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Cap. 377 – Conquistando o Inimigo: Nelson Mandela e o jogo que uniu a África do Sul (Invictus) – John Carlin

                       Capa original                                                                  Cartaz do filme, que é a capa da versão que ganhei

Eu já conhecia o trabalho de John Carlin (ele escreveu o livro Anjos Brancos sobre a fase galáctica do Real Madrid) e fiquei realmente interessada quando ouvi falar no filme Invictus (critica do Omelete, do Cinema em Cena e do Scream & Yell) na época do Oscar (por ser fã do Morgan Freeman e do Matt Damon). 

Claro que eu teria que ler o livro, né? E foi o primeiro dos presentes de aniversário que li neste ano.

Conquistando o Inimigo: Nelson Mandela e o jogo que uniu a África do Sul (Invictus) – John Carlin – Editora Sextante
(Playing the Enemy – 2008)
Personagens: Nelson Mandela, jogadores do Springboks e história da África do Sul

O livro faz uma narrativa dos bastidores da transição do sistema do apartheid para a democracia na África do Sul. O ponto de vista é a trajetória e o papel desempenhado por Nelson Mandela, de preso político a primeiro presidente negro do país. O livro disseca como ele preparou, na prisão, uma estratégia para se aproximar dos “inimigos” e convencê-los de que a única alternativa para o país era uma transição pacífica, que conseguisse fazer com que negros e brancos convivessem no país e se sentissem sul-africanos. Para isso, após chegar na presidência, Mandela usou o esporte-símbolo dos africâneres para promover a união: o rugby. E colocou o futuro político do país em jogo também na Copa do Mundo de 1995, onde a vitória no campo era muito maior que a necessidade de ganhar a taça.

Comentários:

– No dia 11 de julho de 2010, eu corri para o trabalho (sim, tenho plantões aos domingos) e cheguei a tempo de ver o fim do show de encerramento da Copa do Mundo. Na verdade, vi algo que o mundo inteiro esperava: a aparição de Nelson Mandela para saudar o público que acompanharia in loco a final entre Holanda x Espanha. E se a quilômetros e um oceano de distância, eu fiquei emocionada, imagina quem estava lá. 

– Pois bem, há 20 anos, Mandela saía da prisão, após “encantar” seus “inimigos” e convencê-los de que o mundo estava mudando e, neste novo contexto, a segregação racial não cabia mais. Do lado de fora, continuou o trabalho em parceria com o governo de Frederik de Klerk para suspender o apartheid e promover as primeiras eleições multirraciais. Eleito presidente, teve que lidar com o descontentamento de radicais, com o medo dos brancos e uma vingança e com a expectativa dos negros para a mudança.

– Para unir todos, usou o time de rugby, esporte branco e africâner por excelência (os brancos de origem inglesa enfrentavam dificuldades para jogar em times brancos de origem holandesa e os negros jogavam futebol). Os africâneres amavam o jogo com o fervor da devoção religiosa (no livro, há a comparação que seria semelhante à paixão dos brasileiros por futebol) e, enquanto o sistema do apartheid vigorou, o time foi excluído ou mal recebido em competições internacionais, o que era um motivo de tristeza para eles. 

– Após a vitória de Mandela para a presidência, ele conseguiu que o país sediasse a Copa do Mundo de Rugby em 1995 e iniciou a propaganda política para que o país se unisse em torno dos rapazes. O que aconteceu parece mágica ou filme de Hollywood e o mais incrível é que foi verdade. O país continuou a ter problemas – semelhantes aos de outras nações, mas o esporte permitiu que brancos e negros torcessem e comemorassem juntos.

– John Carlin foi um privilegiado. Trabalhou na África do Sul nesta época e acompanhou o impacto que a Copa do Mundo de Rugby teve no contexto político – transformando o slogan “um time, um país” em algo real. 

– A descrição que ele faz de Mandela é interessante: um homem inteligente, charmoso, capaz de encantar e deixar quem o visse embasbacado, que “não era um santo, era um homem” e teve o mérito de planejar uma transição pacífica em um contexto que beirava o campo minado: qualquer erro, atitude impensada, levaria a uma guerra civil, onde não haveria vencedores. 
– Para os fanáticos por esporte e quem gosta de estudar o impacto do esporte na sociedade, o livro é um prato cheio (mesmo eu não entendendo patavina de rugby). E assim que possível quero ver o filme – torcendo para que tenha extras que mostrem as imagens reais…

– Duas coisas: terminei de ler este livro ontem, no dia da Consciência Negra, o que só reforça como o mundo está evoluindo, graças a Deus. Ainda é pouco, temos muito a fazer para evitar que absurdos como o apartheid voltem a acontecer em qualquer lugar do mundo – além de combater o racismo presente no dia a dia. 

– Ah, antes do jogo entre Real Madrid x Athletic de Bilbao, estava passando na ESPN o VT de uma partida de rugby entre Escócia x África do Sul (os escoceses ganharam por 21 a 17) e foi legal ver o jogo depois de ter lido o livro e entendido a importância do rugby além do estádio.

Arrivederci!!!

Beta

2 Comentários

  1. Natália Alexandre

    Conquistando o inimigo foi um dos melhores livros que li esse ano.

    Fui ver o filme ansiosa, e confesso que o filme foi decepcionante. O Freeman parecia esquisito no papel de Mandela.

    Mas um amigo que morou muitos anos nos USA e ouviu Mandela discursar, me disse que Freeman fez um Mandela perfeito. Que o jeito de Mandela é aquele mesmo.

    🙂

    Bjs,

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