Ciao!!!
A coletiva do Ronaldo Fenômeno anunciando o adeus do futebol me deixou triste. Foram tantas homenagens nos noticiários que tive a sensação de que alguém – alguma coisa – tinha morrido. Quem acompanha o Literatura de Mulherzinha, sabe que eu adoro futebol, já trabalhei como Jornalista Esportiva (área que adoro), meu Mestrado é nesta área. E a jornada do Ronaldo serve como referência para a minha vida, porque fiquei me lembrando do que fazia e de onde estava ao ver as diferentes fases da carreira dele.
Em 1994, quando ele despontou no Cruzeiro, eu estava naquela confusão de “que farei da minha vida? Direito? Letras?” E foi mais ou menos nesta época, seguindo conselhos maternos, que optei pelo Jornalismo. E o “É TETRA! É TETRA! É TEEEEEEEEETRA! O BRASIL, VINTE E QUATRO ANOS DEPOIS, É TETRACAMPEÃO MUNDIAL!!!” foi comemorado com pulos eufóricos sobre a cama e depois esgoelando no terraço ^.^ E o sonho de um dia, ter a chance de contar uma história parecida com o mesmo final…
Em 1998, eu já estava na faculdade. E na Copa da França mantive a superstição (tenho um caminhão delas, mas isso é assunto para outro post) que tinha dado certo em 94 – só via o jogo na minha casa. Aquela semifinal contra a Holanda comprovou que não morro de ataque cardíaco (o Botafogo tinha testado antes, o que garante a qualidade da afirmação). Fiz promessa que se o Brasil ganhasse ficava sem tomar Nescau. O Brasil ganhou nos pênaltis (TAAAAFAREEEEEEEEEL!!! SAI, SAI, SAAAAAAAAAAAIIIIIII QUE É SUUUUUUUUUUUUUUUA, TAAAAFAREEEEEEEEEL!!! – não sei se tem no youtube os pênaltis com a narração do Galvão Bueno, se tiver, aconselho ver, é de arrepiar.) e eu tinha certeza de que o título já era nosso. Porque depois de um jogo como aquele não era possível perder. Mas não podia imaginar que, sim, era possível. E o mais inesquecível é que os meus amigos fizeram um revezamento nas casas alheias e a final foi aqui em casa e a gente preparou um banquete para o Maracanã – tinha de tudo aqui. Quando o jogo acabou, daquela forma decepcionante, a gente olhou um pra cara do outro “…E agora?” A sugestão: “tenho um CD com músicas dos anos 80…” E foi assim que a gente terminou a tarde, comendo, bebendo, dançando flashback e reclamando de Zidane…
Em 2002, eu já estava formada e no meu primeiro emprego, como Jornalista Esportiva e responsável pela cobertura da copa para uma rádio. Contei isso em uma crônica para o Jornal JF Hoje no ano passado. A partida contra a Turquia decidida no eixo JF-Saitama. Lá não saía gol. Cá, havia a necessidade de trocar de computador com a colega. “Mas se sair gol, eu não me mexo mais!” “Ok.” Dito e feito. Nem meio segundo após a troca, pescoços abruptamente virados pra telinha – Ronaldo Fenômeno Cascão. Gol. E ficamos nos novos lugares até o fim do jogo, convictas de que fomos fundamentais para colocar o Brasil na final! Vai contrariar?
E nunca foi tão bom trabalhar em um domingo! O nervosismo virou calma: como assim a luz acaba em bairros da zona leste na hora da decisão? Em uma das ligações do Marumbi ou Santa Paula, uma narração inusitada: Ronaldo deixando Kahn engatinhando atrás da bola, que já estava aninhada na rede. Gol transmitido pelo telefone. Alegria em ambos os lados da linha. Acredito que a luz tenha voltado a tempo do segundo gol de Ronaldo, o Rei de Yokohama. E quando a TV esgoelava o penta, a notícia era compartilhada no dial, com alegria. E uma insubordinação: nada de sair na unidade móvel antes de ver Cafu mandar o protocolo às favas, anunciar que era 100% Jardim Irene e que amava Regina ao levantar a Taça Fifa. Nossa de novo. Era muito bom dizer e sentir isso.
Breve passeio pelos bairros onde todos celebravam. É, eu sei, o feito da Família Scolari não resolveria os problemas de ninguém, mas mesmo assim todos se sentiam orgulhosos de encher a boca para dizer “Sou pentacampeão”. E para a garota que tinha nascido em ano de Copa do Mundo, em seu primeiro emprego, isso soou como destino.
O Ronaldo é culpado por um dos meus amores futebolísticos. Após a Copa de 2002, ele se transferiu a peso de ouro para o Real Madrid, que já tinha Zidane (sim, o próprio…). Eu vi o primeiro jogo dele pelos merengues. Ele estava no banco, entrou no segundo tempo, pegou a bola, disparou para a área e gol! Pronto, graças a ele, me tornei Madridista.
Agora, quando ele voltou ao Brasil, vi o primeiro jogo dele com a camisa do Corinthians pela Copa do Brasil. Não me lembro contra quem, mas algo me marcou: ele estava visivelmente mais pesado, mas quando pegou a bola, o zagueiro do time adversário – mais novo e mais leve – simplesmente deu três passos para trás e ficou esperando. O Ronaldo não era mais o mesmo da fase áurea, mas era isso que estava na mente do defensor, que poderia desarmá-lo, mas não fez isso.
Sim, eu fiquei triste porque o Ronaldo pendurou as chuteiras. Entendo que ele perdeu a luta para as dores e para o corpo – e superou as previsões que o “aposentaram” depois das duas contusões complicadas. Porque é mais uma prova – assim como foi o adeus de Maldini, outro de meus amores – de que o tempo realmente não para. Nem mesmo para os melhores.
Obrigada, RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRONALDINHOOOOO, NÚMERO NOVE!!!
Bacci!!!
Beta
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Sou e sempre serei Ronaldo, eterno 9! Bjs.