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Cap. 1357 – Proibida de amar – Lilian Peake

Ciao!!!


Tem
alguma coisa errada com este livro. Ou comigo. Eu me recuso a considerar o que
a autora tentou me convencer nas páginas finais. Há limites para milagres e
magias. E este livro não tem nem um nem outro.
Mas este
texto tem spoilers porque estou irritada e não consigo desabafar sem os
detalhes irritantes!
Proibida de amar – Lilian Peake –
Sabrina 292
(Passionate
Intruder – 1982 – Mills & Boon)
Personagens:
Sharon Mason e Richard Montgomery
Sharon
embarcou para uma viagem para uma ilha afastada na Escócia em busca de
isolamento, paz e sossego – tudo que estava faltando na vida dela. No entanto,
a presença de uma equipe de filmagem no local e o fato de ter que dividir o
chalé emprestado por um amigo da família com um homem grosseiro. Richard tinha
certeza de que Sharon era culpada da morte do noivo e não estava disposto a
deixá-la impune.
Comentários:
– Se
você gosta do estilo ogro machista encontra mocinha sofredora e a faz comer o
pão que ele amassou pessoalmente, é livro pra você. Não é para mim. Me enganei com
a sinopse achando que seria mais light,
mas a trama parte para a overdose das atitudes canalhas, violentas e
humilhantes. Tudo sempre temperado com a mentalidade de que a mulher causou
aquilo, mas que o amor será a chave para a verdade que a libertará.

Oi? Oi? Oi? Oie! Para tudo. Vamos com calma. Muita calma. Primeiro vamos dar
graças a Deus que se atualmente a sociedade ainda não é um primor de justiça e
igualdade, mas pelo menos melhorou alguma coisa em relação ao padrão descrito
neste livro. Por exemplo, estamos mais cientes de que qualquer coisa vagamente
parecida com o que Richard faz ao longo da trama está loooonge de ser amor; varia
entre o abusivo e a violência, portanto, deveria ser denunciado às autoridades
competentes. O livro vende a ideia de que era a jornada de sofrimento rumo ao
amor e à redenção de uma heroína abnegada que errou duas vezes ao se comprometer
com homens egoístas e que nem hesitavam em usá-la conforme a conveniência deles.
– O
problema todo começou quando a inocente Sharon aceitou ser a noiva de Barry
Irwin, o famoso campeão inglês olímpico de iatismo, que era aparentemente
perfeito e impecável, mas tinha pés de barro e um caráter duvidoso com relação
à noiva. Ele morreu em um acidente quando naufragava durante uma tempestade e a
imprensa divulgou que a noiva estava com ele, gritou que queria ser salva
primeiro e a prioridade fez com que o herói nacional morresse. 



– Nem precisa ser
muito inteligente para saber que não era Sharon que estava no barco. Só que a imprensa inglesa – que deve ter os maior número de jornalistas com a mente em espaços nunca antes visitados pelo ser
humano durante a aula de apuração
– deduziu que era a noiva e publicaram as
matérias a acusando pela morte dele. Daí para várias outras no país se acharem
no direito de ligarem e mandarem cartas ameaçadoras e obscenas para a casa dela
foi um pulo (o livro é de 1982, porque hoje em dia seria cyberperseguição). O resultado
foi o esgotamento nervoso nela e nos pais e a alternativa foi sair de Londres
em busca de refúgio. E assim, ela foi parar na Escócia.

– É
neste ponto que o livro começa, com Sharon achando que vai ter sossego e
isolamento e encontrando uma equipe de filmagem de cinema e se desentendendo de
cara com o roteirista que era nada mais nada menos que o famoso escritor
Richard Montgomery. Neste relacionamento de farpas e faíscas, surge “desejo” entre eles. O homem não perde uma chance de maltratá-la, seja com palavras ou
mesmo com atos. Para completar, ainda tem outro a assediá-la, o que torna ainda
pior as reações de Richard que a julga uma provocadora que brinca com os
sentimentos dos homens. Óbvio que ele a reconheceu como a noiva apontada pela
imprensa como a responsável pela morte de Barry Irvin e quis fazer justiça. (Oi?) Por
isso, a pediu em casamento dizendo que a protegeria do escândalo que paralisou
temporariamente as filmagens na Escócia.

– Ela
recusa, mas ao ser retratada na mídia como pivô de outro escândalo, acaba
cedendo. Pensou que o sofrimento acabou? Que nada. Como marido, Richard é
vergonhoso. Esfrega na cara de Sharon que tem um relacionamento muito próximo
com a estrela do filme, Lucille; permite que Lucille não perca uma chance de
mostrar a Sharon que ela está sobrando. Afinal de contas, Richard deixa claro
que sabe que ela tem um segredo e fica irritado porque ela não conta. Sharon se
cansou de pedir a ele que acreditasse na inocência dela, mesmo sem que ela
possa revelar a razão por causa de uma promessa.
– A
essa altura eu já tinha perdido a conta de quantas vezes quis arremessar o
livro pela janela, mas já que tinha embarcado nesta cilada, agora ia até o fim.
Na reta final, temos um marido se impondo pela violência contra a noiva não só
uma, mas duas vezes. Ela correndo atrás dele no retorno das filmagens e sendo
humilhada publicamente. Sofrendo a segunda tentativa de estupro, sendo salva
pelo marido para ser xingada por ele… Todo o suplício de Sharon (e nosso, por
tabela) dura 113 páginas e ¾ da página 114.
– A
partir disso, a autora tenta me convencer do fundo do coração dela de que
Richard tinha razão em agir daquele jeito porque era um homem desesperadamente
apaixonado e queria descobrir o segredo que Sharon guardava. Tudo que ele fez
foi justificado por um amor tão grande! Mas ele se sentia desesperado por não
poder esclarecer tudo – ou seja, o suposto papel de Sharon na morte de Barry. Já
que a imprensa sensacionalista é que tem razão sempre no que fala sobre tudo e
todos, vou fazer a criatura sofrer de todas as formas por existir! Quer maior
prova de amor que isso?

– Sério, nunca acreditem que isso aí que contei (que é a versão condensada de 119 páginas de tortura) é amor ou romance. Porque não é. É abuso. É violência psicológica, física e moral. É procurar a Delegacia mais próxima, se possível, a Especializada em atender violência contra a Mulher e denunciar. É cadeia pra Richard. E festival de processos contra os jornais que a difamaram. 


A redenção de Sharon terminaria com alguém que a amasse de verdade, sem querer brincar de júri, promotor, juiz, executor e carcereiro a partir de supostas informações que nem lhe competiam. 


– Agora ele entra pra conta
de “mais um que li pelo bem do Literatura de Mulherzinha e pela conscientização
de que amor e violência não convivem jamais” e vou procurar algo realmente
divertido e encantador para ler!

– Links:
Goodreads livro e autora;
Fiction DB;
Skoob.
Bacci!!!

Beta

2 Comentários

  1. Luna

    Olá, Beta!

    Resenha com spoiler?! Sabendo o quanto você detesta spoilers consigo ter uma ideia do quanto esta história mexeu com suas emoções e te enfureceu!rs Adoro quando você faz resenhas assim!kkkkkk…

    Estou numa correria só, por isso tenho estado desaparecida do blog. Não esqueci do Literatura de Mulherzinha não, mas estas últimas semanas foram bem agitadas.

    Também estou cansada de livrinhos assim! E têm autoras que mesmo no século XXI ainda querem nos "vender" essas histórias. Direito delas, claro. E meu direito não lê-las. O pior é quando lemos essas coisas nos livros de escritoras que amamos, que nos são queridas.

    Não vou dizer que nunca li nenhum livro em que o suposto mocinho maltrata de diversas formas a mocinha e acabei amando o livro. Já aconteceu. Várias vezes. Whitney, Meu Amor é um exemplo. Embora eu tenha xingado o Clayton de tudo que foi nome que me recordei e quase não o tenha perdoado. A questão é que ele se arrepende. Não acredita que agiu certo e sofre muito ao longo da história. E jamais, jamais mesmo, esquece o que fez contra a Whitney. E o livro é do século XIX, quando as coisas não eram flores e bombons. Eu perdoei o Clayton, mas nunca esqueci o que ele fez. Ainda fico furiosa quando penso nisso.

    Mas odiei muitas histórias por maus-tratos assim, por terem violências praticadas pelos mocinhos. Exemplos? Rede de Sedução – Penny Jordan, Amor e Vingança – Sophia Johnson, O Amor do Pirata – Johanna Lindsey (nesse aqui tem estupro do começo ao fim. Não pude evitar o spoiler! Acho que é um livro que a pessoa deve ser alertada da quantidade de violência que vai encontrar), entre muitos outros.

    Vou passar bem longe de "Proibida de Amar".

    Bjs!

  2. Beatriz

    Céus esse Richard é surtado gente, tratamento psiquiátrico nesse homem, transtorno bipolar com certeza, uma hora era um doce com a Sharon, no instante seguinte tremendamente agressivo, por pouco ela não apanhava dele, mas levou dois empurrões dele que caiu no chão. Não vale uma segunda leitura!

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