Menu fechado

*** Palavra de Mulherzinha: marmelada, nota 10!

Ciao!

*pausa nos posts literários para um desabafo de uma pessoa que curte carnaval pela TV e pelas histórias que proporciona. Peço perdão antecipado por ocupar o tempo de vocês, mas eu precisava desabafar!*

Hoje tem marmelada! Tem sim, senhor!

Tinha algo me dizendo para não perder meu tempo vendo a apuração porque já sabia que não gostar do resultado. Tanto que vi alguns quesitos nas lojas que entrei e os dois últimos quesitos em casa. Para quem me acompanhou no Twitter durante os desfiles das Escolas do Rio de Janeiro percebeu que a transmissão estava me tirando do sério. Era crônica de uma surdez anunciada. Qualquer ser humano que acompanhe transmissões esportivas sabia: Luiz Roberto e Glenda ancorando juntos os dois dias de desfile não ia dar certo. Fato. O Luiz Roberto é um narrador acelerado (em alguns momentos até demais) e a Glenda NÃO CONSEGUE FALAR, SÓ GRITAR ENSANDECIDAMENTE NO MICROFONE COMO SE QUEM ESTÁ VENDO A TELEVISÃO ESTIVESSE NO PANCADÃO DE UM BAILE FUNK EM PLUTÃO!!! *meus timpanos tremem assustados com a simples memória dos KALIMÉÉÉÉÉÉRA! que ela esbravejava à frente do Estádio Olímpico nos Jogos da Grécia em 2004* Algumas sessões com uma fonoaudióloga ensinam que, para demonstrar empolgação, não é necessário escândalo, mas apenas mudar um pouco a forma de f-a-l-a-r. *soletrando para melhor compreensão*

Até tive esperança quando vi que, neste ano, a transmissão queria mostrar os gritos de guerra das escolas. Afinal de contas, é o momento em que a comunidade é chamada à luta. Mas nem todas as agremiações tiveram esta chance, Ok, pelo menos, mostraram o da Mangueira, mas e as co-irmãs? Pôxa, na hora que o Quinho soltar o “aaaaaaaaa minha Salgueiro!!! ai que lindo, que lindo!!!” os apresentadores chamaram Recife! Nada contra Recife, mas será que não podia esperar cinco minutinhos? Com a Mocidade aconteceu a mesma coisa. O torcedor fica um ano inteiro esperando pra ver e na hora H, flash de outro lugar? Peraê, peraê, peraê, tá pensando o quê, tá pensando o quê?

E os apresentadores se atropelaram várias vezes e simplesmente não prestavam atenção no que estava acontecendo na passarela. Princípio de incêndio no abre-alas da Imperatriz. Imagem na tela. E a Glenda falando sobre qualquer outra coisa… A bateria da Mangueira fez a segunda de três paradonas de 20 segundos. E a Ana Paula Araújo falando sem parar em cima (eu só percebi a paradona porque sou mangueirense fanática obcecada e aprendi a obstruir a narração oficial na minha mente – além de estar prestando atenção que de repente a Surdo Um era Surdo e Cia Mudos).

O que doeu mesmo foi a falta de informação – em especial, para o telespectador que não tem o hábito de acompanhar o Carnaval. Por exemplo, em todas as apresentações, tanto a Glenda quanto o Luiz Roberto mencionaram várias vezes a revolução que o Paulo Barros causou na comissão de frente com o trabalho do ano passado (aquelas mulheres que trocavam de roupa durante o desfile sobre Segredo). Tanto que perdi as estribeiras e escrevi no Twitter a minha opinião: não existe isso de “Comissão de Frente ANTES e DEPOIS de Paulo Barros“. Outros carnavalescos inovaram antes dele. Rosa Magalhães fez uma maravilha de efeito com leque e no ano seguinte com guarda-chuva em dois desfiles na década de 90 com a Imperatriz Leopoldinense. Em 1999*, no último título da Mangueira, o Carlinhos de Jesus estarreceu todo mundo com uma comissão que caracterizou de forma impecavelmente perfeita grandes nomes da história do Samba: Cartola, Candeia, Clementina, Clara Nunes (quando eu a vi, chorei. Um dia, quando terminar de ler a biografia, conto aqui minha história com Clara Nunes), entre outros, foram ressuscitados na Sapucaí. Portanto, o Paulo Barros ajudou a evoluir o quesito, mas não apaga o que foi feito antes dele.

Enfim, indo direto ao ponto, esse oba-oba em torno da Beija-Flor me pareceu exagerado. Todas apresentaram falhas na hora do “vamos ver”. No entanto, a Tijuca foi mais cativante ao expor o enredo. A Imperatriz me surpreendeu provando que Medicina dava samba (porque eu não acreditava nisso). A Mangueira nunca seria campeã mas trouxe a emoção para a Avenida. Até a Ilha me empolgou mais. Isso tudo sem contar o Salgueiro que, para mim, seria o campeão legítimo deste ano. O desfile estava bonito, rico, cativante, empolgante até a confusão com a demora para entrar dos carros gigantescos destruir tudo. (RECADINHO: Ano que vem, senhor carnavalesco do Salgueiro, favor medir a Sapucaí com régua, trena, palitinho, o escambau pra evitar outro sofrimento destes.)

No fim, de nada adiantou, foi a crônica da manchete definida no ano passado. Venceu a escola que foi praticamente um BBB: a escolha do samba teve cobertura total dos jornais, ganhando um que tinha um time de compositores, mas só mencionam o filho do puxador. Todo mundo só falava desta homenagem, como se nunca antes um cantor tivesse sido tema de samba (Braguinha, Caymmi, Gil, Gal, Caetano, Bethânia, Chico Buarque – e estou citando apenas os que foram enredos da Mangueira – e Noel Rosa na Vila Isabel em 2010) e como se fosse inédito (RC foi tema de um samba da Unidos do Cabuçu!!!) com um patrocinador generoso, misturando índio, sertanejo, Jesus Cristo e Iemanjá! Afinal de contas, para os jurados, enredo sobre Maria Clara Machado não merece 10 de ponta a ponta. Bateria que fica 20s sem tocar com toda a escola segurando o samba no gogó e volta sem atravessar o ritmo ou a harmonia merece 9 (mas se vestisse azul e branco levaria 11). A comissão de frente que fazia le parkour na favela demonstrando as diferentes fases da vida do Nelson Cavaquinho não foi impecável… E pelo que li no Twitter várias escolas podem acrescentar ponderações interessantes e semelhantes à lista.

Por isso, entendo perfeitamente a seguinte frase do carnavalesco vice-campeãoDurante a apuração, Paulo Barros, carnavalesco da Unidos da Tijuca, fez uma ironia. Ao ser perguntado sobre que enredo faria no próximo carnaval, foi irônico e respondeu: “Queria fazer Madonna, mas acho que vou fazer Neguinho da Beija Flor”.
Ah, Paulo Barros! Que isso, tenho uma sugestão muuuuuuuuuuuuuuuuito melhor: Xuxa!!!

Olha só os motivos:

– tem programa de Natal na Globo

– vai render várias ideias criativas para uma comissão de frente (a nave pode se abrir e sair de paquitas a patinhos com Txuxucão e seguidores de 1 dia a 80 anos de vida)

– dá pra ter uma série de alas com o tema “vamos brincar de índio?” misturando ecologia e educação ambiental

– no carro do Xou da Xuxa podem vir as Paquitas e bonecos do Praga e do Dengue

– no carro do Planeta Xuxa podem vir os funkeiros e o extinto grupo You Can Dance. E, claro, a Hebe e a Luciana Gimenez sentadas no sofá!

– no carro do cinema podem vir todos que fizeram filmes com ela desde “SuperXuxa contra o Baixo Astral”
até “Xuxa e o Mistério da Feiurinha”

– no carro da TV Xuxa pode haver uma confraternização de diferentes estilos musicais: sertanejo, pop, samba, reggae, funk de novo, axé.

– a bateria pode vir de militar, porque (se não estou enganada) a Xuxa se mudou para o Rio porque o pai veio transferido para cá.

– o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira pode vir de Pelé e bola de futebol, entende?

– já o segundo pode vir de saudade e Ayrton Senna (com personal áudio do Galvão, né?)

– e o terceiro pode vir representando que Xuxa não é Evita, mas é muito amada na Argentina (enredo com potencial apoio internacional e presidente Cristina Kirscher desfilando)

– o refrão do samba pode ser “Ô Xuxa, eu te amo/E vim aqui dizer/ um beijo pra minha mãe, pro meu pai e para você!”

– e o último carro seria o do XSPB, onde viria a Xuxa com a Sasha de azul e branco cercada de crianças nas cores de um arco-íris de energia cantando o refrão acima citado.

Ups, a Xuxa também foi enredo da Cabuçu e torce para a Beija-Flor. Desconfio que acabei de fazer a sinopse campeã de 2012. A menos que o Paulo Barros mantenha a promessa de homenagear o Neguinho… Talvez dê empate! Se os jurados não acharem a Tijuca modernosa demais…

Enfim, que fiquem com a marmelada. Eu prefiro queijo e goiabada, que não dão samba, porque não têm patrocínio… E aqui, coitados, quem não tem padrinho, vira recheio de pão!

Bacci!!!

Beta

ps.: Seguidores da Xuxa, não fiquem irados comigo. Como podem perceber pela minha sinopse detalhada, cresci vendo a Rainha dos Baixinhos e respeito muito o trabalho dela (sou capaz de passar horas cantando a música dos cinco patinhos que foram passear além das montanhas na beira do mar… Mas confesso que tenho medo do filme Requebra).

* Fui conferir e misturei as datas. Em 2002, a Mangueira foi campeã com um enredo que falava do Nordeste. A Comissão de Frente sobre o Samba foi, como Renan bem disse nos comentários, em 1999. E quem quiser ver, eis o video no Youtube.

* Em especial para Sweet-Lemmon, é o de sempre, paixão a gente não explica, seja no futebol, no carnaval ou mesmo nos nossos livros. Fiquei muito irritado com o fato de parecer decidido antes de começar e que os jurados pareceram ver um desfile que ninguém mais viu (e olha que eu li comentário de gente que entende de verdade, não pitaqueiros ensandecidos como eu). Ou eles diminuíam a quantidade de “10” para a Beija-Flor ou subiam notas das concorrentes, porque a diferença, para quem viu, não era para ter sido tão grande.

8 Comentários

  1. Andrea Jaguaribe

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!!!!!

    Sensacional!!!!!!! Não sei nem por onde começar a comentar essa resenha simplesmente fantástica!!!

    Fantástica porque você disse exatamente tudo o que eu estava pensando.

    Detesto a transmissão da Globo. Aliás, detesto qualquer transmissão de carnaval. Prá que comentaristas e narradores, meu Deus? Prá falar besteiras a rodo? Prá testar nossa paciência? Prá fazer a gente pagar os pecados e sofrer, tentando se divertir um pouco e apreciar o espetáculo do conforto do sofá com aquelas mulas atrapalhando?

    Deviam colocar uns apresentadores mudos, isso sim! Mais digno foi o Hélio de La Peña, ironicamente debochado, deixando claro (pelo menos prá mim) que estava lá só pelo jabá, pela boca livre e pela oportunidade de zoar todo mundo, falando o que quer e pensa como se fosse sério do que aquelas gralhas fingindo que entendem de samba e totalmente sem noção, sem condições de comentar campeonato de autorama, que dirá carnaval!

    Deixem a gente apreciar o negócio quietos! Os comentaristas e narradores são dispensáveis, temos cérebro, não precisamos que gritem estridentemente em nossos ouvidos o óbvio ou até mesmo besteiras incomensuráveis…

    Já deixei de acompanhar apuração há muito tempo, sempre tive a certeza que esse negócio tem muita marmelada, goiabada e marrom glacê.

    A Beija flor deu um sono danado e tirando os beija flores batendo as asinhas (muito meigo!), o resto era de uma cafonice e de uma falta de sentido… Mas como o homenageado dá notícia de jornal…

    Elogio o desempenho das escolas da da Tijuca não por morar no bairro, pois nunca nem cheguei perto das quadras e não sei nem como são, mas sim porque a Unidos a Tijuca estava sensacionalmente criativa (amei o Indiana Jones, a comissão de frente com ilusionismo, os Transformers, a guarda imperial, enfim, tudo que vi e que foi extremamente bem feito) e o Salgueiro estava simplesmente sensacional, tirando o carnavalesco sem noção de proporção. Tenho a desconfiança de que se não fosse a lambança da (des)harmonia, ela seria a campeã. Mas como ser criativo neste mundo é pecado, viva a mediocridade!

    Quanto ao enredo da Xuxa, tem certeza de que você não vai encaminhar o currículo para a comissão de carnaval da Beija Flor ou pro Paulo Barros? Você bem que leva jeito. Vou sugerir o seu nome para consultoria técnica a um amigo que faz parte da harmonia da Estácio de Sá. É escola do grupo de acesso e quem sabe você com esse seu enredo sensacional não leva a escola de volta "prás cabeças" e pro grupo especial no próximo carnaval? É assim que se começa kkkkkkkkkkk!!!!

    Mande mais, mande mais!!!!!

    Beijos,

  2. Karol (Blog Miss Carbono)

    Assisto carnaval só pela tv e nem sou muito engajada, só torço pela escola que achei bonita =P

    Quando vi a quantidade absurda de 10 que a Beija flor estava ganhando, pensei na hora em jabá mesmo.
    Com patrocinio da Nestlé até eu néh?

    p.s.: Apesar de torcer pela Unidos da Tijuca quase pulei do sofá quando vi aquele jurado dar 9 (!) para a bateria da Mangueira. Esse cara não teve ter sentimentos mesmo: me arrepiei na hora da paradona o.O

  3. Álvaro Santana

    A transmissão dos desfiles das escolas de samba chegará perto da perfeição, quando forem aproveitados os recursos da tv digital e criados canais só com o áudio(e imagens, claro!) da passarela, sem os apresentadores.
    Cada desfilante tem o direito de ter gravado o desfile em que participou, (1:20 de duração) sem comentaristas atrapalhando.
    Mesmo porque a gravação no cd é diferente do samba apresentado na avenida.

  4. Álvaro Santana

    A Unidos da Tijuca deveria ganhar um

    prêmio 'a parte, pelo espetáculo que

    proporcionou.
    Beija-flor receberia outro prêmio:

    Especial Roberto Carlos.
    Nenhum jurado queria ser o Judas a tirar

    o prêmio do Rei. O povo gostou.
    Improvável as outras escolas errando

    tanto e a vencedora acertando tudo.
    A campeã seria a terceira colocada.

  5. Sweet-Lemmon

    Me desculpe mas não concordo inteiramente com o seu post. Não quero criar polêmica apenas dizer que não concordo com o que vc escreveu. Sou fã da Beija-Flor mas não acho que ela tenha sido a melhor (na minha opnião foi a União da Ilha) mas isso não quer dizer que não acho que foi injusto a BF ganhar.
    Mas uma coisa eu concordo: aquela Glenda é uma chata!
    Bjos!

  6. renanthesecond2

    Beta, duas coisas:
    Primeiro, você tem certeza de que que a comissão de frente da Mangueira com grandes nomes do Samba foi mesmo em 2002? Digo isso porque acho que foi em 1999, já que foi num Carnaval onde a escola não ficou entre as campeãs (lembro disso porque Dona Zica tinha a esperança de se encontrar com o rapaz fantasiado de Cartola no desfile de sábado mas esse encontro acabou sendo proporcionado pelo Fantástico.
    Quanto a fazer um desfile homenageando a Xuxa, a ideia é boa, mas só seria justa se tivesse alguma menção àquele que, em termos artísticos e de roteiro, provavelmente foi o seu melhor filme: "Amor, estranho amor". E se tem uma pessoa que mereceria desfilar num carro de seus ex-colegas de elenco no cinema é o cara que interpretou o menino que foi para a cama com ela: o cara está numa situação tão complicada em termos profissionais que já fez até filme pornô, e acho que ela deve isso a ele.

    Abraços, Renan

    P.S.: Hebe e Luciana Gimenez juntas num sofá só se fosse no meu pior pesadelo, ou então como num conto popular gaúcho chamado "As irmãs bitatas". E por mais horríveis que sejam os filmes dela, tem algo pior ainda: "Cinderela baiana", a obra-prima de Carla Perez.

  7. Barbara Santiago

    Beta!

    Eu não tive paciência pra ver o carnaval ou a apuração esse ano.
    Por isso não posso nem dizer se foi justo ou não… mas eu adorei o seu post!
    Acho que vou procurar no Youtube pra ver!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *