Ciao!!!
Talvez
as pessoas que se impressionam facilmente tenham sérios problemas com este
texto. Na verdade, o conto se revela muito mais profundo que as primeiras impressões.
as pessoas que se impressionam facilmente tenham sérios problemas com este
texto. Na verdade, o conto se revela muito mais profundo que as primeiras impressões.
O papel de parede amarelo – Charlotte
Perkins Gilman – José Olympio
Perkins Gilman – José Olympio
(The Yellow Wallpaper – 1892)
Uma mulher fragilizada após ser
diagnosticada com uma doença que não é citada abertamente é levada pelo marido
para uma fazenda histórica no campo, para que se recuperasse. O conto é todo narrado pelo ponto de vista da
paciente, a forma como via o mundo, como percebia o tratamento que estava
recebendo, revelando pistas aqui e ali dos sentimentos confusos ou não dela
neste momento.
diagnosticada com uma doença que não é citada abertamente é levada pelo marido
para uma fazenda histórica no campo, para que se recuperasse. O conto é todo narrado pelo ponto de vista da
paciente, a forma como via o mundo, como percebia o tratamento que estava
recebendo, revelando pistas aqui e ali dos sentimentos confusos ou não dela
neste momento.
Ela é instalada em um
quarto, antigamente usado pelas crianças, com um papel de parede amarelo, e tem
todos os movimentos e atividades controladas pelo marido, que é médico, “um
homem das ciências” e decidiu em prol do melhor para ela.
quarto, antigamente usado pelas crianças, com um papel de parede amarelo, e tem
todos os movimentos e atividades controladas pelo marido, que é médico, “um
homem das ciências” e decidiu em prol do melhor para ela.
No entanto, conforme o
relato avança, percebemos que a mulher não se recupera, está cada vez mais
afundada na própria mente que encontrou um desafio no padrão do papel de parede
amarelo. Ela enxerga uma mulher presa atrás do papel, mas nunca consegue
alcançá-la para libertá-la. A esposa tenta impedir que outros descubram este
segredo até que seja tarde demais e o que o papel de parede esconde seja
revelado: algo que nenhuma ciência será capaz de controlar e “curar”.
relato avança, percebemos que a mulher não se recupera, está cada vez mais
afundada na própria mente que encontrou um desafio no padrão do papel de parede
amarelo. Ela enxerga uma mulher presa atrás do papel, mas nunca consegue
alcançá-la para libertá-la. A esposa tenta impedir que outros descubram este
segredo até que seja tarde demais e o que o papel de parede esconde seja
revelado: algo que nenhuma ciência será capaz de controlar e “curar”.
O livro, durante muito
tempo, foi um relato da forma como a mulher era tratada pela sociedade quando
não se encaixava no parâmetro reinante de ser a esposa e mãe submissa, de
temperamento dócil. Quando seus nervos não aguentavam, quando tentava sonhar
com algo diferente do padrão. Não há explicação clara do que desencadeia o
processo de desequilíbrio da personagem: depressão, depressão pós-parto, algo
que sempre existiu, mas só apareceu agora? O que fica claro é que a mulher,
agora “paciente”, se torna um objeto a ser isolado do convívio social para que
possa se recuperar. Ela não tem direito a voz – todas as tentativas dela de
expor seus sentimentos ou explicar o que sentia são silenciadas pelo marido
médico, o “soberano”, o “homem da ciência”, o “ser social que tudo sabe”. É confiada
em um quarto infantil – quando havia outras opções no térreo – e vigiada por
uma empregada para ficar realmente distante da dinâmica da casa. Cria uma
personagem que aparenta estar em recuperação quando, na verdade, se deteriora cada
vez mais.
tempo, foi um relato da forma como a mulher era tratada pela sociedade quando
não se encaixava no parâmetro reinante de ser a esposa e mãe submissa, de
temperamento dócil. Quando seus nervos não aguentavam, quando tentava sonhar
com algo diferente do padrão. Não há explicação clara do que desencadeia o
processo de desequilíbrio da personagem: depressão, depressão pós-parto, algo
que sempre existiu, mas só apareceu agora? O que fica claro é que a mulher,
agora “paciente”, se torna um objeto a ser isolado do convívio social para que
possa se recuperar. Ela não tem direito a voz – todas as tentativas dela de
expor seus sentimentos ou explicar o que sentia são silenciadas pelo marido
médico, o “soberano”, o “homem da ciência”, o “ser social que tudo sabe”. É confiada
em um quarto infantil – quando havia outras opções no térreo – e vigiada por
uma empregada para ficar realmente distante da dinâmica da casa. Cria uma
personagem que aparenta estar em recuperação quando, na verdade, se deteriora cada
vez mais.
O resultado disso não
poderia ser nada bom, né? A autora descreve todo o processo de sufocamento da personagem
e de como isso vai explodir depois, causando um colapso na família. Durante
anos, o conto foi visto como um texto voltado para o terror (porque é realmente
assustador o que ocorre com a personagem, ainda mais porque fica claro para
quem lê que não há esperança). No entanto, após analisar a vida da autora, o conto
ganhou uma dimensão mais ampla, relacionado à forma como as mulheres eram
vistas pela sociedade, o papel social e sexual esperado dela, algo que nunca
poderia transcender – as que tentavam se tornavam párias.
poderia ser nada bom, né? A autora descreve todo o processo de sufocamento da personagem
e de como isso vai explodir depois, causando um colapso na família. Durante
anos, o conto foi visto como um texto voltado para o terror (porque é realmente
assustador o que ocorre com a personagem, ainda mais porque fica claro para
quem lê que não há esperança). No entanto, após analisar a vida da autora, o conto
ganhou uma dimensão mais ampla, relacionado à forma como as mulheres eram
vistas pela sociedade, o papel social e sexual esperado dela, algo que nunca
poderia transcender – as que tentavam se tornavam párias.
A edição da José Olympio
traz apresentação escrita por Márcia Tiburi e posfácio analítico e que
esclarece o viés feminista do texto assinado por Elaine R. Hedges, pertencente
à edição publicada em 1973. É uma grande ajuda para quem não conhece o texto
(como é meu caso) entender todas as suas sutilezas de significados e a sua
importância para uma discussão ainda relevante e atual.
traz apresentação escrita por Márcia Tiburi e posfácio analítico e que
esclarece o viés feminista do texto assinado por Elaine R. Hedges, pertencente
à edição publicada em 1973. É uma grande ajuda para quem não conhece o texto
(como é meu caso) entender todas as suas sutilezas de significados e a sua
importância para uma discussão ainda relevante e atual.
–
Links: Goodreads livro e autora; blog da editora;
Skoob; The Feminist Press;
Links: Goodreads livro e autora; blog da editora;
Skoob; The Feminist Press;
Bacci!!!
Beta
Ah, senhor, que conto horroroso !!! Eu tenho certeza de que nunca iria ler esse romance porque eu vivenciei um sentimento muito ruim ao ler sua resenha sobre ele, que fez com que eu lembrasse de um filme e de um livro, alias de mais de um filme e de mais de um livro, com tematica semelhante ao que foi descrito como tratamento dado para mulheres que nao estavam seguindo ao padrao de mulher ideal, obediente, submissa antigamente – ou mesmo atualmente ! Muito enraivecedor ver que era preferivel destruir uma mulher por ela nao ser como queriam que fosse a ter uma vida de riqueza ao seu lado !!!