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As cores do amor – Camila Moreira – Cap. 1461

Ciao!
Vocês se lembram de 8 Segundos?
Então, este é um spin-off, voltando ao mundo de Lucas e Pietra, mas quem conduz a nossa experiência é Henrique, o herdeiro em busca de um sentido para a vida.
Mais que um spin-off, é um livro que coloca o dedo na ferida.
*** Texto originalmente escrito pro Livrólogos, que a Rosana gentilmente permitiu que fosse publicado no Literatura de Mulherzinha. Obrigada, Rô! ***
As cores do amor – Camila Moreira – Paralela
(2015)
Personagens: Sílvia Cavalcanti Lima e Henrique Montolvani
O encontro entre Sílvia e Henrique foi repleto de clichês: o herdeiro do barão da soja e a menina pobre que se fez através dos estudos; o rapaz que não via sentido na vida e a garota que tinha como meta ser a melhor fisioterapeuta para seus pacientes; mas a paixão uniu o Galego e a Morena, o branco e a negra. No entanto, a realidade não irá deixa-los esquecer o que os separa e eles terão que lutar para conseguirem encontrar sentido juntos na vida.
Comentários:
Racismo, injúria racial, preconceito, discriminação, relação abusiva entre pai e filho. O livro trata sem piedade e sem colocar filtros cor de rosa várias coisas que estão aí no dia a dia mas que as pessoas varrem para baixo do tapete dos outros e se recusam a admitir. E, se você for uma pessoa empática, vai se sentir no mínimo incomodado, talvez com vergonha (por saber que já viu, ouviu, viveu uma cena parecida) e
com tristeza por saber que muita gente por aí gosta de reduzir o outro a um rótulo como forma de afirmar uma suposta superioridade. Como diz #MadreHooligan, superior a quê se o fim será o mesmo para todos?
 

Antes de sair, olhei para cada mulher que estava na recepção.
– Sejam humanas, tenham empatia. Só assim conseguiremos sobreviver. – Nenhuma delas esboçou reação. – Quer saber? Tirem os seus preconceitos do caminho, porque eu
estou passando!


Gostei de ser um romance com uma protagonista negra. Primeiro porque a maioria dos romances independente de estilo, formato e bla bla bla envolve protagonistas conforme um padrão europeu de beleza. Um exemplo: eu sempre ficava incomodada nos livros com sheiks porque a heroína era a loira/ruiva estrangeira. (A fã de Aladdin queria mais Jasmines nos romances). Todo mundo é esbelto e qualquer diferença para mais (alta/baixa) ou menos (magra/gorda) já fazia antever que a felicidade só viria após um extreme makeover que incluía alisar cabelos, sumir com óculos, emagrecer… Enfim, se ajustar ao que te impõem e não se encontrar como você é.
 
E quando trazem a diversidade, adivinha: lá vem o rótulo! “Ah, o livro que tem personagem cadeirante, negro, asiático, LGBT, índio, latino”. Posso ser chata, mas livro que me agrada é aquele com quem, independente de como o personagem é, eu me identifico com ele.
E devo destacar que a escrita da autora amadureceu. Ao contrário das ressalvas que me incomodaram em 8 Segundos, As cores do amor não se perde em coisas desnecessárias. O tempo inteiro a trama está afiada, no ponto, com acontecimentos que reforçam as virtudes e fraquezas dos protagonistas, os dramas da jornada de cada um e o que poderia uni-los ou separá-los de vez. As escolhas, decisões e consequências. A gente vê o amadurecimento de Henrique ao lidar com os fantasmas que os assombraram e pesaram sobre ele durante toda a vida. A gente percebe a força que Sílvia encontrou em si mesma diante de uma vida repleta de momentos “você não é digna de estar aqui”.
“O coração dispara
Tropeça, quase para
Me enlaço no teu beijo
Abraço teu desejo
A mão ampara, acalma
Encosta lá na alma
E o corpo vai sem medo
Descasca teu segredo
Da boca sai, não para
É o coração que fala
O laço é certeiro
Metades por inteiro
Não
vou voltar tão cedo
Mas
vou voltar porque
Eu amei te ver”
– A química entre os personagens é intensa e a autora não enfeita com metáforas. Não caberia na história que ela conta. Henrique é mais que o “pobre menino rico”, o que o torna mais humano e vulnerável aos olhos do leitor. Sílvia é senhora de si mesma. Adorei a postura resolvida dela, nada de frescuras – ela desejou Henrique tanto quanto ele a quis no início. Ela não hesitou em brigar por ele e tomar decisões
difíceis quando foram necessárias. Eu me vi torcendo por ela e por ele, para que conseguissem superar os problemas e transformar as próprias vidas naquilo que imaginavam que não teriam.
Eu defendo que a informação ajuda a combater a ignorância, por isso, vale lembrar que discriminar alguém por causa da raça e da cor é crime previsto na legislação brasileira.
Arrivederci!!!
Beta

1 Comentário

  1. Sil de Polaris

    Ah, uma personagem feminina principal com meu nome, igualzinho em cada detalhe em sua escrita !!! Eu gosto de mulheres de fibra, pouco importa se amarela, branca, mulata, negra, parda, etc !!! Ela fez muito bem em lutar por ele, principalmente porque essa luta pareceu ter sido um toco a arrancar porque ele próprio pareceu ser muito inseguro e muito mimado !!! Eu lembro muito bem de comentários sobre namoro entre brancos e negros. Livro lindo !

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