Ciao!
Disponível na Amazon
Tem livro que a gente não espera e nem prevê que vai ler. E ele realmente se revela perfeito para o momento da nossa vida.
Este foi o caso deste livro comigo.
O colecionador de saudades: Histórias e poemas para celebrar o presente – Allan Dias Castro – Sextante
(2023)
O autor Allan Dias Castro mergulha na saudade, como uma forma de entender os sentimentos após viver extremos em poucos meses: a perda do pai durante a pandemia e o nascimento da primeira filha. Nas páginas do livro, ele compartilha histórias pessoais e exerce uma observação poética sobre a vida em diferentes instantes e significados.
“Será que viver é colecionar saudades até deixar?”
Em menos de um ano, Allan perdeu o pai e pegou nos braços a filha. Em plena pandemia, quando todos os sentimentos estavam à flor da pele pelas razões que bem sabemos. A montanha-russa que ele viveu por causa do isolamento, da descoberta da gravidez, da doença e da morte do pai, do nascimento da filha.
Luto e alegria embolados, misturados, ofuscando, pesando e confundindo. Um revirão de sensações que ele conseguiu transformar em texto, em prosa em poemas neste livro.
Allan chegou naquele estágio em que a gente para de ser tirado obrigatoriamente para dançar pela dor e aprende a conduzir a dança. Sabendo que não adianta fugir, porque a dor sempre irá nos encontrar (e em alguns casos, adiar pode ser pior). Só que depois do tempo fazer o trabalho de colocar as coisas em seus novos lugares, a dor se torna saudade. E a certeza, como está na capa do livro…
“É um ciclo, siga em frente.
A gente não perde quem vive na gente”
Como todo mundo passei por perdas, algumas muito traumáticas. Muitos motivos que me levaram para o combo ansiedade, pânico e depressão, passa por processos de lutos que não foram vivenciados corretamente, porque outras situações emergenciais se impuseram.
Racionalmente, a gente sabe que a vida tem começo, meio e fim neste plano – variando claro o tempo de cada um. Alguns poucos, outros muitos. Emocionalmente, é difícil entender. E vale inclusive quando você não tem ligação direta com a pessoa. Trabalhando como jornalista, volta e meia acompanho tragédias e é inevitável me colocar no lugar.
“E se fosse comigo?”
Talvez é porque a gente insiste em racionalizar algo que nunca tenhamos a capacidade de compreender plenamente. A vida é imensa e a gente não consegue compreender todas as sutilezas desta imensidão.
E aí que entra saber se dar tempo, para o amor vencer a dor e a saudade se manifestar de forma onde a gente se lembra de quem já não está fisicamente ao nosso lado com um sorriso. Aí a gente aprende a colecionar e compartilhar saudades, enquanto segue em frente.
“Leve só o que te fez sorrir”
Para além da despedida e da chegada, Allan reflete sobre as coisas que nos distraem do que realmente importa na vida: valorizar o presente. A gente se prende ao passado, perfeito ou imperfeito, e antecipa ou teme um futuro que ainda não chegou e nem sabemos se não vai chegar.
Enquanto isso, em uma espécie de limbo entre aquele que deixou de ser e aquele que pode ser que será, está o presente. Aquele monte de pequenos momentos que só fazem sentido quando você está ali de corpo e alma para se lembrar deles depois.
E também inclui outras pessoas, aquelas que ficam ao seu lado todos os dias da semana faça sol ou faça chuva. Nem sempre o que faz a gente sorrir é material, mas pode ser afetivo. Bolinho de chuva. A voz especial que te cumprimenta tão logo você chega. O abraço. O cochilo na mesma cama. As flores bentas de Santa Teresinha que se tornaram pétalas dentro dos livros ao lado do terço.
Por uma vida onde a gente saiba reconhecer estes momentos e colecioná-los.
“Troque a perfeição dos planos pela beleza dos momentos surpreendentes”
E apenas para deixar registrado, com certeza, este livro volta entre os melhores do ano. Justamente por ter sido inesperado, tão profundo e me cativado com o azul da saudade, da melancolia, mas da imensidão e do infinito do céu ou do mar.
Caso você tenha a chance, leia. Não vai se arrepender. Ele também vai conversar com você. E será muito bom. Pode confiar.
– Links: site da editora; Skoob; mais dele no Literatura de Mulherzinha.
Arrivederci!!!
Beta