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Cap. 1166 – A maleta da sra. Sinclair – Louise Walters

Ciao!!!

Foram
pelo menos três visitas à livraria – eu acho. Sei que passei por ele nestas
oportunidades e não dei atenção. Até que numa destas vezes, #MadreHooligan
achou a capa bonita, parou, pegou, olhou o resumo e anunciou para que eu – duas
baias à frente caçando ainda nem sabia o quê – ouvisse:
“Ela
se chama Roberta!”.
“Quem?”
(eu quase arrumando um torcicolo e voltando a jato até ela).
“A
protagonista deste livro”.
E
foi assim que A maleta da sra. Sinclair veio
parar aqui em casa…
A maleta da sra. Sinclair – Louise
Walters – Essência
(Mrs.
Sinclair’s Suitcase – 2014)
Personagem:
Roberta Pietrykowski
Roberta
Pietrykowski levava uma vida sem emoções, trabalhando em uma livraria e
recolhendo pedaços de outras vidas que encontrava nos livros. Até o dia em que
recebeu a maleta da sra. Sinclair e encontrou uma carta assinada pelo avô dela.
A partir da dúvida que o texto lançou sobre a história da própria família,
Roberta tenta entender o que houve enquanto sua vida passa por mudanças. Ao
mesmo tempo, o leitor conhece uma história durante a segunda guerra mundial que
vai exigir uma escolha por amor.
Comentários:
– As
pessoas têm motivos próprios para comprar livros. Às vezes, é a fidelidade à
autora ou ao autor. Há também a recomendação de amigos e amigas. E ainda o caso
de “amor por uma capa à primeira vista”. No meu caso, eu ainda acrescento o
fator “cismas” (quando a intuição me avisa de que PRECISO ler o livro) e o
óbvio: quando encontro um livro onde a protagonista tem meu nome. Não é comum.
Por isso, quando encontro (ou neste caso, encontram para mim), levo na hora.
– É
uma história que mistura duas narrativas temporais. Em 2010, na Inglaterra, temos
Roberta Pietrykowski, de 34 anos, funcionária na livraria Old & New, que tinha uma vida sem emoções e bem normalzinha.
Envolvida em um caso sem paixão, trabalhando para um chefe que era também o
melhor amigo, acompanhando as aventuras e desventuras das colegas de trabalho e
lidando com os clientes. O que destoava era a curiosidade pelos pedaços de
vidas que encontrava – recibos, cartas, cartões-postais – nos livros antigos
que manuseava para avaliar e revender. Em um deles, encontrou uma carta datada
de 1940, escrita por Jan Pietrykowski, o avô dela, para a avó, que ele chamava
de Dorothea, que poderia fazê-la questionar a história da própria família.
Afinal de contas, a carta estava em um livro guardado na maleta que pertencia a
“sra. Sinclair” que o pai dela levou para doar na livraria.
– Em
1940, somos apresentados à sra. Dorothy Sinclair, uma mulher que viu os sonhos
de juventude e de realização pessoal não se concretizarem. De certa forma, a
guerra veio ajudar a cimentar o fracasso do casamento. Ela só não morava
sozinha na cabana em Lincolshire porque abrigou duas jovens, Nina e Aggie, que
vieram de Londres por causa de um programa de trabalho no interior. As três
mulheres independentes não eram bem vistas pela comunidade local, que
acreditava ter o direito de julgar a partir de presunções. A localidade recebeu
um esquadrão de pilotos poloneses para ajudar no combate à Luftwaffe durante os
bombardeios na Inglaterra. A chegada dos jovens e homens causou comoção na
comunidade. E o líder deles, Jan Pietrykowski, se encantou por Dorothy
Sinclair. 
– Entrelaçando
as histórias de 1940 e 2010, conhecemos mais sobre sra. Sinclair, uma mulher
que teve vários sonhos roubados dela, carregava as dores disso, sofreu o fardo
de ser mulher em um mundo que valoriza a “honra machista” e relega a mulher a
um plano de subserviência. Justamente a guerra permitiu a ela uma trégua neste
quadro: trazendo o charmoso Jan Pietrykowski à sua porta para um gesto de
gentileza, que se tornou amizade e encantamento mútuo. No entanto, em um mundo
incerto e imprevisível, Dorothy poderia realizar um sonho, mas isso teria um
preço.

Por incrível que pareça, a gente pensa que 70 anos são suficientes para o mundo
evoluir, e percebe similaridades na forma como as mulheres foram e são tratadas
nos dois períodos da história. No entanto, a narrativa também mostra que, em
2010, Roberta vivia de forma solitária. Tinha um caso confortável, sem os
arroubos de uma paixão, uma gata, o amor pelos livros e um trabalho que também lhe
era confortável. A carta do avô para a avó iniciou uma peregrinação pela
história deles em um momento em que as situações em sua vida deixam de ser
confortáveis, o sofrimento também vai afetá-la e ela vai precisar rever alguns
conceitos, inclusive o da vida solitária.
– A
autora conta a reconstrução da história de uma família, a partir do olhar e da
curiosidade da última descendente. Até que ponto somos autores da nossa própria
história? Será que existe destino? De que forma deixamos outros controlarem a
nossa vida? O que é necessário para uma pessoa se sentir feliz consigo mesma?
Será que somos capazes de reconhecer o amor? Estes são alguns dos aspectos
abordados no livro de estreia de Louise Walters, uma história forte,
melancólica, singela e extremamente real. Afinal de contas, quantas Dorothys e
Robertas existem por aí?

Links: Goodreads livro Inglês e Português e autora;
blog e facebook da autora;
site da editora;
Skoob.
Bacci!!!
Beta

2 Comentários

  1. Unknown

    Estou com esse livro prontinho pra ler. E que me chamou a atenção mais do que a sinopse foi a capa 😀
    E achei a capa da edição brasileira a mais bonita entra as demais!

    Bjs Beta!

  2. Sil de Polaris

    Eu poderia imaginar como seria uma situação de guerra. Tudo por assistir filmes e ler livros e ouvir relatos de sobreviventes, sem ter qualquer experiência nesse sentido. Para entender um pouquinho o que essas mulheres viveram naquela época, com esse diz-que-diz maldito, ainda mais com uma guerra pelo quintal. Tudo deveria ser muito mais intenso e sem meias-palavras sob risco de ataque bélico iminente !!!

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