Ciao!!!
Finalmente, o Sr. Grey chegou aqui em casa – emprestado pela Andrea (OBRIGADA!!!). Depois de ouvir tanto a respeito, era a vez de ter minha opinião sobre um dos livros mais vendidos no Brasil (e destaque na Bienal de São Paulo). Já vou avisando pra não iludir ninguém: não morri de amores e ainda estou tentando entender tanto oba-oba por causa da uma história que me deu sono (figurativa e literalmente falando!).
Cinquenta Tons de Cinza – E. L. James – Intrínseca
(Fifty Shades of Grey – 2011)
Personagens: Anastasia Steele e Christian Grey
Ana se comprometeu a substituir a amiga Katy numa entrevista para o jornal da faculdade com um dos homens mais ricos e reclusos de Seattle. O primeiro encontro superou todas as expectativas, porque um não era o que o outro esperava. Entre trapalhadas, mancadas, a inocente e pura Anastasia atrai e fica atraída pelo poderoso, magnético e sensual Sr. Grey. No entanto, isso não será uma simples história de amor, porque ele a guiará em experiêncas que ela jamais imaginou…
Comentários:
– O livro começa com a entrevista vergonha alheia, de causar calafrios em pessoas como eu – que preparam e fazem pautas e entrevistas constantemente. E para não ser injusta com a tímida, recatada, mordedora de lábios, senhorita uaus!, virgem e pura Anastasia Steele, passei esta mesma experiência com a nada tímida, pura, mas absolutamente insana Bridget Jones quando ela entrevista Colin Firth em Bridget Jones no limite da (minha paciência) razão. Tanto lá como cá a angústia desta pobre alma jornalística que aqui escreve foi tão grande que achei que largaria o livro para não retomar nunca mais. Mas sou brasileira, escorpiana e blogueira, ou seja, tenho que estar pronta para estas coisas.
– Ok, os protagonistas se conheceram na entrevista-vexame. Aí temos um trecho de idas e vindas, onde Sr. Grey (afinal de contas só parentes e amigos são autorizados a chamá-lo pelo nome) se aproxima e também repele a confusa Anastasia – sou perigoso para você, mas você me atrai; você não devia ficar comigo, mas eu te quero. Uma lenga-lenga danada porque o jeito de escrever não ajuda, a narração em primeira pessoa (que não costuma me incomodar) não cativa. Afinal de contas, a narradora só arfa, fica vermelha, fala o que não deve, pensa bobagem DEMAIS (Deus, que um dia o mundo literário se conscientize de que virgindade e inocência não são sinônimos para burrice ou lerdeza mental. Oremos.). Alguns capítulos assim e lá estava eu, 50 Tons de ZZZZzzzzzzZZZZZzzzz…
– Então, finalmente, Ana conhece o grande segredo do Sr. Grey, fica chocada, intimidada, atraída, com medo, enfim, tudojuntojá e decide arriscar. E eis o que fuzila a história: o ponto de vista da atarantada protagonista que se divide entre seguir os conselhos do inconsciente prolixo e da deusa interior onipresente e irritante. (Sério, não demorou muito para qualquer menção à referida metáfora me levar a pular a linha ou o parágrafo). A gente vê a história através dos olhos de Anastasia e, por isso, nada faz sentido: como que uma mulher patinho feio pode ser vista como linda, inteligente, irresistível pelo protagonista inatingível da vez, sendo que ela mesma dá provas do contrário o tempo todo (minha suspeita é que o Sr. Grey fugiria correndo se ouvisse a mente dela e os pitacos da participativa deusa interior).
* Pausa para mais uma ressalva necessária. este é um problema que me irrita em vários livros chicklit: homens 100% perfeitos para umas mulheres insanas e sem graça (ao fim da história, o leitor tem certeza de que apenas a total e absoluta privação de sentidos dele justifica o “amor”). Ou seja, não é exclusividade de 50 Tons, veio no DNA que ele admite e que não admite.
– E o Sr. Grey? Depois de todo o oba-oba em torno do homem, eu imaginava uma mistura de Roarke com Senhores do Mundo Subterrâneo (50 Tons me fez lembrar várias vezes do Maddox e do Reyes), ou seja, aquele homem que te transforma em geleia e você adora, porque ele é poderoso, forte (sem ser brucutu), macho, tudo sem esforço. Ok, por tudo que li e ouvi dizer a respeito, entendi que seria protagonista torturado e sombrio que, ao longo da trilogia, teria uma jornada rumo à luz (nem que seja a luz que melhor se adeque a ele). O problema é que a gente só tem lapsos do Sr. Grey nas trocas de e-mails (que, junto com as cenas de sexo, são as partes interessantes do livro). Porque, em todo o restante, temos o filtro irritante da narradora-protagonista (que deveria ser uma pessoa com a qual a gente se identifique, mas não dá. Ela não é o tipo confusa-charmosa, é confusa-irritante). Aí ferrou. Anastasia consegue reduzir o Sr. Grey, homem poderoso, soturno, melancólico, traumatizado, carinhoso, ciumento ao Dominador-Trufa: quebre a casca e se lambuze com o merengue, mas não se surpreenda se o doce tiver rompantes amargos. O olhar dela para o BDSM não é o “uma opção de vida diferente da maioria”, é “ele é um homem doente. Se eu descobrir a causa, conseguirei curá-lo e seremos felizes para sempre” (porque é isso que separa o Sr. Grey do cavalheiro romântico, ideal dos sonhos, suspiros e arquejos das donzelas. As chibatadas não entram neste contexto da perfeição cantada em verso e prosa pela sociedade). Sendo que o círculo vicioso “proposta indecente” – quero fazer – não gosta – crise existencial – “nova proposta indecente” bla bla bla cansa muito… Ela mesma diz, em determinado momento, que não precisa disso, só faz por ele. E faz mal feito – ela não curte a perspectiva de jeito nenhum, o que acaba com o prazer dele (e com o de quem está lendo). Aí já era, que relação se sustenta assim?
– Moral da história: Eu já li e você já leu isso antes. E diante da repercussão que conseguiu, não ficarei surpresa se os livros eróticos e de BDSM empurrarem das bancadas a onda sobrenatural – isso se daqui a pouco não aparecer “Mr. Darcy, o dominador”; “A submissa do Crepúsculo”; “Contos Secretos de Harry Potter – versão proibida para trouxas menores de idade”. A vantagem é que algo bom vai aparecer nessa maré (que já começou), por isso, melhor ficar atenta se para garimpar o que realmente vale a pena. Porque chamar este livro de “pornô para mamães” soa como piada para o pornô e ofensa para a inteligência das mamães.
Para lembrar: é o volume 1 da trilogia que será lançada até o fim do ano:
1. Fifty Shades of Grey – Cinquenta tons de cinza.
2. Fifty Shades Darker – Cinquenta tons mais escuros
3. Fifty Shades Freed – Cinquenta tons de liberdade.
E sim, devo ler o restante da série. Torcendo pra mudar a narração ou o Sr. Grey apresentar uma bondagem mental para a Srta. Steele (para a minha alegria). Porque até onde sei, o BDSM era entre os personagens, a tortura na busca pelo prazer não era extensiva aos leitores. Se foi, falhou no meu caso.
– Linkitos: há posts sobre o livro no Romances in Pink; no Livrólogos; Uma conversa sobre livros; no Meninas Maldosas, no site da autora, em um portal nacional e no site feito pela editora. Além disso, uma entrevista com a autora publicada pela Veja. Ainda saíram matérias sobre ele na Nova (leia aqui), no Globo (grupo pretende queimar os livros O.O *sou contra queimar livros. Prefiro analisar e discutir sobre eles*)
Bacci!!!
Beta
ps.: Taylor, o onipresente motorista-faz tudo do Sr. Grey me lembrou o Sr. Smith, o faz-tudo dos meus sonhos, criado pela Diana Palmer.
ps.: É uma total e absoluta frescura minha, mas CAPICHE é o caralho, é CAPISCE, porra! Não assassinem a linda língua italiana na minha frente e esperem que eu assista de boca fechada e batendo palminha. Ainda mais porque foi em um pedaço de cena na página 35 onde a personagem em questão (Katy) quis se impor sobre o fotógrafo José Rodriguez e só serviu para me provar que a tapada (mais uma na história!) é ela. Se o erro foi proposital da autora, alcançou o objetivo (embora a palavra deveria vir entre aspas, já que o itálico é usado indiscriminadamente ao longo do texto). Agora, se não foi e passou pela tradução, socorro!
"- Moral da história: Eu já li e você já leu isso antes. E diante da repercussão que conseguiu, não ficarei surpresa se os livros eróticos e de BDSM empurrarem das bancadas a onda sobrenatural – isso se daqui a pouco não aparecer “Mr. Darcy, o dominador”; “A submissa do Crepúsculo”; “Contos Secretos de Harry Potter – versão proibida para trouxas menores de idade”. A vantagem é que algo bom vai aparecer nessa maré (que já começou), por isso, melhor ficar atenta se para garimpar o que realmente vale a pena. Porque chamar este livro de “pornô para mamães” soa como piada para o pornô e ofensa para a inteligência das mamães."
Beta, não sei dos sobrenaturais e Harry Potters da vida, mas nos EUA já estão lançando Orgulho e Preconceito e outros clássicos versão 50 Tons. Honestamente, não li os livros, mas os trechos que vi me mostraram que a) é mal-escrito e b) chamar esses livros que pornô para mamães é preconceituoso. Desde quando mamães tem a obrigação de ser assexuadas? Ah, vão pra PQP!
Outra coisa: não sei se você sabe (!), mas 50 Tons começou como fanfic de Crepúsculo. Não sei como, porque Bella e Edward são assexuados. O_O
Ah, se você quer ler um erótico bacana, tenta a trilogia Crossfire da Sylvia Day: o nome do primeiro é Toda Sua, e honestamente, fiquei babando pelo Gideon – sem contar que SD é ótima.
Oi, gente!
Já fiz um comentário mega gigante no blog da Tonks baseado nas conversas que tive com a Beta e não vou me repetir aqui prá não ficar chateando vocês.
Minha opinião é a mesma que a da Beta: não entendi esse furor todo. Prá mim, é muito barulho por nada!
Como já disse prá Beta, a tal da Ana é pateta demais prá minha cabeça e o Sr. Grey promete, promete, promete e… não deslancha nunca! Deve ser o ano eleitoral…
Mas a Beta matou a charada: o problemaço do livro é que a narração é feita pela patetona da mocinha. Isso se comprova porque a parte mais legal do livro é a dos e-mails onde ELE se coloca e não é feito nenhum filtro por ela.
Bem, como também já disse em outros fóruns, o grande ganho com esse livro é que a mulherada está tirando a sexualidade do armário e não precisa fazer isso escondido nem sofrer preconceito, como sofremos todas nós que gostamos de romances de banca e livros com um conteúdo mais adulto.
Por fim, além de parabenizar mais uma vez a Beta pela resenha sensacional – adorei em especial a denominação dominador trufa, foi perfeita! kkkkk – quero parabenizar à Lidy pelo comentário: por que raios alguém acha que depois que as mulheres se tornam mães ficam assexuadas? Isso é conceito de quem vê o sexo apenas para fins reprodutivos. Essas pessoas estão décadas atrasadas, prá não dizer pelo menos um século!
Mamães são mulheres, que tem vida, parceiros,necessidades, desejos, como qualquer outra mulher. Casar e ter filhos não torna ninguém celibatário nem reprimido sexualmente.O desejo não acaba! E faço minhas as palavras da Lidy: "Ah, vão pra PQP!" E tenho dito!
Beijos!
PS.: depois dessa fiquei com medo de cair em furada e resolvi não comprar os genéricos que surgiriam depois. Mas uma colega do Grupo Projeto Revisoras do Facebook teve a gentileza de me mandar o livro no formato "proibidão" e dei uma xeretada. Parece que a coisa melhora, por isso resolvi comprar o livro (gosto mais de ler em papel). Ainda não li todo, mas pelo pouco que vi, dá até um certo alívio. Mas como ainda estou bem no início não sei se levarei uma rasteira mais à frente, mas promete!
Ah, o livro do PS é o Toda Sua! kkkkk
Olá meninas!
Eu li varios comentarios… e fikei com a pulga atras da orelha.
No entanto, ao ler a mega resenha da Beta, o comentário sem censura da Lidy e a cravada final de Andrea Jaguaribe… eu decidi que vou passar bem longe dessa *BOMBA*!
bjos
Mara
Mara, amiga!
Leia nem que seja prá pichar com propriedade! kkkkk Eu vou ler os restantes, pois quero ver como essa pendenga acaba. Mas haja paciência prá aturar essa moça mordendo o lábio e tendo papos cabeça com a Deusa Interior! kkkkk
Tô com pena do Sr. Grey! kkkkk
Bjs!
Oh, perdão a todas, mas eu desatei a rir com aquela história de "pornô para mamães" !!! ^^ Que absurdo foi esse ?! (hihihi …) Tadinhas ! Oh, como se mamães precisassem de um pornô especial. Elas não são exceção alguma ! Ok: eu não lerei nadinha de nada !!!
só digo uma coisa: ALELUIA uma resenha coesa. fim.
Citação:
"Uma lenga-lenga danada porque o jeito de escrever não ajuda, a narração em primeira pessoa (que não costuma me incomodar) não cativa. Afinal de contas, a narradora só arfa, fica vermelha, fala o que não deve, pensa bobagem DEMAIS."
Não consegui ler por isso mesmo, fica a sensação de ter melhores exemplares no estilo por aí que já li. Não entendo o furor, só se foi o primeiro livro hot que a galera que gosta de YA leu, pois há vários elementos jovem adulto lá. Seria um rito de passagem?
bjokas
Oi, Beta.
Adorei sua opinião e você conseguiu animar o meu domingo.
Ainda não li este livro, porque estou com receio devido às opiniões divergentes. Mesmo assim, tenho curiosidade e conferir.
Como tenho a mesma opinião da maioria sei que vou me estressar ao máximo.
Beijos.
Eu fui ler sabendo que era ruim. Aí eu desliguei a expectativa, ri muito com os absurdos, achei o romance o mais comum dos clichês e tô esperando até agora o BDSM dele. huahauhauhauha
Adorei a resenha!
Eu comecei, emperrei, tentei de novo e emperrei de novo e NÃO quero voltar a ler 50 tons. Comprei 'belo desastre' para tentar um livro 'hot' dessa nova leva.
Amei a sua resenha, senti a sua sinceridade e concordo muito com o que você disse.
Todo esse furor em transformar obras conhecidas em algo hot, já está me cansando.
Beijos
Fernanda Souza
@LeitoraIncomum
http://leitoraincomum.blogspot.com
Eu sinceramente gostei do livro, estranho porque geralmente concordo com suas opiniões. Mas tenho certeza que você vai gostar de Cinquenta tons mais escuros, a meu ver bem melhor do que o primeiro. A Steele continua chata como sempre, porém Grey fica parecendo mais o homem por quem fizeram tanto oba- oba, algumas cenas até me fizeram parar e pensar: “nossa é isso mesmo que ta acontecendo”, mas claro eu sou bem menos crítica, rsrs. Mas adoro esses livros que me fazem parar de ler para ficar imaginando a história por trás da história. Ainda não terminei o livro, mas acho que quem leu o livro por causa do BDMS, vai ficar desapontado. Vou esperar sua opiniões sobre o livro, até mais.