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Cap. 485 – Outra vez o amor – Sara Wood

Sim, você já viu este livro aqui antes. No post sobre gregos, quando eu o li por causa da famosa e finada parceria NC-Harlequin. Aproveitei que ele foi relançado, para explorar mais o assunto.

Outra vez o amor – Sara Wood – Paixão 234 (Clássicos)
(The Kyriakis baby – 2001 – Silhouette)
personagens: Emma e Leon Kyriakis

O romance de Emma com Leon foi rompido de forma brusca e ela acabou se casando com o irmão mais novo dele, Taki. Mas a história não teve final feliz: ela foi acusada de roubar a empresa da familia, foi presa, ficou viúva e perdeu a guarda da filha, Lexi, para Leon. Dois anos e meio depois, Emma recebeu um induto e partiu para a Grécia, disposta a recuperar a filha, nem que tivesse que roubá-la. Leon está disposto a provar que Lexi não precisa de uma mãe, muito menos, uma como Emma. Só que o romance passado entre eles ainda é forte e Emma está disposta a provar que foi condenada injustamente, porque era inocente.

Curiosidade:

– É uma republicação de uma história que foi lançada ainda na época da parceria NC-Harlequin. E é inesquecível. E não, não é por uma boa causa. Ele é marcante na minha vida porque foi um dos primeiros que eu li e tive vontade de gritar do início ao fim. Talvez promover uma reunião de mulheres de gênio ruim para me ajudar a bater bastante no mocinho.

– Na resenha original, comentei que a mocinha parece saída de uma novela mexicana. Uma daquelas “Maria qualquer-coisa” que fica pobre, rica, mais ou menos, perde filho roubado, seqüestrado, morto, desgraça, desgraça, desgraça, aí tem alguma micropausa e voltam as desgraças até o final feliz, nos últimos instantes do capítulo final (isso se não ficar no ar que a vilã não morreu e vai voltar pra se vingar). Basicamente, guardadas as devidas diferenças, é um resumo da trajetória de Emma (ou Crystal, na edição que li primeiro) nesta história da Sara Wood.

– No prólogo, você, leitora esperta e descolada, já pesca que vai acompanhar uma história de redenção de uma mocinha injustiçada. Emma está presa, acusada de fraude financeira como diretora do banco da família do marido – que está morto. A filha dela, ainda bebê, tinha sido levada pelo cunhado, Leon. O livro começa com o encontro de Leon (que vem a ser ex-namorado de Emma) com ela na cadeia, do desespero dela em saber sobre a filha e exigir o bebê de volta, apesar do desgaste emocional de ter sido condenada por um crime que jura não ter cometido. No entanto, Leon não demonstra a menor misericórdia – porque tem certeza de que ela é desonesta, infiel, ladra e responsável pela morte do irmão.

– Dois anos e meio depois, Emma está livre e viaja para a Grécia, atrás da filha, que ainda vive com o ex-cunhado. Quer um acordo para ficar com a guarda dela – e se não der certo, não irá hesitar em seqüestrar a menina para recuperar um direito que não deveria ter sido retirado dela. Claro que Leon não pretende facilitar e resolve vigiá-la, a fim de conseguir alguma evidência que possa usar para impedir que ela se aproxime da filha. No embalo, ressurge a atração que existiu entre eles – e Leon deliberadamente se utiliza disso pra controlá-la. E dá-lhe humilhações, acusações, direta ou indiretamente, ele a rebaixa perante a honesta, honrada e impoluta família dela. Não reconhece que o rompimento do namoro de ambos foi traumático o suficiente para empurrá-la para o relacionamento com o irmão. Ele guardou mágoa porque ela ficou com Taki, ignorando que ele mesmo se casou com outra garota, para a conveniência da família.

– E a certeza de Leon era tamanha que ele nem mandou investigar Emma (foi a única coisa que faltou neste livro: aquela investigação mal-feita que comprova tudo o que o protagonista pensa da garota, até todas as evidências em contrário gritarem mais que tietes escandalosas perto dos ídolos) – acreditou nas evidências que fizeram a Justiça condená-la, reclamou da Justiça quer reduziu a pena dela de cinco anos para dois anos e meio porque ela tinha adoecido na prisão – e ainda debochou quando descobriu que ela só viajou para a Grécia seis meses depois de solta (ou seja, em nenhum momento, ele perguntou que tipo de doença seria capaz de tal misericórdia por parte da Justiça. Ou ele acha que basta uma virose/alergia/resfriado para todo mundo ganhar redução de pena?). Ele namora a garota, conhece a garota e, em nenhum momento, duvidou do que foi dito a respeito dela! Enfim, não dá para torcer por um homem desses.

– A redenção vem a partir do fim do capítulo 10. A partir de uma descoberta chocante, Leon começa a questionar tudo e se lembra de que pertences do irmão estavam trancados em um quarto na villa desde antes da morte de Taki. Ou seja, tudo que poderia ter evitado o sofrimento “pão-que-o-mal-amassou” que Emma enfrentou (incluindo a crueldade no casamento, a prisão, a doença, a separação da filha, o nome sujo, todas as humilhações possíveis) estava num quarto estilo “caverna de Ali Babá” na casa do protagonista. E, pelo que dá a entender, ele nem era tão ligado assim ao irmão para sentir a dor da perda sempre que olhasse para os pertences dele.

– E então, após a verdade vir à tona, eis um diálogo que deve ter sido colocado ali, só para ser a cereja do bolo para meu eu escorpiano gritar mais que uma banshee enfurecida:

– Perdeu sua reputação, seu emprego, sua liberdade e sua filha – murmurou com a voz rouca.
Tudo parecia ter acontecido há séculos. Eram águas passadas. E o futuro se delineava como algo maravilhoso. Emma sorriu.
– Porém ganhei você de volta. E recuperarei Lexi, não é? – beijou o ombro de Leon com amor.
– Não consigo me perdoar – disse ele.
– Se eu posso, você também – retrucou Emma com uma risada. – Leon, estou feliz. Maravilhada. Você me ama. Só existe mais uma coisa que desejo.
Ele rolou na cama com os olhos brilhantes de lágrimas.
– Uma xícara de chá? – perguntou em uma tentativa de fazer piada e romper o clima tenso.
Emma sorriu de novo.
– Lexi, seu bobo. […]”
(capítulo 12, p.178-179)

Ou seja, a protagonista sofre, sofre, sofre, sofre e perdoa num piscar de olhos. É muito altruísmo para meu eu escorpiano que exigiria uma demonstração mais demorada do arrependimento do protagonista. Mas é sempre assim, 95% do livro de sofrimento e happy end vapt-vupt.

– Claro que vão ter pessoas que vão ler este livro com outra interpretação: a coragem de uma mulher, Emma, que tem que vencer a desconfiança de tudo e de todos para recuperar a filha e limpar o nome, após ser acusada – e condenada – por um crime que não cometeu. Tudo isso agravado pelo conflito com o seu atual inimigo – o guardião de sua filha é um ex-namorado, irmão do falecido marido, esse sim, o culpado da lambança toda. E o fato de estar no ringue com Leon será um desafio ainda maior, porque, lá no fundo, eles ainda se amavam, mas as feridas no relacionamento eram profundas demais para serem recuperadas.
Eu até preferia acreditar nesta versão, mas, desculpa, não consigo.

– E pra não dizer que fui a única a me irritar com o livro, dêem uma olhada no que escreveu a Flavinha, na resenha para o Mulheres Românticas.

Bacci!!!

Beta

5 Comentários

  1. Mona

    Cara escorpiana INDIGNADA… Apesar de ser ariana, identifiquei-me em gênero, número e grau e não poderia ter sido mais assertiva nas palavras contra esta criatura. (Não sei qual dois dois merecem uma surra primeiro). Esta história me lembra "De repente, pai". Nossa, quase infartei quando a li.
    Gosto muito de seu blog, inclusive ele está recomendado na listagem dos blogs que mais gosto na primeira página do meu.
    Abs.

  2. Ili

    Oi, quando vi no site da Harlequin o nome do livro, pensei esse nome não é estranho, acho que li um livro com esse nome e após ler a sinopse tive certeza, somente tinha ficado confusa com os nomes das protagonistas que eram diferentes, porém lembrei do hist´roa e inclusive da capa. como detestei esse livro, fiz a troca na banca sem arrependimento!!!

    Beijos

  3. Sil de Polaris

    Minha antipatia seletiva para com títulos de romances ambientados de século XVII em diante existe por essa razão: eu não teria paciência com um herói arrogante, além de toupeira, como Leon, e com uma heroína jumenta, apesar de corajosa (cof, cof, cof, um pouquinho, puxa !!!) como Emma (aliás eu preferia Crystal !!!). Talvez heróis e heroínas medievais, por exemplo, não sejam tão toupeiras por sua época ser muito mais trabalhosa (sem celular, sem internet, sem veículos motorizados, etc, etc, etc), fazendo-os não terem como ser tão rasos como pires, sendo muito mais cativantes (sua autora ajudaria muito nisso certamente !). Eu começaria essa história fazendo Crystal lembrar-se de tudo o que passara, incluindo casamento, prisão, viuvez, com perda de guarda de filha e visita de ex-namorado em sua prisão para falar que ele era guardião de Lexi, para ambientar e atualizar leitoras com seu flashback. Então faria-na conseguir uma aliada inesperada poderosa, encarnada em uma tia velha, impetuosa e intrometida, pela banda grega daquela família, como uma Nêmesis, falando sobre aquele tal quarto de seu esposo falecido, onde ela poderia entrar em qualidade de sua viúva, para encontrar seus documentos inocentadores e resolver sua tragédia grega pessoal por conta própria. Então seria hora de encarnar aquela Artêmis que existe em toda mulher para fazer Leon pular contadinho e miudinho cada vez mais, antes de abrir espaço para Eros redespertar Afrodite e trazer Hera de volta ao cenário caseiro, em torno da página 290. ^^
    Mas tudo o que pude fazer foi imaginar que não seria nada mal fazer Leon escorregar por um escorregador gigante forrado com lixa de pintor de parede para cair em uma piscina cheia de álcool !!! (grrrrrrrrrrr !!! …) Em tempo: eu adorei seu chilique adulto e sua epifania adolescente, Betinha Gatinho-Loiro-De-Óculos, em "Amor Bandido" !!! ^^

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