Este texto é um balaio de gato – tem um pouco de tudo aqui.
Gostaria de agradecer a cada pessoa que, ao longo destes 14 anos, dedicou um tempinho ao Literatura de Mulherzinha, seja visitando, deixando recado, curtindo as publicações em redes sociais, me mandando mensagens. Aproveito e peço desculpas a quem não consegui responder. Ainda não consegui dar conta de tudo que preciso, mas saibam que os recados foram lidos e boas energias enviadas de
volta.
* Ah, aproveitando porque tem surgido este tipo de mensagem recentemente: o Literatura de Mulherzinha não disponibiliza PDFs de livros – quando muito tem links para e-books que as/os autoras/es colocaram gratuitamente. Então nem adianta
pedir. E nem adianta reclamar, porque esta é uma das bases que não mexi desde o dia 16 de abril de 2005 e nem pretendo mudar *
Gostaria de agradecer também a todas as amigas e todos os amigos que ele me trouxe. Gente da minha cidade e de vários pontos do Brasil – sejam leitores, leitoras, tietes de alguma autora, autor ou estilo. A quem me socorreu em alguma dúvida ou com alguma coisa para o blog.
E às autoras e autoras, a quem tive o prazer de dizer pessoalmente ou por aqui o quanto as suas obras me tocaram de alguma forma.
Não vou citar nomes, porque a memória é traiçoeira e seria injusto deixar alguém de fora. Mas a vantagem é que todo mundo sabe quem é e o que fez por mim e o quanto sou grata.
A todo mundo, um agradecimento pela paciência com os hiatos que o Literatura de Mulherzinha enfrentou bravamente com as demandas da minha vida real – competiu com Mestrado, mudança de emprego e nasceu após uma crise de pânico e está me ajudando a lidar com o combo depressão, ansiedade e pânico. Porque a vida tem ciclos – e alguns deles precisam ser rompidos. Estou trabalhando nisso.
Outro ponto é que eu pensei várias vezes em terminar com o blog. Escrever o capítulo final do Literatura de Mulherzinha. Especialmente nas longas noites/dias onde as coisas que eu gostava foram, ao pouco, perdendo o sentido. Não me sentia mais atraída em ler, muito menos em escrever sobre livros.
A situação foi agravada por algumas porradas dadas pela vida externa e na blogosfera – sim, levei um tempo pra entender que ser descartada por ter mais de 30 anos e considerada “inadequada” por algumas editoras não era propriamente sinal de que eu era um problema.
Na verdade, é uma situação universal onde se convencionou exigir juventude eterna e muitos likes em redes sociais que a proposta do Literatura de Mulherzinha nunca ousou sonhar em obter (afinal de contas, sou da turma que chegou por aqui quando tudo era mato-pixel – ou se preferir, sou mais Florença que Torre Eiffel). Só queria compartilhar minhas impressões sobre o que lia (longe de ser técnica, não sou formada em Letras/Literatura) e, com sorte, trocar ideias com outras pessoas que tiverem gostos semelhantes.
Quando encarei a doença de frente, percebi que era só mais um sintoma de tudo que eu estava passando. Não podia acabar com o que ajuda minha vida a ter sentido – ler está associado a vários momentos da minha história, desde os contos de fadas que ganhei de #MadreHooligan quando meus pais se separaram até tudo que precisei aprender para me tornar a profissional e a pessoa que sou. Eu já tinha perdido muitos pedaços de mim, não abriria mão desse sem lutar.
Jasmine, a minha versão boneca, by @deseartejf
Então, como o patinho feio descobri o óbvio: o “x” da questão do meu conto de fadas favorito nunca foi sobre beleza ou feiúra, mas sobre reconhecer o pertencimento – seja em um lugar, seja com outras pessoas. Ou se preferir, se sentir em casa, acarinhado. A beleza está em quem vê – e o essencial é invisível aos olhos, já diz outro dos meus xodós literários.
E em toda esta jornada, perdi a conta (graças a Deus) de pessoas que disseram o quanto bem o Literatura de Mulherzinha lhes fez em algum momento. Nunca foi a minha intenção, mas que bom que aconteceu, que estas pessoas se sentiram acolhidas e respeitadas. Que bom que surgiu o bem do que foi feito aqui – e algo que me dá orgulho de ter acontecido e espero que siga acontecendo sempre no Literatura de
Mulherzinha.
Como eu adoro um símbolo, fui pesquisar sobre as bodas de Marfim. “Os casais que comemoram bodas de 14 anos de casamento, em geral adquiriram, com o passar do tempo, resistência e sabedoria. (…) Assim como o material que representa a boda, sabe-se que uma união duradoura é uma raridade. Ao mesmo tempo, o nome boda de marfim também pode servir para dar sorte ao casal aludindo a uma maior longevidade”.
Eu aceito o marfim simbólico, porque o de verdade prefiro que siga nos bichinhos onde quer que eles vivam.
E, até o momento, sigo aqui, com uma mente inquieta, curiosa, trabalhando muito, lendo (sempre menos que gostaria), disposta a dar pitacos sobre o que leio, assumidamente Corvinal, com um gosto voltado para o sofrimento no futebol, com quedinhas por ruivos, sardentos,morenos, Loki e Tony Stark, gateira declarada, mas atualmente com o coração amolecido por buldogues franceses e cantando (mal) em Italiano (na maioria das vezes), Inglês, Português ou em embromation só porque deu vontade.
Se passarem na rua por criatura uma sem noção tentando cantar essa música – e esgoelando até sem fôlego -, grandes chances de ser eu. Reza a lenda que o Il Volo deve vir ao Brasil no fim do ano, portanto, preciso treinar, uai.
Enquanto o capítulo final não vem, sintam-se em casa por aqui.
Obrigada por estarem ao meu lado em mais este Abril Imperdível!