Ciao!
Bem, eu já contei que não tenho Netflix, né? Mas isso não me impede de ler sobre séries exibidas lá.
Foi a curiosidade que me levou ao universo de Merlí e seus alunos. E gostei do que vi.
A filosofia de Merlí – Héctor Lozano e Rebecca Beltrán – Faro Editorial
(El llibre de Merlí – 2016)
(El llibre de Merlí – 2016)
O livro é interativo, apresentando os filósofos e dialogando com temas e frases ditas no seriado. Como nunca o assisti completamente (vi uma cena compartilhada no Facebook outro dia), não posso dar detalhes de qual episódio de qual temporada.
Além disso, temos comentários do autor Héctor Lozano sobre bastidores da criação de personagens e de cenas do seriado. E as respostas (na maioria irônicas e ácidas) às críticas dos espectadores.
* Nota do autor: Já sei que é uma droga, mas, na vida real, é muito difícil encontrar professores como Merlí…
Por isso eu o criei, porque a ficção pode melhorar a realidade.
Divididos em 13 capítulos conforme os temas abordados em sala de aula, o livro percorre os temas mostrando como a filosofia, longe de parecer algo chato, velho, é atual, necessária e faz parte do dia a dia das pessoas mesmo que elas não percebam. O livro tem perguntas, atividades, desenhos, citações e desenhos dos personagens, trechos de diálogos e espaços para quem lê responder às perguntas.
– E reparei que a trama tem muito em comum com o filme que me inspirou a querer ser professora – antes de eu me decidir de vez pelo jornalismo: Sociedade dos Poetas Mortos. O professor John Keating – interpretado pelo saudoso Robin Williams – ensinou a uma turma de um colégio tradicional a pensar fora do molde imposto, a buscar sempre novos ângulos, a questionarem, a viverem mais que os pais, a sociedade, o mundo apresentava como imposição. Ele destacou que os alunos deveriam encontrar formas de aproveitar a vida antes que não fosse mais possível.
Pelo que percebi a partir do livro, Merlí tem um perfil mais de anti-herói que Mr. Keating – já que assumidamente é um personagem que não tem o comportamento bonzinho típico, nem tem as atitudes modelo (desde ações ao linguajar). Isso o torna um incômodo para alguns alunos – nem todos gostam dele –, para outros professores, que o consideram um causador de problemas ambulante e até para a própria família. No entanto, ao contestar tudo, todos e si mesmo, Merlí força quem convive com ele a pensar.
Aristóteles falava que o melhor saber é o que não serve para nada, ou seja, saber por saber, não para obter algo em troca.
– Ao ter que pensar – seja sob a luz de qualquer um dos filósofos ou correntes apresentados ao longo do livro e (suponho) dos episódios – as pessoas passam a se conhecer melhor, a pesar melhor as atitudes e as consequências, a enxergar a si mesmo sem os filtros do “poderia ser” ou “queria ser assim”. Será que estamos vivendo ou apenas aparentando isso nas redes sociais, será que estamos abrindo mão de tempo e de experiências por medo, será que não sabemos dizer não, será que temos real noção do quanto somos capazes de magoar ou contribuir para que alguém se sinta melhor?
– Dói muito se ver como se é de verdade – nem sempre a gente é o herói que imagina ou (a) o vilã (o) como somos apontados – e a filosofia ajuda isso ao fazer a gente se questionar os nossos próprios limites.
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Se você não sabe responder, talvez esteja consciente de que a filosofia é muito mais do que uma disciplina banal.
Links: Goodreads livro e Héctor Lozano e Rebecca Beltrán; site da editora; Skoob; mais do Héctor Lozano e Rebecca Beltrán no Literatura de Mulherzinha.
Arrivederci!!!
Beta