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Memórias da Princesa: Os diários de Carrie Fischer – Cap. 1400

Ciao!!!

 

 
Você quer muito o livro. Você aproveita uma superpromoção e compra. Aí naquele chilique-pós-desembalagem, passa algumas páginas aleatoriamente e cai neste trecho:

Gostaria de não ser capaz de me ouvir pensar. Constantemente ouço minha mente tagarelar e matraquear sozinha lá em cima. Queria que me desse uma porra de um tempo. Escreva, não pense, escreva. Você não está pensando direito, Sra. Fisher. Sugiro que escreva. Se alguém ler isso quando eu tiver passado para o grande e cruel além, vou  ficar póstuma e comicamente envergonhada. Vou
passar toda a minha vida pós-morte ruborizando
”.

 
Aí você se lembra de que em dezembro de 2016 a Galáxia perdeu sua Princesa.
Ou como li nas redes sociais, Leia/Carrie se uniram à força.
 
(No dia que ela nasceu, não tinha melhor livro para este 21 de outubro, né?)

Disponível na Amazon
 
Memórias da Princesa: Os diários de Carrie Fischer – Editora BestSeller
(The Princess Diarist – 2016 – Deliquesce, Inc)
 
Já comentei em outras oportunidades relacionadas a Star Wars aqui no Literatura de Mulherzinha, como cheguei “tarde” à série – por medo de Darth Vader (sempre fui uma criança/adolescente/adulta impressionável) e porque estava apegada à outra (até então) trilogia: Indiana Jones.
 
Também já destaquei que a maturidade me fez mudar bastante a visão sobre a série e valorizar uma personagem que quando vi a primeira vez não tinha me dado conta da profundidade – a Princesa Leia.
 
Demorei para entender como ela não era o padrão “princesa que precisa ser salva”, mas uma guerreira que luta pela liberdade da Galáxia, subjugada pelo Império. E depois de ver o Episódio VII – O Despertar da Força, até comentei com meus amigos que nenhum homem da
franquia era mais forte que Leia, agora, General Organa – que teve que segurar a marimba das consequências da luta constante contra o lado sombrio da Força enquanto outros piraram e se afastaram (se vocês viram o filme, sabem de “quens” estou falando).
 
Portanto, continuando meu treinamento sobre a série e os personagens, eis que me deparei em novembro com a notícia do lançamento deste livro, que congrega lembranças de Carrie Fisher da época da filmagem do primeiro filme – Episódio IV – Uma Nova Esperança – e mais recentemente ao reencontrar as próprias anotações e prepará-las para este livro.

Era um filme. Eu não deveria ter feito o que fiz – nada deveria ter feito aquilo. Nada jamais fizera. Filmes foram feitos para ficar na tela, plana, larga e colorida, reunindo-nos às suas histórias arrebatadoras, conduzindo-nos alegremente até o seu fim, e então nos liberando de volta às nossas vidas. Mas aquele filme se comportou mal. Escoou dos cinemas, vazou da tela, afetou as pessoas tão profundamente que elas precisaram de infinitos talismãs e artefatos”.


Confesso que esperava um livro muito maior. Sim, achei que haveria comentários sobre tudo e todos, mas é algo mais restrito aos sentimentos dela sobre como se envolveu no projeto e o que houve durante as filmagens. Sim, a jovem Carrie teve um caso com Harrison Ford, mais velho e casado (aliás, se você entende entrelinhas, não termine o livro antes da hora). Embora tenha sido o ponto mais destacado nestes relatos, confesso que o livro é mais que isso.
 
Carrie admite que por muitas vezes ficou pensando em quem teria sido se não tivesse se tornado a Princesa Leia. Não é que ela renegue sua principal personagem, mas admite que era algo que gerava sentimentos paradoxais – orgulho e sufocamento, sendo os principais. E para quem já tinha questionamentos internos anteriores à cinessérie Star Wars, poderia muito com que lidar.

Gostaria de poder fugir para algum lugar, mas o único problema disso é que eu teria que ir também”.

 
A jovem Carrie tinha dúvidas de onde estava se metendo ao fazer aquele filme que ninguém esperava que fosse tão longe. A jovem Carrie vinha de uma família marcada pela dissolução de um aparente casamento perfeito – Debbie Reynolds e Eddie Fisher eram os namoradinhos da América, até que ele largou esposa e filhos por causa de Elizabeth Taylor. A jovem Carrie se ressentia da carreira artística e de repente se viu fazendo justamente isso. Na época, não gostou de algumas escolhas que fizeram Leia ser Leia – o penteado e a (falta de) lingerie. Mas quem precisa de lingerie pra desafiar e derrotar Darth Vader! Era uma adolescente vivendo uma experiência inigualável e que redefiniria a sua vida profissional e pessoal.

Às vezes, ligo para as pessoas na esperança de que não apenas comprovem o fato de eu estar viva como também, mesmo que indiretamente, me convençam de que estar viva é um estado apropriado para mim. Porque, às vezes, não acho que seja lá uma grande ideia. Vale a pena a dificuldade que é tentar viver a vida de forma que você consiga dela algo digno, em vez de quase sempre ela tirar a sua dignidade”.


Por isso, não me ative tanto ao “Carrison”, como ela mesmo define o relacionamento dos dois durante as filmagens na década de 1970. O mais importante é entender como esta mulher tão complexa em suas forças e vulnerabilidades lidou com a bagagem própria além da avalanche da família mais encrencada de todas as Galáxias ao longo de mais da metade da própria vida. Ela admitiu os pontos bons e os pontos ruins e sabe que não adianta conjecturar os “se” – o que ela fez estava registrado, era reverenciado e não tinha como brigar com isso. Eu tinha visto no início do ano o documentário da HBO sobre a relação entre Carrie e a mãe Debbie Reynolds, então, ainda estava com meu olhar voltado para estas entrelinhas – as pessoas de carne e osso por trás das personas artísticas.
 
Não leiam este livro procurando pela invenção da roda ou da pólvora. Ele não é genial. É humano em suas virtudes, defeitos e temores. É uma leitura bem interessante, daquelas que complementam nosso aprendizado sobre Star Wars e sobre a mulher que, do alto de tudo que a fez sorrir e sofrer, recorre ao humor, à ironia para narrar suas aventuras e desventuras e que fez Leia ser tão admirável como Princesa e como General.

Eu vi que alguém estava reclamando sobre o quanto as celebridades cobram por autógrafos nesses eventos, e em nossa defesa alguém disse: -É, você sabe, pode custar tanto assim agora, mas, quando ela morrer, com certeza vai valer muito. Então, a minha morte vale alguma coisa para algumas pessoas. Se eu tivesse muitas fotos autografadas, alguém podia colocar um alvo em mim

 
Sim, ela faz falta. Que a Força esteja contigo, Carrie!
 
 
Arrivederci!!!

Beta

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