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Cap. 1144 – Trumbo – Bruce Cook

Ciao!!!



(Texto que escrevi para o Livrólogos e a Rosana liberou para publicar aqui :D)
Trumbo
é uma daquelas histórias que todo mundo pode jurar que foi inventada, mas
ocorreu de verdade. E fala sobre os bastidores de Hollywood e não de uma forma positiva.
Claro
que viraria filme. Detalhe: indicado ao Oscar.
Mas
quem foi esse homem?
Trumbo: a vida do roteirista ganhador do
Oscar que derrubou a lista negra de Hollywood – Bruce Cook – Intrínseca
(Trumbo – 1977 – Grand Central Publishing)
Personagens: a jornada de Dalton Trumbo contra a “lista
negra” de Hollywood
Hollywood, a terra onde tudo acontece. Onde todos os
sonhos – e os pesadelos – podem se tornar realidade. Os talentosos tentam se
destacar. Os sonhadores desejam vencer. Os traiçoeiros agem. Onde os fortes
sobrevivem. Longe dos letreiros e do brilho semelhante a muitos outros locais,
né? Pois bem, este não era o caminho que Dalton Trumbo imaginava para a própria
vida. O rapaz de talento literário e comportamento passional superou a infância
pobre, os fracassos do pai na cidade no interior do Colorado, o emprego que não gostou em uma padaria, os sacrifícios que fez para cuidar da mãe, das irmãs e depois da esposa e dos três filhos, e a própria inabilidade para gastar o dinheiro que
ganhava para se tornar um dos roteiristas mais conceituados de cinema. Ele só sonhava em ser escritor. 
Na verdade, era o mais bem pago de Hollywood, o “pau
para toda obra”, o “editor de roteiros complicados”, até que o fato de ser
comunista o colocou na mira do Comitê de Atividades Antiamericanas – um grupo
de direita que insuflado pela paranoia e por convicções políticas radicais
começou a enxergar ameaças comunistas e o perigo de Hollywood ser dominada
pelos “vermelhos”.
Com apoio e influência, começou uma verdadeira caça
às bruxas que rendeu um ano de prisão aos “Dez de Hollywood”, profissionais que
se recusaram a dar nomes ou colaborar com o Comitê ao serem interrogados
alegando a liberdade de escolha do cidadão. E como se isso não fosse
suficiente, implantaram a “lista negra”: com a conivência do sindicato dos
roteiristas, dos produtores e dos donos dos estúdios, baniram qualquer pessoa contra
a qual houvesse a menor insinuação de ligação com o Comunismo.
(Embora o que faz parte do nosso imaginário sobre o “comunismo”
é até difícil de relacionar com o american
way of life
– tanto que alguns deles são chamados de “comunistas de
piscinas”. Mas tenham em consideração que o mundo vivia o pós-guerra da 2ª
Guerra Mundial e a polarização entre Estados Unidos x União Soviética, que
renderia vários outros conflitos – só para ficar em um exemplo, X-Men: Primeira Classe aborda a Crise dos Mísseis).
Eu achei que tinha a ver com a ação do senador
Joseph McCarthy, citado como “vilão” em Boa Noite, Boa Sorte (se não
viram, vejam, baita filme) e que também foi responsável pela expulsão do país
de personalidades como Charlie Chaplin. No entanto, o que houve com Trumbo e os
demais profissionais citados foi antes e foi numa comissão da Câmara (com
direito a uma “ironia do destino” no final), enquanto McCarthy agiu, anos depois, em um
comitê no Senado.
Sem emprego e com a obrigação de sustentar a
família, Trumbo usou de várias estratégias, inclusive trabalhar sem folga no “mercado
negro”. Aceitando trabalhar sem crédito em roteiros – usando nomes de amigos
para textos que ele escreveu. Pegando trabalhos e repassando a outros que, como
eles, estavam proibidos de ter empregos. E foi trabalhando incessantemente,
arriscando empreitadas (como se mudar com toda a família para o México), ajudando
no processo do badalado A Princesa e o Plebeu (filme que revelou a diva
Audrey Hepburn), entre outros. 



Ao ser o ganhador não-creditado do Oscar por Arenas Sangrentas – afinal de contas, o nome lido após o “And the Oscar goes to…” era um pseudônimo que,
obviamente, não existia e atiçou todo mundo (leia-se: imprensa) na caçada da
verdadeira identidade do ganhador, e ainda criando os roteiros de Spartacus
e Exodus, pelos quais voltou
a ser creditado, Trumbo se tornou a força que expôs e derrubou a lista negra.
A história reúne vários pontos de vista dos
envolvidos, amigos, esposa, filhos, empregadores, colegas, inimizades e do
próprio Dalton Trumbo. O autor conversou com todos eles para mais que fazer uma
biografia do protagonista, expor um quadro do período, as perseguições, o
impacto que tiveram nas pessoas que não aceitaram delatar e até nas que não
resistiram à pressão e passaram informações. E o autor deixa claro que concorda e
respeita as convicções do biografado, mas apresenta contrapontos à opinião dele nas vozes de alguns entrevistados.
Gostei de ler, gostei de saber como uma pessoa
inteligente e determinada pode fazer a diferença, mesmo que não escolha sempre
as melhores estratégias. E deixa claro que as decisões tomadas neste período
custaram um preço a todos os envolvidos – e às pessoas próximas deles. Gostei de saber como encontrar
soluções em períodos de crise – que o trabalho e o talento podem sim fazer a
diferença, embora nem sempre é garantia de sucesso.
O livro é de 1977 e se tornou filme lançado no ano
passado. Recebeu indicação ao Oscar de Melhor Ator, com Bryan Cranston,
arrasando na vida pós-Breaking Bad (não perguntem, quase não vejo
seriado desde que me despedi de ER – Plantão Médico). Pelo que
pesquisei, merecia o prêmio. Mas se as prévias se confirmarem, há um Leonardo
diCaprio no meio do caminho…


Trailer
do filme:

Links:
Goodreads livro e autor;
site da editora;
Skoob.
Bacci!!!

Beta 

1 Comentário

  1. Sil de Polaris

    Ora, censura e preconceito são um horror realmente !!! Principalmente unidos nesse contexto !!! Embora eu tenha de admitir que censura tenha seu lado bom, mas eu não encontre lado bom algum em preconceito (a menos que acerte-se em suas idéias pré-concebidas). Eu imagino que este homem teve uma vida muito intensa como homem e como roteirista, contornando toda essa armadilha com inteligência muito bem aplicada !!!

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