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*** Analisando…

Se gosta da série Harry Potter – Hum… aceitável se tem até 10 anos, razoável se tem até 17 e acima disso… vai se tratar.

Se gosta de horóscopo – aham… melhor nem comentar.

Se gosta de Tchaikovsky – bom gosto, pessoa refinada.

Se gosta de sertanejo – desculpe, você é brega.

Se vê novela e/ou futebol e/ou BBB – mais alienado impossível.

Se lê Veja, Isto é, Folha de São Paulo – parabéns, pessoa que quer se informar.

Se lê O Globo – aposto que apóia o governo, seja qual for.

Se gosta de funk – tá na cara, com certeza, é vulgar.

Se segue os preceitos da Bíblia – é beato.

Se fala bem Português – é culto.

Se fala e compreende mais de uma língua – com certeza, é super qualificado para se dar bem em todos os aspectos da vida.

Se gosta de música pop norte-americana – não valoriza a nossa grande história.

Se gosta de Jazz – aí, sim, vale a pena.

Se for garota e gostar de futebol – óbvio: é maria-chuteira. Só está ali por causa dos jogadores, de preferência, os que possuem o talento monetário.

Se é mineiro, é caipira. Paulista, arrogante. Carioca, bandido. Baiano, descansado. E se for brasileiro, subdesenvolvido.

***Você pode ter concordado com algumas destas frases, com nenhuma ou até mesmo com todas. E o que elas têm em comum é o fato de não passarem de informações superficiais sobre alguém. Você não pode definir toda a gama de características de uma pessoa por apenas um detalhe. Ouvi uma comparação que não deixa de ser interessante (ou brega, para alguns): cada um é como um caleidoscópio, brilha diferente dependendo da luz. É o conjunto da obra que faz a diferença. Já dizia ditado de vovó: apressado come cru.

Por isso, sugerir com todas as letras que os livros de romance são para mulheres mal-resolvidas, românticas, solteironas me parece um esterótipo de quem se conforma com uma análise rasa e pobre. Quem diz que os livros são mal escritos e que gostar dele é sinal de mau gosto sem saber do que está falando também pode entrar nessa lista. Aproveita e inclui um cidadão que classificou esses livros como “livros de empregadas domésticas”. Ah, tem outro também que comentou, em sala de aula, que quem lê esse livro não tem senso crítico nem cultura. E todos aqueles que sempre saem com um “Você não lê coisa melhor, não?”

Por favor, né? Qual é o problema com os livros? Ler faz bem. Ler incentiva a imaginação – coisa que anda muito em falta neste mundo moderno. Afinal de contas, é mais fácil pegar tudo mastigado e seguir a opinião alheia, com medo de ter a própria. Ler incentiva a escrever melhor – adivinha, outra ausência sentida onde as pessoas só querem tc com vc (e toda gama de abreviaturas nas quais eu ainda me perco). Ler aproxima você dos outros. Nem que seja através de letras pretas impressas no papel branco – mas é como se, através daquelas palavras, acontecesse uma conversa. Ler ensina, faz você pensar, refletir, rever opinões, aprender novas coisas. E mesmo quando você não gosta do que leu, costuma ter uma série de razões para isso – o que é muito melhor do que o “não li e não gostei”. Ler incentiva a ler mais… O que desperta a pessoa a procurar sempre novas opções, novos autores, testar novos estilos… Ler desperta a curiosidade que, quando bem guiada, é combustível para aperfeiçoar a inteligência. E o melhor: indicar aos amigos, parentes e conhecidos. Porque eu não conheço uma pessoa que goste de ler que não saiba sugerir algumas opções para os outros.

Como já citei em outros posts no LITERATURA DE MULHERZINHA, sou totalmente viciada em livros. E ao contrário da impressão negativa, esse não corrói minha vida, mas a torna ainda melhor. Além de ser uma companhia muito mais interessante em certos momentos (aprendi que com um livro na mochila a espera na fila do banco, na sala do dentista ou mesmo aquele passeio relaxante no parque fica muito melhor). Quando estou alegre, leio. Quando estou triste, leio. E quando não estou lendo, é que o problema é sério.

E ao contrário do que a análise precipitada pode inspirar, não busco soluções para a minha vida nos livros. Ainda mais porque não há possibilidade de eu ganhar uma varinha de Oliveira com pena de Fênix para estuporar aqueles que atravancam caminhos alheios. Ou de chamar a Sociedade do Anel para me ajudar no trabalho – ainda mais porque eles vão preferir Sauron em pessoa à desgastante rotina que a vida moderna exige de todos, especialmente das mulheres. Muito menos, vou despencar no Santiago Bernabéu para vibrar ao som de HALA MADRID! junto com os outros torcedores merengues após uma vitória do Real Madri em casa (aham, exceto talvez os outros times europeus que eu admiro, seria dolorido ver a alegria de um e a tristeza do outro). Ou pelo amor de Deus, não é o fato de ler a Bíblia que vai me fazer acreditar que eu vou encontrar Moisés abrindo o Mar Vermelho na minha frente (aliás, está no Evangelho de João a minha frase preferida: “Faça a sua parte que Eu farei a minha” – não adianta esperar nada cair do céu sem lutar e batalhar pelos seus sonhos). E também tenho discernimento suficiente para saber que não existe Roarke, nem Mac, nem aqueles milionários gregos teimosos (basta seguir a lógica: todo grego rico é armador. Não é possível que o país só tenha a indústria da navegação), muito menos os italianos vingativos (ah, claro, nem todo italiano rico é banqueiro. Se ainda fosse pouco depois do Renascimento, eu ainda acreditaria… mas atualmente fica difícil acreditar num predomínio italiano em um mundo globalizado, especialmente no mercado financeiro, que é ditado pelos chiliques dos Estados Unidos).

Mas graças a estes livrinhos, pude ver um lado que os livros de história não mostraram na Guerra dos Boxers. Ou, para aquelas que adoram períodos medievais, nos livros bem escritos, quando você tira o excesso da história mocinho-ama-mocinha-mas-eles-devem-enfrentar-muitos-desafios-para-ficarem-juntos, sobra um fundo histórico interessante que te ajuda a entender a briga pelo poder que aconteceu na Inglaterra e na França, por exemplo. E a colonização americana do oeste rende livros que mostram todos os lados, os índios vítimas de preconceito, a ganância e o sonho de uma vida melhor… Ah, claro, ninguém tem uma saia mágica feita por rendeiras caribenhas e beijada pelo luar, mas procure no seu guarda-roupa se não tem algo que te deixa confortável e confiante? E graças à Diana Palmer, existe uma série de especialistas em geografia texana, estratégias de guerra e terapia ocupacional para casais traumatizados. Nem pense em atirar a primeira pedra ao trabalho meticuloso de Alexandra Sellers com a saga dos sheiks – a pedra pode voltar acompanhada de outras, maiores.

Acho que estou perdendo meu tempo, porque quem não vai ler esse comentário, mas deveria, despreza os pobres dos livros de bancas. Outro desperdício de grandes oprtunidades: adoro os jornaleiros dos meus bairros, troco dicas com eles, pego informações interessantes, sugestões de revistas. E caso quem não vai ler esse comentário se esqueça: muitos livros da “alta literatura” já foram encontrados em banca. O meu exemplar de “Os Três Mosqueteiros” veio da banca de jornal (se não leu, recomendo. Veio do folhetim, sabe, aquelas historinhas publicadas em jornais para entreter a massa… Mas se você ler “A Rainha Margot”, “Os Três Mosqueteiros”, “Vinte anos depois” e depois o livro que me esqueci o nome onde está “O homem da máscara de ferro” você vai ter uma senhora aula sobre a luta pelo poder na França dos reis Luíses). O livro que me fez apaixonar por Florença também: um romance biográfico de quem seria Mona Lisa. Também já cansei de ver livros sobre filósofos e enciclopédias lá, à disposição de quem tivesse interesse. E deve ter gente que compra, porque eles são relançados freqüentemente. No fundo deve ter alguma razão, a banca de jornal da esquina não pode mesmo competir com a mega livraria conceituada e badalada. Só um cuidado, nem tudo que reluz é ouro. Muitas vezes, sob a capa elegante e o preço salgado, estão livros que a gente compra… nas bancas! Eu mesma já cansei de achar séries, que depois são encadernadas e vendidas com pompa e circunstância. Ah, esqueci… é um desperdício de recado para quem está acima do gosto literário “ordinário”.

No entanto, parece ironia dizer que as meninas gastaram sua inteligência com um ser que se esqueceu de algumas coisas: respeitar o gosto alheio é fundamental. Tem que saber criticar se quer que resulte em algo positivo. Terceiro, cada um sabe como investe seu tempo e o próprio dinheiro. Quarto, se não tem algo útil e relevante a dizer, fica quieto. Quinto: gosto não tem idade, sexo, classe social e nem número de zeros no contracheque. Sexto: o mais divertido é se surpreender e aprender com as diferenças. E sétimo, como bem resume aquela frase atribuída a Chico Buarque: “Você não gosta de mim, mas sua filha gosta!” ;oD

Bacci a tutte!!!

Beta

13 Comentários

  1. Anônimo

    Amei, Beta!
    O pior é que a maioria das pessoas julga sem saber do que está falando. Eu, por exmplo, detesto Harry Potter (nunca li/assisti, mas detesto); entretanto, respeito quem gosta (e admito que a mitologia grega empregada nos livros me fascinam). Nunca tentei saber mais a respeito das histórias, mas nem por isso saio falando que “é literatura de empregada doméstica”.
    Aliás, qual é o preconceito contra empregadas domésticas?
    Aposto que o “sábio” que escreveu essa pérola trabalha o dia todo, chega em casa à noite e passa, lava e cozinha.
    Enquanto as apreciadoras (e os apreciadores) de romances são solteironas mal-amadas, gente como o cidadão citado no seu texto (eu vi o tópico sobre ele na Adoro Romances) é esnobe, preconceituoso (como eu já disse) e dolorosamente ignorante.

  2. Anônimo

    [publiquei o comentário sem querer]
    Agora, qual é o problema gostar de romances?
    O bestseller “O Código da Vinci” (que eu nunca li), tem erros de História (cavaleiros templários construíram templos?). “Lawrence da Arábia” não é fiel aos fatos – e é considerado um dos melhores filmes de todos os tempos.

    Além disso, leitura é sempre leitura. Não interessa se há preferência pelos góticos, românticos, cômicos… independente disso, a leitura tem que entreter, instruir (por que não?) e se tornar objeto de comunicação entre pessoas.

    Outro dia, eu estava navegando no Orkut e li alguma coisa do tipo “Sou adulto porque gosto de História Geral; você é criança, então vá ler mangá”. Pára tudo! Mangá não é parte integrante da cultura japonesa, assim como flamenco é da cultura Espanhola?

    Na boa, esses “intelectuais” podiam mostrar inteligência e respeitar os gostos de outros. Ou, pelo menos, se informar sobre os assuntos antes de falar abobrinha.

    Enfim, não vai ser por causa de pessoas que acham que “livros com cultura são os mais vendidos e os que têm mais palavras difíceis” que eu vou largar os romances.

    (Gosto é igual nariz. Cada um tem o seu [só coloquei “nariz”, para não falar outra coisa]).

  3. Anônimo

    Sinceramente, não entendo essa ignorancia toda.
    Eu sou bibliotecaria, e desde pequena leio TUDO o que me cai nas mãos, e acho estranho pessoas que não gostam de ler.
    Em leitura, assim como na vida tudo se resume a “gostos”. Minha irmã só gosta de biografias, meu pai lê o jornal e a revista Superinteressante todo o mês, minha mãe lê o que tá na mão… Fora o meu irmão que é preguiçoso (mas lê alguma coisa) todo mundo em casa gosta de ler, mas cada um com o seu tipo de material. Agora querer julgar o gosto dos outros pelos seus padrões pra mim é coisa de pessoa que não é bem informada, que não escuta os outros e que acha que o mundo gira ao redor do próprio umbigo.
    E depois diz que tem mestrado…. Kkkkk

  4. Anônimo

    Beta, eu concordo com vc. Sempre li muito… de tudo. Lógico que tem coisas das quais gosto mais, mas isto não quer dizer que sou mais ou menos culta. Leio livrinhos desde que eram florzinhas e eu tinha 15 anos. Nunca procurei um principe encantado, mas sim compreender meu marido – com quem estou casada (fazemos niver amanha) já faz 15 anos… Não baseio minha vida nos livros mas eles me alegram, me confortam, e as vezes, aterrorizam! Podem falar o q quiserem – continuarei a ler meus florzinhas!!! bjs Cris

  5. Anônimo

    Beta, eu concordo com vc. Sempre li muito… de tudo. Lógico que tem coisas das quais gosto mais, mas isto não quer dizer que sou mais ou menos culta. Leio livrinhos desde que eram florzinhas e eu tinha 15 anos. Nunca procurei um principe encantado, mas sim compreender meu marido – com quem estou casada (fazemos niver amanha) já faz 15 anos… Não baseio minha vida nos livros mas eles me alegram, me confortam, e as vezes, aterrorizam! Podem falar o q quiserem – continuarei a ler meus florzinhas!!! bjs Cris Veiga

  6. Caroline Santos

    Bem… minha opinião é parecida com a sua… me revoltei com o blog do dito cujo, mas na minha cabeça dada a conspirações ele resolveu fazer aquilo para dar um up de audiência no blog dele… e como opiniões preconceituosas são ibope ele conseguiu o que queria.

    Resolvi não me manifestar no blog dele porque é dar ibope a uma pessoa que não merece.
    Bem é isso

    Beijo grande

  7. Anônimo

    Beta,
    Costumo frequentar seu blog sempre que me é possível, pois acho artigos interessantes e boas idéias para refletir…Mas acredito nunca ter postado um comentário até a presente data.

    Por que?
    Por vergonha, ou por não saber o que dizer, enfim, tantos motivos bobos que as vezes pairam em nossa cabeças.
    Mas hoje não tive como ficar anônima.
    Estava falando com meu esposo que foi dono de banca de revista por 10anos e ele mesmo leu muitos dos romances de bancas tão criticados. Ele gostava de ver não o romance em si, mas as informações históricas e isso confirma um trecho de seu post.
    Eu tbm sou viviada em romances e não me envergonho não e gostei de sua atitude em extravazar por aqui, concordo com tudo em gênero, número e grau!

    Parabéns pelo post e pelo blog.
    Ah, sou da comunidade Adoro Romances no Orkut, querendo adcionar, sinta-se à vontade!
    Namastê!
    Flavita

  8. Anônimo

    oi beta amei seu comentario eu leio ha mais de 10 anos e todo mundo aqui em casa sabe que eu amo de paixão e não me criticam pelo meu gosto, eu sou universitaria dos cursos de historia e letras imagina so quanto livros tecnicos – burocraticos eu tenho que ler , mas mesmo assim meus pais ouvem coisas do tipo por que vcs ddeixam ela ler esse tipo de li
    vro e a resposta deles e ela le o bem entender ´pois eu não escondo meus livro de ninguem estao bem ao lado dos livros ”serios”

    bjs…………..

  9. Anônimo

    Ei Beta

    Há um ano descobri esse Blog e fiquei maravilhada com a qualidade dos comentários e já me dei muitas risadas e fiquei emocionada várias vezes com os comentários e as indicações. No mais, jogar pedra é hábito de quem não aprendeu a construir… gosto muito de um poema da Cora Coralina e queria dividir com vc…
    “Não te deixes destruir…
    Ajuntando novas pedrase construindo novos poemas.
    Recria tua vida, sempre, sempre.
    Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
    Recomeça.
    Faz de tua vida mesquinhaum poema.
    E viverás no coração dos jovense na memória das gerações que hão de vir.

    Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
    Toma a tua parte.
    Vem a estas páginase não entraves seu usoaos que têm sede.”

    Beijos.

  10. Anônimo

    Oi, Beta
    Conheci o seu Blog a pouco tempo e amei as coisas que você fala sobre os livros que adoramos! Não me sinto mais tão sozinha agora que sei que há mais pessoas que têm o mesmo gosto que eu. Peguei algumas dicas aqui e concordo com o que você disse sobre esses preconceituosos, gosto não se discute e ponto final!!!
    Bjs

  11. Pri

    Oi Beta!

    Então, acabei comentando sobre esse post no outro..da Diana Palmer rss.
    mas concordo plenamente com o q vc postou.

    Agora..falanda na Diana Palmer (q tenho q dizer, sou apaixonada.. apesar de muitas vezes querer matar esses homens cabeças duras).. Ontem li o E-book do Marcus Carrera.. Meu Deus, fiquei simplesmente APAIXONADAAAAAA por ele. Ele é tudo de bom, carinhoso, querido, bonito, másculo, Ex Gangster.. e ainda por cima ..borda! e gosta de plantas.. Quero ele pra MIM! rss
    O Cash Grier aparece nesse livro tbm.. Dei muita risada com ele nesse livro… ( tem uma parte meio parecido com a do livro da Callie e do MICah (ai ai..pausa para suspirar pelo Micah), ele eles se beijam na rua, e a galera para para “apreciar”.. E adivinha quem aparece numa viatura pra presenciar o show e soltar umas das suas frases ilárias??? Cash! q mais uma vez da “aquela ajudinha” no casamento dos amigos rss

    O casmanto é outro acontecimento..pq lá..TODOS os heróis da Diana comparecem..dai vc pode ver quem ainda esta faltando pra sua “coleção” rss

    Quem ainda não leu.. Leia! Mas, não adianta se apaixonar..pq o Marcus Carrera ja é MEU hein! RAM rss

    Beijos

    Pri

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