“-
Livros nos protegem da burrice. De falsas esperanças. De homens vaidosos. Despem
a senhora com amor, força e conhecimento. São o amor que vem de dentro”.
“Quando
Monseur Perdu via os livros, não enxergava apenas histórias, preço de capa
sugerido e um bálsamo essencial para a alma. Ele enxergava liberdade com asas
de papel”.
minha intuição… A esta altura, nem discuto mais. Precisei de uns dois dias
para deixar as palavras se organizarem e eu escrever este texto. Porque vários
post-its depois, uma pergunta se mudou para a minha cachola: como é que se fala
sobre um livro como este?
– Editora Record
Lavendelzimmer – 2013 – Droemer Knaur Verlag)
Personagens: Monseur Jean Perdu e todos que conhece e encontra na viagem
Perdu era dono de um barco-livraria ancorado no Rio Sena, em Paris. Sua
especialidade: indicar livros como os remédios necessários para o cliente. Apesar
disso, ele mesmo não se curou de ter sido abandonado há 21 anos pela amante,
que deixou uma carta que não teve coragem de ler. Só que tudo muda em um gesto
simples durante o verão. E Monseur Perdu vai viajar até o sul do país em busca
de seu passado e de si mesmo.
“Memórias
são como lobos. Não se pode encarcerá-las e esperar que deixem você em paz”.
eu disse no muito irado e malcriado texto sobre a decepção que foi Bela Chama:
“Enfim, dei graças a Deus – incluindo uma dancinha da vitória – quando
terminei e lamentei não ter comprado o A
livraria mágica de Paris, que tem cara de ser muito mais agradável que as
agruras que Tyler teve que passar para convencer a alma gêmea a amá-lo também”.
Ou seja, eu sabia que tinha que ler. E ele acabou chegando às minhas mãos, por
meio de um presente de aniversário com os votos de que eu continuasse me
encantando por histórias. E me deparei com uma com a qual pude me identificar –
porque também encaro os livros como remédio, como escudo, como motivos para dar
paz a uma mente turbulenta.
“– Queria
tratar sensações que não são reconhecidas como doenças e que nunca são
diagnosticadas por médicos. Todas aquelas pequenas emoções e todos os
sentimentos pelos quais nenhum terapeuta se interessa, porque parecem pequenos
demais e intangíveis. O sentimento que nos invade quando outro verão chega ao
fim. Ou quando percebemos que não temos mais uma vida inteira pela frente para
encontrar nosso lugar no mundo. ou a leve tristeza de quando uma amizade não se
aprofunda e você percebe que a busca por um amigo de verdade ainda não
terminou. Ou a melancolia na manhã do aniversário. A saudade do ar de sua
infância. Coisas assim”.
prédio 27 na Rue Montagnard e trabalha no barco-livraria “Farmácia Literária”
ancorado no Sena, onde moram Kafka e Lindgren, dois gatos que adotaram o lugar.
Há 21 anos, vive neste percurso, interagindo somente o necessário com os
vizinhos e indicando os livros que seus clientes realmente precisam e que
muitas vezes é diferente do que eles querem.
“Quando
a avó, a mãe e a menina se despediram e foram embora, Perdu refletiu sobre a
concepção equivocada de que livreiros cuidam de livros.Eles
cuidam de pessoas”.
“Veja
bem, eu vendo livros como remédio. Existem livros que servem para um milhão de
pessoas; outros, para uma centena apenas. Há até remédios, pardon,
livros que são escritos para uma única pessoa”.
partir de um pedido para ajudar uma vizinha que tinha perdido tudo, o levou a
mexer em uma parte da casa onde ele não entrou desde que foi abandonado pela
amante, que nem conseguia, a princípio, dizer o nome. Ele acaba se envolvendo
na dor de Catherine, por lembrá-lo da própria dor, que não será mais capaz de
ignorar quando a vizinha encontra uma carta que a amante enviou e ele não teve
coragem de abrir até então.
“– Não
podemos decidir amar. Não podemos fazer ninguém nos amar. Não há receita. Há apenas
o amor. E nós estamos a sua mercê. Não podemos fazer nada”.
na relação de proximidade com Catherine (o máximo que se permitiu ter nos
últimos anos) e também ao finalmente ler a carta, percebe que precisava fazer
algo. E decide zarpar. Ganha uma companhia inusitada, o jovem autor best-seller
Max Jordan, que pressionado pelo sucesso do livro de estreia, não consegue encontrar
e escrever sua próxima história. Este misto de perseguição/fuga do passado e,
de certa maneira, do futuro une os homens de duas gerações por esta jornada
impulsiva e imprevista pelo interior até o Sul da França. Eles irão conhecer
outras pessoas, outras esperanças, outras lamentações, outras dores, que vão
ajudá-los a enxergar mais claramente que todos passam por isso. Alguns superam
e se reconstroem, mas não é fácil nem isento de novas dores.
“- Sanary
diz que, para encontrar a resposta para nossos sonhos, é preciso navegar para o
sul. E que é possível se reencontrar lá, mas apenas se a gente se perder no
caminho, se a gente se perder totalmente. Pelo amor. Pela saudade. Pelo medo. No
sul, deve-se ouvir o mar para entender que o riso e o choro se parecem muito, e
que a alma às vezes precisa chorar para ser feliz”.
sentimentos, fuga, dores, negação de fatos da vida, descoberta de talentos,
mudanças de rumo. Depois de anos trancado numa bolha, Jean Perdu se permite
reviver, se reencontrar, desfrutar de todos os sentimentos que negou a si
mesmo, para assim conseguir finalmente retomar o controle da vida, perceber
coisas que lhe passaram batidas e encontrar novos desafios. Entender que precisa
perdoar o que houve, se perdoar e voltar a respirar. O tempo não pode ser
recuperado. Mas novas histórias podem ser escritas e, mais que isso, vividas.
“–
Obviamente livros são mais que médicos. Alguns romances são amorosos,
companheiros de uma vida inteira; alguns são um safanão; outros são amigos que
o envolvem em toalhas aquecidas quando bate aquela melancolia outonal. E muitos…
bem. Muitos são algodão doce rosado, cutucam o cérebro por três segundos e
deixam para trás um nada agradável. Como um caso de amor rápido e ardente”.
mapas da jornada de Perdu nas contracapas até as curiosidades publicadas após o
fim da história. Passando por toda a delicadeza ao retratar o sentimento de um
homem tão sensível aos dramas alheios e tão determinado a não lidar com os
próprios pesadelos. Ao reforçar que, não importa a idade, todos podemos nos
sentir perdidos e à deriva nas águas da vida. Alguns se isolam, outros
fantasiam e tem os que se debatem e não saem do lugar. Tudo parte do processo
de luta em busca daquele ideal chamado felicidade que os humanos sonham em
viver.
“– Os
livros podem fazer muitas coisas, mas não tudo. As coisas mais importantes a
gente deve viver. Não ler. Preciso… vivenciar meu livro”.
Links: Goodreads livro e autora;
site da autora;
Skoob;
mais dela no Literatura de Mulherzinha.
Beta
ps.: Caso queira saber qual livro Monseur Perdu recomendaria para você, visite este site e descubra!
oie! nossa, eu estou com uma ansiedade imensa para ler esse livro e essa é a primeira resenha que leio dele, então fiquei super empolgada ao saber que você gostou. adoro histórias que nos fazem nos sentir em casa e uma obra que fala de livros certamente desperta isso em nós, além disso , amei todos os sentimentos que a obra passa. espero ler em breve.
Olá
Gente que história mais bonita, quero conhecer o Monseur Perdu, gosto demais de histórias com crianças ou idosos, acho que eles deixam a história com uma magia especial, e a capa brasileira só deixou a magia ainda maior, dica super anotada
Olá,
Fiquei cativada pelo trabalho desde personagem com vizinhos e os "pacientes" que viam atrás de remédios para suas dores e mais impressionada com a coragem dele de fugir de acertar contas com seu passado e ser ironicamente obrigado a lidar com a situação não resolvida com sua amante.
Adoro livros com drama bem equilibrado e cheios de lições de vida.
Beijos e feliz natal!
Eu acho a capa desse livro muito bonita e não vejo a hora de realizar a leitura dele. Acho que a trama vai me agradar muito e espero poder ler em breve.
Que livro mais lindo gente, realmente não vejo a hora de ter a oportunidade de realizar a leitura, parece ser um livro lindo e mágico, assim de encantar, trama bem convincente.
Beijinhos
Olá! Que capa e que sinopse são essas? Um barco farmácia-livraria em Paris, que charme! Achei a premissa bem envolvente, tanto que ia lendo sua resenha e ia imaginando todo o cenário. Deve ser uma leitura maravilhosa demais, tá anotada aqui a dica, beijos!
Entre Livros e Pergaminhos
Olá!
Esse livro está na minha lista, só me falta a grana!!! É muito lindo, essa capa, essa história… nem tenho palavras pra descrever. Adorei sua resenha, e eu fiz o teste e deu O Amor nos tempos de cólera!
oie Beta!
Eu tenho dessa intuição com livro modinha, sabe? Só que eu já acho que não vou gostar da leitura, e acabo acertando rsrs
Beta, eu preciso comprar esse livro, ainda não tive a oportunidade de ler, mas estou bem curiosa.
Bjks!
Histórias sem Fim
Oiii!!
Eu não conhecia o livro e não fiquei tão encantada com a obra não..
Gostei das suas pontuações e dá forma como gostou de fazer a leitura… Mas vou deixar a dica passar.
Beijinhos
Nossa não sabia que o livro trazia um personagem tão profundo, que fizesse você refletir dessa maneira. Gosto de como você nos apresentou o drama do personagem que mesmo com tantos problemas consegue pensar no outro.
Completamente mágico. Esse livro é daqueles que nos remete aos grandes escritores, não sei pq, fiquei com essa impressão. Adorei a sua resenha, conseguiu me deixar bastante instigada e curiosa para ler.
Bjks
Um livro a considerar muito seriamente para vir parar em minha estante. Principalmente depois dessa frase impactante, com aquelas palavras simples tão diretas, que acertaram em cheio em seu alvo, mesmo sem eu sequer saber que havia um alvo onde elas acertarem tão maravilhosamente: "Memórias são como lobos. Não se pode encarcerá-las e esperar que deixem você em paz." Uma verdade irrefutável em palavras tão simples.