Menu fechado

Quando éramos filósofos: a história dos alunos de Merlí – Héctor Lozano – Cap. 1613

Ciao!

 

“A esperança é o sonho dos que estão despertos” (Aristóteles) 

Já contei que não tenho Netflix, mas isso não me impede de querer saber sobre as séries. Há um ano, falei sobre A filosofia de Merlí e agora não perdi a chance de ler este desdobramento da série.
Quando éramos filósofos: a história dos alunos de Merlí – Héctor Lozano – Faro Editorial
(Cuando fuímos los peripatéticos: la novela de Merlí – 2018)
Personagens: professor Merlí Bergeron e os peripatéticos
Merlí Bergeron é o professor de filosofia no Ángel Guimerá em Barcelona. O impacto dele na vida de um grupo de alunos, que ele batizou de peripatéticos, como os que aprendiam com Aristóteles. O livro é narrado por um deles, o filho de Merlí, Bruno, para a meia-irmã, Mina. Sabemos da vida dos alunos fora da sala de aula e de como o professor mudou a forma deles encararem e buscarem um sentido para a vida. e de que forma a filosofia é tão atual que a gente nem percebe.
Comentários:

“Nas escolas, ninguém sabe o que se passa na casa de cada aluno. Na aula, todo o mundo mostra um sorriso, mas arrasta a mochila emocional do que vive em seu lar, quer seja para o bem, quer para o mal” 

O autor do seriado, Héctor Lozano contou que não existe um professor tão legal quanto Merlí, por isso ele teve que criar um. Como disse no texto anterior, o método dele me lembrou muito de como Mr. Keating, de Sociedade dos Poetas Mortos, incentivava os alunos a pensarem e tirarem as conclusões além das decorebas da vida. 
 
Merlí não pode ser limitado ao pedestal de herói, porque é extremamente falho, portanto, humano. E a maneira como ele via a vida e transmitia conhecimento impactou em seus jovens alunos. Muitos de nós se lembram das aulas de Filosofia como coisas chatas e nada práticas atualmente. Merlí explica exatamente onde as ideias pensadas muitos milênios atrás se encaixam nas nossas vidas. Isso tira a poeira e a chatice da matéria. 
 
Ao se lidar com adolescentes, claro que as emoções estão fervilhantes e confusas. E eles enfrentam vários conflitos relacionados à autoestima, às expectativas de si mesmos e que os pais projetam contra eles, dos primeiros amores e das primeiras rejeições, sobre a sexualidade, sobre desejos, sobre sonhos, sobre frustrações, de tomar decisões e arcar com as consequências, de acertar, de errar, errar muito, errar feio. No meio desse contexto, lidam com a pressão escolar – encontram nas merlinadas uma forma de subverter regras – enquanto aprendem sem perceber. 

“O papai explicou na aula que o filósofo francês Michel Foucault falava do conceito de normalidade. Pode-se dizer que normal é o que tem que fazer, que tem o comportamento que uma sociedade considera adequado. Mas o que aqui é normal pode não ser em outro país, ou o que agora nos parece normal pode não ter sido dez anos atrás. Foucault refletia sobre a confusão entre o que é normal e o que é correto” 

Merli e seus peripatéticos constroem uma relação real – com altos e baixos, com confiança, mancadas, falhas e virtudes. Ele os desafia a pensar, a trazer todos aqueles filósofos e suas teorias para a vida de cada um – para bem ou para mal. Disse na primeira resenha e repito nessa (mesmo sem ter visto o seriado): se eu tivesse encontrado um Merlí em algumas disciplinas, teria aprendido ainda mais – porque ele ensinou seus alunos a compreender e a praticar. 
 
– Desta forma, muitos conflitos que eles enfrentam encontram respaldo – seja gasolina ou o extintor de incêndio – nas discussões em sala de aula. Não foi à toa que o autor ressaltou, de novo, que nunca encontrou um professor assim e por isso teve que inventar. 

“Vamos aproveitar o momento. Isso foi o que o papai nos ensinou desde a sua chegada: aproveitar o momento, entender que a vida não é apenas um caminho chato por onde a gente cai e se machuca, praticar a felicidade para combater a passagem do tempo” 

Não darei spoiler, até porque o resumo e o início já entregam um fato importante. O livro nos apresenta mais sobre os alunos e o que motivava a forma como Merlí e eles interagiam – porque o mundo extraclasse
influenciava diretamente nesta relação. Foca muito nas dúvidas e incertezas pessoais de Bruno e na relação complicada que misturava pai e filho, professor e aluno. 
 
– Merlí ensinou cada um de seus alunos a buscar a liberdade de ser quem são, assumindo riscos e consequências. Talvez seja o maior desfaio que um educador – pais, professores ou responsáveis – possa enfrentar ao contribuir para a formação de outra pessoa. Ainda mais em um mundo onde tudo muda o tempo todo. E várias questões envolvendo moral, ética, respeito, bom senso, verdade, mentiras foram relativizadas conforme a ótica de quem vê. 

A gente se ama. Com nossas imperfeições.

 
Arrivederci!!!
Beta

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *