(2019) 

Eu não sei qual o exato momento em que me
permiti sabotar a mim mesmo.
 

Julio
Hermann divide as crônicas em três partes – que compreendem diferentes estágios
de um relacionamento. Em poucas páginas, que se costuram por sentimentos que,
em algum momento, quem lê já vivenciou a chegada e a partida em um
relacionamento.
Em histórias
curtas, percebemos a “ressaca” da despedida de um relacionamento, quando todos passam
pelo momento obrigatório de ressignificar a vida sem o outro ao lado. Por algum
tempo nos tornamos parte de algo e agora voltamos a ser nós mesmos – por mais
individuais que sejamos, sempre alguém nos rotula como o “sr/sra”, “parceiro(a)”
de alguém. Sem contar as expectativas criadas, os sonhos e planos feito a dois
que passam a não ter mai sentido. E ainda todas as lembranças que parecem
surgir quando a gente menos espera (creiam: isso pode ocorrer anos depois, falo
por experiência).
 

Eu nunca vou me esquecer de quando você me
disse que o amor tinha a ver com a escolha de se permitir sofrer pelo outro. Às
vezes machuca, faz a pele rasgar e rompe as fibras dos músculos em duas partes,
mas é preciso. O que não aguenta uma pancada não foi feito para durar, não é?
 


surge a chance de outra história e, com ela, as dúvidas, os famigerados “e
se…” e “será que”. É um passo que talvez não esteja preparado. E nem que a
outra pessoa queira embarcar em navio à deriva em busca da própria bússola.
Mas as
coisas acontecem e quando você menos espera se vê em uma outra jornada, com
sentimentos conhecidos embora diferentes. E enfim deixa de fazer comparações imediatas,
passa a vivenciar o momento, os novos desafios. Aprender o seu novo ritmo. Descobrir
o ritmo da pessoa que passou a conviver contigo. As pequenas e grandes coisas.
Só que
nem sempre a vida segue o roteiro de um “happy end”. Às vezes, as histórias
foram feitas para serem transitórias e trazerem aprendizados para a nossa vida.

O livro tem um projeto gráfico encantador. Se o anterior era marcado pela cor azul, este viaja brincando em tons de vermelho, não muito forte, branco e rosa. Bem a ver com a história.

Até onde o amor alcança me fez ter uma lembrança bem curiosa… Eu
devo ter alguma coisa com mensagens escritas em muros. “Helena, te amo como as
estrelas no céu, para sempre e eternamente” estava no muro do Museu Mariano
Procópio na Avenida Brasil aqui em Juiz de Fora. Eu a via no caminho para a
escola durante anos. Sempre me perguntei quem seriam as pessoas envolvidas
nesta história de amor.
No ano
passado, a caminho do trabalho eu vi que alguém escreveu “Te amo” numa parede
de chapisco. Até pensei em tirar fotos, mas sempre passava de ônibus e não
consegui. Não demorou muito tempo, o dono da casa apagou a mensagem.
O que
mudou entre a Roberta que viu a primeira mensagem e a segunda? A experiência. Aprendendo
a entender o amor que existe não a versão idealizada e irreal. Provavelmente
tem a ver mais com o muro de chapiscos do que com o romance infinito do muro do
Museu.
O bom
é que existe e que a gente não pode desistir ser alcançado por ele.
 

Obrigado por entender isso comigo. E por me mostrar que a única beleza que as
trevas têm está do lado de fora delas.
 O amor também é sobre nos exorcizarmos.

Arrivederci!!!
Beta

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