Ciao!!!
Este não é um post fofinho. Dizia a minha professora de História, Tida, que as causas da decadência das grandes civilizações começam a pipocar quando ela está no auge, até sufocar e destruí-la. Vocês provavelmente leram e ouviram muita coisa sobre o fracasso da Espanha na Copa. Tentem filtrar todos os comentários embebidos na empáfia brasileira que não admite que outro time possa ser/estar à altura. Juro que tentarei ser sintética. Considerem este post mais que as palavras de uma fã, mas o resumo da jornalista esportiva que está há 12 anos (sim, desde a Copa de 2002) acompanhando as agruras e desagruras do patinho feio que jogava como nunca e perdia como sempre, subiu aos céus e ardeu na chamas que criou (como esta matéria do Lance! cita algumas coisas).
Enfim, em 2002, a Espanha foi eliminada contra a Coreia do Sul em um jogo marcado pelos erros de arbitragem. Em 2006, uma promissora geração, que tinha ido bem na 1ª fase, morreu nas 8ª de final contra a França (que seria a vice-campeã). Essa derrota foi o início da sequência vitoriosa da equipe, marcada pelas trocas de jogadores e, principalmente, pela Euro 2008. O mundo viu La Roja (eles abriram mão do apelido Fúria, que se referia à época de derrotas) dominar os adversários ao não permitir que tocassem na bola, uma influência de como o Barcelona arrasava os adversários. Desta forma, com o controle do jogo, tocando indefinidamente, eles criavam as melhores chances – na Euro, com um ataque afiado e mortal – e marcavam gols.
Pois bem, na Copa de 2010, uma derrota na estreia criou dúvidas, mas a equipe foi sofrendo e vencendo, sempre na conta do chã (1 x 0). Se o toque de bola e controle do jogo estavam lá, o fato do estilo ser mais conhecido e o ataque não era mais tão mortal. A toada permaneceu a mesma na Euro 2012, com exceção na final contra a Itália que foi um massacre 4-0 (Bonucci chorou tanto neste dia que foi de dar dó).
Aí temos uma pausa – a chegada de José Mourinho no Real Madrid e o estilo polêmico, briguento, egocêntrico (bla bla bla) causaram mais do que a guerra contra o Barcelona. Em vários Clásicos (em espanhol não existe “ss”) da era Mourinho, jogadores trocaram ofensas, agressões e só não virou UFC por um triz (como o episódio em que Piqué caçou briga com os rivais esquentados no corredor do Bernabéu ou o festival de bordoadas a torto e direito em campo). Para não respingar tanto na seleção, os “bombeiros” e amigos desde a categoria de base Casillas e Xavi Hernandez agiram (e até ganharam um prêmio Príncipe de Astúrias por isso).
Só que influenciou. À medida que Mourinho perdia poder no Real Madrid (o auge foi quando ele barrou o Casillas), os jogadores mais próximos dele eram isolados no clube e na seleção. Os jornais da Catalunha pintavam a pior imagem possível de Xabi Alonso, Álvaro Arbeloa e do Pepe. Com o tempo (e o fato de até o Pepe ter brigado com o Mourinho), apenas os dois primeiros viraram capetas em forma de jogador do Real Madrid. Ao mesmo tempo, o Barcelona já não era tão letal quanto antes – times da Alemanha (especialmente Bayern e Borussia Dortmund) além do rival de Madri dividiam o holofote.
E na época da Copa das Confederações, em 2013, as notícias de especulações/bastidores/fofocas davam conta de que Arbeloa, o único dos odiados presente no grupo (com uma pubalgia, Xabi Alonso não veio, preferiu ser operado e ficar de repouso), estava isolado no grupo, que ninguém conversava com ele, que ele não era bem-vindo na equipe. Sim, comportamento digno de jardim de infância mimado e malcriado. As mesmas especulações/bastidores/fofocas diziam que a ala catalã (ou talvez apenas Xavi Hernandez) esperava usar a competição para provar que nem Arbeloa e nem Alonso eram necessários na equipe. Então veio o Brasil e arrebentou com os planos, ao escancarar as falhas no sistema espanhol: tire o controle do jogo deles e a defesa fica exposta. O que parecia segurança, se desmanchou como farofa. Nas redes sociais, muitos disseram que faltou marcação. Faltou quem não foi.
Então neste ano, na lista final para a Copa, tinha Xabi Alonso, mas não tinha Arbeloa, cortado da equipe pelo seu “mau temperamento” (não, ele não é nenhum gênio do futebol, é aquele jogador – segundo os especialistas, limitado, que o técnico põe no lugar e diz: “fique aqui e não deixa ninguém passar”). Aí veio o passeio/lavada/sapeca iaiá/balaiada como queiram definir contra a Holanda. Completando, veio a pá de cal contra o Chile. E voltou a caça às bruxas. Preciso dizer quem estava sendo crucificado? Xabi Alonso ganhou as manchetes pela responsabilidade nos lances que criaram os gols do Chile e por ser o único que disse o que todos viram: não era La Roja, nem a Fúria. Era um time apático em campo, sem vontade de viver e de lutar. Sem fome. Diante da repercussão (não muito diferente de algo dito antes pelo próprio técnico) outros jogadores rebateram e ele teve que se explicar.
Moral da história: a Espanha morreu afogada no próprio ego, com uma equipe, no mínimo, rachada e convocação que não resolveu os problemas que surgiram. Quando precisou virar o jogo, injetar ânimo do banco, Del Bosque recorreu ao Pedro e ao Judas! Pedro? O cara corre como um desesperado e uma vez a cada 1000 anos sabe o que fazer com a bola. Judas [Fernando Torres] desaprendeu a marcar, pergunte aos torcedores do Chelsea. Poderia ter sido a hora de Negredo, que fez boa temporada com o Manchester City. Até o Fernando Llorente poderia representar algo diferente. O estilo do Diego Costa precisa de mais tempo junto ao grupo para criar liga. Somado a um grupo que chegou desgastado – pelo poder de anos anteriores perdido (alguns jogadores do Barcelona sentiram isso) ou pela exigência da temporada (jogadores de Real e Atlético de Madrid foram até o final da Liga dos Campeões). O time morreu na lambada que levou da Holanda e não ressuscitou contra o Chile (para efeito de comparação, o Uruguai mostrou contra a Inglaterra como que age um time com a corda no pescoço que quer sobreviver na competição). O pobre do Iniesta não tinha com quem jogar. Deu um misto de desespero e de tristeza de ver. Pelo menos, quem como eu, acompanha há mais tempo que a turma que vem na onda de amistosos e de bla bla bla. Hoje contra a Austrália mostrou um pouco do que poderia ter sido, mas não será mais. “Feito canção, qualquer coisa assim, que tem seu começo, seu meio e seu fim”.
“Vencemos todos. Morremos todos”, diziam antes desta Copa.
Adiós, España. Aguardo o novo capítulo. Espero por mais futebol e menos criancice.
Bacci!!!
Beta
Zeus, tudo muito triste ! Eu não acompanho. Eu não assisto. Sequer tenho interesse por futebol, mesmo que seja em copa mundial, portanto tenho ficado surpresa comigo mesma por estar torcendo para algumas preferências de cisma pessoal nesta copa mundial – talvez por influência de minha anfitriã, que nunca cessa de falar sobre futebol pelo ano afora (sem recriminação). Então lamentei essa saída espanhola …
Zeus, tudo muito triste, pois eu tinha simpatizado muito com aquela seleção espanhola desde que eles venceram aquela seleção holandesa naquela copa mundial passada, que havia vencido aquela seleção brasileira. Uma peninha mesmo que eles não tenham feito seu melhor verdadeiro desta vez, o que mesmo eu, não-fã de futebol, tinha percebido em cada um de seus jogos assistidos desta vez por mim. Tudo muito triste mesmo …