Menu fechado

Cap. 1203 – O gerente noturno – John le Carré

Ciao!!!

Eu
torcia para que isso acontecesse! Sabia que, com o lançamento da minissérie da
BBC, havia uma boa chance de relançamento do livro, com capa baseada na
minissérie.
Porque
eu tinha o firme propósito de não ver a minissérie antes de ler o livro.
O gerente noturno – John le Carré –
Record
(The
Night Manager – 1993 -)
Personagens:
espiocratas, burocratas, aliados e inimigos, Richard Roper e Jonathan Pine
O gerente
noturno Jonathan Pine se vê duas vezes no caminho do milionário, filantropo
Richard Onslow Roper, que vem a ser “o pior homem do mundo”, mas que sempre
escapa impune. E se torna aquele que poderia colocar um fim nisso. Cooptado por
uma agência de inteligência inglesa, ele abre mão da vida sem emoções de
gerente noturno de um hotel, resgata o passado de soldado acostumado a se infiltrar
no lado inimigo, se torna um foragido pronto para ser cooptado pelo grupo que enriquece
negociando armas e drogas. No entanto, além dos riscos óbvios, Jonathan e quem
o apoia precisarão enfrentar inimigos e interesses além do que imaginavam para
saírem vivos da missão.
Comentários.
– Eu
pensava o seguinte: preciso ler o livro antes, porque já sei que a minissérie
vai me ganhar. E também sei (pelo que acompanhei de repercussão nas seis semanas
em que foi exibida) que pegou a base da trama do livro, mas atualizou o
contexto, porque se passa em 2015, não em 1993. Mas isso é assunto para depois.
 

Não há ninguém melhor do que um inglês bom,
nem ninguém pior que um inglês ruim. Já o observei. Acho que o senhor é um dos
bons. Mr. Pine, o senhor conhece Richard
Roper?
” (p.18)

– Voltando
ao que interessa: para minha felicidade, o livro também me ganhou. Acabou com
as minhas unhas, é verdade. Aquele “universo claustrofóbico” citado no resumo da
contracapa é absolutamente comprovado – e desde o início do livro. O autor nos
apresenta a trama – com narrativa em terceira pessoa – 
por meio
da jornada de dois homens que queriam justiça: o gerente noturno Jonathan Pine
e o funcionário de uma agência de inteligência do governo inglês, Leonard Burr.
E também nos apresenta o estilo de vida de quem se enriquece com o caos, com a
ganância e com a ambição de grupos e governos interessados em manter o mundo da
forma mais conveniente aos próprios interesses. Neste caso personificados na
entourage que acompanha, diverte e
entretém Richard Roper enquanto ele permanece livre negociando morte e caos.
– Jonathan
tentou se afastar da vida de soldado, mas acabou completamente tragado para a
confusão quando atendeu ao pedido de Sophie, a então amante do dono do hotel
onde trabalhava no Cairo. Ele se envolveu com a mulher proibida que sabia demais.
Ao intervir pensando em “fazer o bem” levou-a à morte. Então se mudou para a
Suíça – onde o próprio Richard Roper foi se hospedar. Por meio dos meandros
burocratas e espiocratas (juro que nunca tinha atentado pra possibilidade desta palavra existir antes deste livro), ele foi localizado por Burr com o canto da sereia:
poderia ser o instrumento que faltava para que finalmente justiça fosse feita e
Roper pagasse pelos crimes que cometeu. Poderia voltar a ser o soldado. Poderia
vingar a morte de Sophie. Poderia sossegar a própria consciência.

Burr trabalha nos bastidores para criar toda a identidade que permita Jonathan
ser aceito por Roper e seu grupo quando chegar a hora, mas é um trabalho
demorado onde ele tinha apenas uma certeza: não poderia confiar em muitas
pessoas. Sabe aquela coisa de que “o segredo é a alma do negócio”? O livro
comprova. Ainda mais porque manter Roper ativo é a meta dos integrantes de alguns
governos. Se existe a espionagem, existe também a contraespionagem para antecipar
e se prevenir de ser desmascarados e presos.
– O
autor nos coloca junto com Jonathan no período em que construiu a identidade “criminosa”
dele. A gente acompanha as reações dele no decorrer do plano – e especialmente
quando as coisas não seguem como o previsto. Viramos o “ombro” dos desabafos
mentais de por que está fazendo isso e como reage diante das complicações –
como o interesse por Jemina “Jeds” Marshall, a amante de Roper.
– Ah,
sim, depois que o plano engrena, prepare o coração, porque o tempo todo nós – e
Jonathan – sabemos que ele pode ser desmascarado se falhar, ou se o plano vazar
ou se Roper intuir que ele é um infiltrado. Ao mesmo tempo, estamos na Inglaterra
vendo como Burr e seus aliados são boicotados, cerceados e monitorados na
disputa entre agências na Inglaterra e até mesmo com integrantes dos serviços
de inteligência nos Estados Unidos. Tudo fica por um fio. E lá se foi uma
madrugada (“ah, vou dormir depois deste capítulo” virou uma leitura non-stop de
200 páginas!) e algumas unhas roídas até finalmente o livro chegar ao ponto
final.

Puxando pela memória, não me lembro de ter lido thriller de espionagem – já vi filmes.
Ou seja, O gerente noturno abriu uma
nova porta para mim. E eu gostei. Além disso, entendi porque os produtores
escolheram o livro para adaptar em minissérie. Ele é extremamente visual – você
consegue criar as imagens na sua mente do que o autor descreve e perceber os
sentimentos dos personagens, mesmo quando eles estão fingindo.


– Ah,
caso você também leia o livro antes de ver a minissérie e não quiser spoilers,
não leia a carta escrita por John Le Carré para este relançamento, falando
sobre as adaptações dos livros dele para cinema e TV, da surpresa ao saber o
que os produtores de The night manager
pretendiam mudar na trama original (e o susto que ele levou com algumas destas
alterações) e como ver a minissérie fez com que ele reavaliasse algumas coisas
que colocou na história original e até mesmo a forma como compreendia os
personagens. Provavelmente mesmo com algumas falhas, só do autor dizer que
entrou para a lista seleta das adaptações favoritas das suas obras, deve ter
sido um elogio e tanto para todo mundo envolvido na produção. Aliás, espero ver
algumas delas na temporada de premiação do Emmy, Golden Globes e afins (expectativa
óbvia diante do festival de críticas positivas recebidas dos dois lados do Atlântico).
– Agora sim, com o livro que
terá lugar cativo na estante já na pilha da minha mãe (que disse achar o Hugh
Laurie bonitão – e ela nem viu House),
estou pronta para ver a minissérie no primeiro tempo livre que tiver!
Arrivederci!!!
Beta

1 Comentário

  1. Sil de Polaris

    Quando uma pessoa pensa estar quieta em seu canto, cuidando de sua vida, sem ter que penar em uma vida de soldado … Eu não sou muito amiga e simpatizante de espionagem, mas eu gosto de uma trama inspirada, jogando com inteligência de parte a parte em um jogo adulto e perigoso e traiçoeiro de gato e rato. Então eis um livro, que tornou-se minissérie, que tem tudo para atrair minha atenção e minha concentração.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *