Todos que visitam as resenhas do Literatura de Mulherzinha sabem que há certos tipos de características de personagens que me irritam. Este livro deu azar, me pegou em um mau dia – ou seja: esconda o herói porque temos uma escorpiana vingadora à solta!
Promessa de Sedução – Sara Craven – Jéssica 41
(Wife against her will – 2006 – Mills & Boon Modern Romance)
Personagens: Darcy Langton e Joel Castille
Liberdade. Era algo que Darcy sonhava, mas nunca teve. Sempre fez o que o pai queria, para compensa-lo por nunca ter tido um filho. No entanto, agora parecia ter chegado ao limite, que atendia pelo nome de Joel Castille. Anos antes, mantivera uma situação desagradável em segredo e, agora, por isso, estava nas mãos do bilionário com quem seu pai queria casá-la. Mais uma vez, sem ser consultada, aceitou se casar, desde que fosse um casamento só no papel. Só que Joel não estava muito disposto a cumprir a parte do acordo e estava convencido de que a faria mudar de ideia…
Comentários:
– Cinco coisas que ODEIO em um protagonista de livro – qualquer um.
1. Sabe-tudo: muitos heróis – não apenas o deste livro – tem uma séria tendência a achar que estão imbutidos do poder de ter todas as informações sobre um assunto. E adivinhe: justamente o que ele não sabe (ou ignora ou não acredita) é verdade!
2. Egocentrismo: eles não souberam interpretar a frase “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Não entenderam que este “Eu” era uma força superior em que as pessoas se inspiram (porque a única inspiração que uma criatura assim me desperta não é muito positiva). Odeio gente que pensa que o mundo – e todos os habitantes nele – devem girar ao redor dela, satisfazendo cada capricho, querendo ou não. E ai de quem tenta bater o pé. Nenhuma retaliação é injusta, desde que vinda dele, ser supremo, claro.
3. Egoísmo: Se ele sabe tudo e o mundo gira em torno dele, então pra que considerar os sentimentos dos outros. Ainda mais de uma mulher que ele deseja embora despreze (neste caso, mas já vi outros que se utilizam de problemas de irmãos, amigos, conhecidos, parentes, para pressionar a infeliz objeto da atenção e desejo a fazer o que ele quer sem direito a emitir um pio contra).
4. Insensibilidade: Total e irrestrita incapacidade de ouvir a opinião do outro quando não lhe convém. Como disse no item #1, ele acredita piamente nas informações que reforçam sua opinião, seja vinda da criatura de pior caráter do livro, de jornais de fofocas, mães venenosas e rivais femininas psicopatas. E – aqui – o … (complete como quiser) tem a cara de pau reluzente por óleo de peroba de grife de, ao descobrir a verdade, usá-la de acordo com a conveniência dele se aproveitando da confusão dela.
5. Impunidade: Aí depois do protagonista aprontar todas e mais algumas, elevar a minha ira escorpiana à enésima potência (aquele que fica a um cisco do acidente nuclear) – e devo confessar que, em alguns casos, há a anuência da mocinha – o livro termina sem o … (complete como quiser) descer (ou ser derrubado a golpes inspirados em Kill Bill) do salto, altar, pilastra e perceber que a vida não é bem assim, o mundo não é bem assim e que conviver não é um “faça o que eu digo e eu faço o que quero” mas um “todos temos virtudes e defeitos e precisamos entrar em consenso”. Perdoado de todos os males e lágrimas que causou, de toda tortura psicológica e humilhação que cometeu após um “eu te amo” praticamente cuspido a contragosto nas linhas derradeiras depois de mais de 100 páginas de sofrimento de quem ler (isso na versão otimista, ou seja, quando há um “eu te amo” ou algo vagamente semelhante).
– Eu já fiz vários posts sobre a Sara Craven aqui no LdM. Alguns livros dela se enquadram no que chamo de “vingador pretensioso quebra a cara”, algo que confesso adorar (desde que sem ler em excesso, porque fica enjoativo). No entanto, confesso que o que moveu a minha leitura aqui foi ver até onde Joel iria. E ele não me decepcionou – fez até mais do que eu esperava, uma inacreditável capacidade de superação negativa. Chantageou, trapaceou, pressionou, mentiu, omitiu, coagiu, desrespeitou, fazendo o que queria, quando queria, sem levar os sentimentos de Darcy em consideração.
– E Darcy é passiva até dizer “Chega, fia! Vamos à luta!”, só que ela não tem como fazer isso, porque sempre foi manipulada ao bel-prazer de homens pretensiosos e onipotentes (primeiro o pai e depois Joel), sendo obrigada a fazer o que eles queriam, não o que ela tinha vontade. Incluindo abrir mão de carreira e até mesmo ir ao altar como e quando eles decidem. Até que é mais fácil parar de resistir e se unir a eles (alguma estudiosa de psicologia ou talvez psiquiatria pode me dizer se tem uma síndrome para isso): ou seja, não basta ser torturada, ela passa a sentir falta do carrasco e passa a amá-lo. Não sei se isso é romance para alguém. Para meu eu escorpiano – e mesmo para meu disperso eu geminiano – não é. Como eu disse, estou em um dia irritante e não consigo pensar em algo diferente sobre este livro.
– Ao pesquisar no Google, encontrei outro livro da autora com o mesmo nome, pelo menos, em Português. Neste site e também aqui, há informações sobre este homônimo com história diferente.
– Não achei site oficial sobre a autora, mas na Wikipedia há uma informação de que este livro faz parte de uma série multi-autor chamada Wedlocked! Outra biografia e os lançamentos mais recentes estão na página sobre ela no eHarlequin e descobri até um Romance Wiki sobre ela – nem sabia que existia esse site!
Bacci!!!
Beta
Calma, Beta
kkkkkkkkkkk
Qndo esse tipo de personagem ñ sofre castigo dá raiva mesmo. Mas por curiosidade, vai procurar os outros livros da série?
Adoro sua língua ferina, morro de rir XD
Aline
Depois de um dia infernal, só essa resenha para melhorar meu humor!
Com certeza passo longe do livro, mas que ri muito com a resenha ri.
Obrigada pels ótimas tiradas e opiniões como sempre.
Bjkas!
Monique
Ok, ok, ok, esta psicóloga de plantão ficou sensibilizada com sua questão, então vamos teorizar um pouquinho, visto que não conheço minha paciente, sequer vi sua anaminese ou histórico vital.
Penso em duas possibilidades muito amplas e muito básicas a princípio como queixa inicial: desamparo aprendido e masoquismo. Em desamparo aprendido: ela fez tudo o que estava ao seu alcance para resolver esta situação e suprir suas necessidades visando seu bem estar, mas tudo foi em vão. Qualquer coisa que ela fizesse foi inócua, deixando-a frustrada e presa àquela situação insolúvel, portanto ela deixou-se ficar desamparada por não conseguir resolver seus problemas por mais que tentasse. Em masoquismo: ela sente prazer ao ser torturada, mesmo que psicologicamente apenas, pois encanta-se com o que chamaria de príncipe encantado, idealizado no macho dominante que assedia-na, dobrando-a à sua vontade, confundindo ser submissa com estar protegida, o que dá-lhe prazer inconsciente, pois ser protegida é agradável, como um ganho secundário, associado à situação aversiva.
Sil,
Você bem que poderia fazer uma análise dessas na resenha do Amélia. Mas, apesar de ser advogada e não psicóloga, de acordo com o que você escreveu acima, me arrisco a dizer que ela é uma masoquista típica.
Qual é a sua opinião técnica sobre o assunto? A Diana Palmer tem jeito? kkkkkkkk
Beijos!
Diana Palmer é um caso sério de autora sádica com seus personagens femininos (veja o tópico de Amélia, por favor !) ^^
Olá meninas..adoro este blog, mas só agora tomei coragem de postar. Amo as autoras Sara Craven e Lynne Grahan
Gostaria de saber se vocês tem conhecimento se algum dos livros dela tem uma personagem chamada "Dânfany". Quero saber o nome do livro para descobrir a origem do meu nome… Obrigada!