Ciao!
“O que isso vai mudar na sua vida?!”
Estou começando a história pelo quase final. Melhor explicar direitinho, né?
Quem acompanha o Literatura de Mulherzinha ou as minhas redes sociais, sabe que eu sou fã do Il Volo. (Não conhece? Leia o texto sobre Un’avventura starordinaria).
O talento de Piero Barone, Ignazio Boschetto e Gianluca Ginoble – seja nos covers ou nas canções próprias – me ajudou a enfrentar alguns momentos causados ou que levaram ao combo depressão, ansiedade e pânico.
Com tratamento indo bem, eu decidi ir a um dos shows da próxima turnê que viesse ao Brasil e que estava “treinando” (na medida do que a minha falta de talento vocal permitia) as canções do repertório.
Não vieram em 2018. Mas a #MusicaTour teria cinco datas no Brasil neste ano. A última, no Rio de Janeiro, seria em 27 de outubro.
Aham.
Fiz a “loucura” e comprei o ingresso numa fileira próxima ao palco. Sim, o máximo disponível bem na frente. Um presente de aniversário adiantado que considerou a miopia, o astigmatismo e a lente direita dos meus óculos que já viu dias melhores (os óculos com as novas lentes só chegaram em novembro).
Foram cinco meses me preparando. Afinal de contas, as consequências do “combo” na minha vida incluíram pavor de viajar, medo de ambientes desconhecidos e desconforto em locais com luzes fortes e som alto. Sabia que teria que me esforçar contra mim mesma para estar lá e aproveitar cada momento. Nunca fui a um show fora de Juiz de Fora. Muito menos de artistas internacionais.
E o ingresso se tornou um motivador nos dias mais difíceis e nas reviravoltas que aconteceram até 27 de outubro. Apesar do medo de fazer algo fora da zona de conforto, eu lembrava o número da cadeira e repetia pra mim mesma: “vai valer a pena, você vai ver o Il Volo de perto”.
Vou poupá-los de outros detalhes secundários e ir ao que interessa: o que posso dizer sobre o show?
Acertei a previsão – fez cada centavo valer a pena. Pra quem gosta, como eu, três lindas vozes cantando músicas que conversam direto com diferentes cantinhos da minha alma são um programa imperdível. Daqueles que a gente fala “devia ter vindo antes” e emenda “vou trabalhar pra voltar no próximo”.
Sim, eles não são delírio de uma garota que necessitou se apegar em qualquer esperança de luz em dias muito tristes, confusos e nublados. Sim, as vozes são “de verdade” – e eles ainda abriram com Nessun dorma, o que, convenhamos, é marcar gol de placa mal o juiz apitou o início da partida.
*Aqui cabe um PS.: o Piero estava gripado. E eu saí de lá pensando que a voz dele sem estar 100% dava um banho em muita gente por aí. Se alguma coisa afeta a minha garganta, a minha voz vira um misto de Pato Donald, Taz e Patolino, ou seja, só muito antibiótico na causa…*
Foi bem divertido vê-los misturando Italiano, Português, Espanhol e Inglês e todo mundo se entendendo. Aliás, o Gianluca devia investir em música popular brasileira, combina demais com a voz dele.
(Quero deixar registrado que até o presente momento, gostei de tudo que eles cantam. Só muda o quanto gosto mais de uma ou outra música).
Ri bastante da interação entre eles e dos três com o público – o Ignazio cismado com a “senhora do vinho”. Piero ficou mais quietinho (mas buscou um pedaço de pão pro Ignazio). Sobrou pro Gianluca tentar manter algum controle no palco – e recusar carboidratos.
Fiz vários vídeos, mas por respeito aos ouvidos de vocês, não vou publicar. Eu pretendia ficar quieta e só admirar, mas sempre que me sinto feliz canto (mal) junto. E não tinha como resistir acompanhar os rapazes.
Ainda mais quando vi que algo que não esperava aconteceu. Depois de me preparar para ouvir o tributo à Mia Martini, Almeno tu nell’universo (que ficou espetacular, diga-se de passagem)…
… Eu vi e ouvi Ignazio Boschetto cantar Memory ao vivo. Pra resumir o que essa música representa para mim, recentemente, quando eu estava sentadinha lá no fundo do poço, a interpretação dele me fazia companhia e me ajudava a sair e encarar outro dia.
Basicamente, quando eu não tinha esperança, pegava emprestada a que ele transmitia na música pra seguir em frente, como fosse possível até que passasse. Porque tudo passa. Isso é fato.
vídeo do All About Il Volo, da apresentação em Curitiba, pra quem não tem ideia da música. Assim que achar um vídeo em boa qualidade da apresentação no Rio coloco aqui.
Então, nem preciso dizer. Cantei junto (longe de ser tão bem quanto ele), a mão tremeu (o meu vídeo parece que foi feito por alguém que estava no Samba, aquele brinquedo de parque de diversão).
Eu me senti em paz.
Foi uma longa jornada desde as noites de insônia e medo no quarto de hóspedes da minha irmã até aquele momento. A minha vida está longe de estar perfeita atualmente. E isso não é algo sufocante nem opressor. Eu não preciso mais de pegar emprestada a esperança do Ignazio. Eu reconstruí a minha força interior para encarar a vida – com as alegrias e as dificuldades inerentes ao caminho. Sem lágrimas, apenas paz.
Ah, pra quem viu essa foto: esse girassol era pro Ignazio. E foi entregue, tá?
As duas horas de show voaram. Aproveitei cada instante. As fotos não ficaram boas – sou melhor com palavras que com imagens, admito. Graças a Deus e quem Ele designou pra cuidar de mim, não chorei. Beleza sempre me emociona. Mas eu disse pro meu cérebro pra evitar isso porque lágrimas, miopia e óculos nunca são uma combinação útil. E eu não queria perder nem um momento.
E quando estava do lado de fora, na luta por um táxi, um rapaz muito irritado gritava que tinha sofrido preconceito no local do show. No meio da revolta dele, decidiu falar (bem alto) comigo. Foi ele quem fez a pergunta que abriu este texto.
Eu não respondi, porque não adiantaria para resolver o problema dele e porque ainda estava processando meus sentimentos diante de tudo que tinha ouvido e vivido. O quebra-cabeças da minha vida encaixou uma pecinha importante alguns dias depois, quando pude racionalizar e me entender.
Espero que, se ele ler isso, entenda que tudo que houve no show não vai mudar nada na minha vida.
Ela mudou antes. Tudo que tive que enfrentar e resolver para poder estar lá. Porque eu estava perdendo de goleada para a doença e consegui me reencontrar – com muita ajuda especializada, tratamento adequado e muito afeto das pessoas que acompanharam os diferentes impactos na minha vida.
E agora? Vida que segue.
Hoje completo mais um aniversário, com novas metas, projetos, sonhos atualizados e pensando nos 15 anos do Literatura de Mulherzinha em 2020. Fazendo todo dia o possível para “mente sã e corpo são”.
E, sim, espero ter a chance de ir a outros shows do Il Volo.
Arrivederci!!!
Beta
Feliz aniversário Beta! Que bom que você achou esse apoio na música. Passei por uma situação semelhante e me agarrei nas músicas para me reerguer. A música é uma boa amiga, ouvinte e apoio em dia sombrios. continue forte e persevere e quando a tristeza se aproximar você já sabe o antibiótico perfeito.