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*** A Mulherzinha e o Xerife

Depois de um ano de teimosia dos dois lados: o meu, que achava um absurdo o preço e da editora que demorou para criar juízo e ter misericórdia financeira das leitoras, finalmente a Mulherzinha que vos escreve encontrou o seu Xerife favorito.
Fiz um pequeno(???) diário sobre isso. Ainda não é a resenha, que você lerá em breve. Serve como um aperitivo de Natal e ajuda a minha meta de chegar a 30 posts em 2008 (o que significa uma força-tarefa de 18 posts até dia 31… Bem, agora, 17 posts…)

*** Diário do encontro da Mulherzinha com o Xerife… ***

Terça-feira
Sabe aquele dia em que tudo dá certo mas você sai do trabalho parecendo que o mundo desabou em seus ombros e você, como diz minha mãe, cortou um dobrado para colocá-lo de volta no lugar. Eu estava muito cansada. Como só fico de vez em quando.
Pois é, eu era esta sombra de ser humano quando cheguei em casa e vi. Ele estava lá, no lugar mais tentador possível: em cima da minha cama.
E ele viu que eu estava cansada e não perdeu a oportunidade:
– Esperou e reclamou tanto e quando estou aqui, você não faz nada…?
Meu anjinho pediu “Paciência”. Já o lado Evil sugeriu uma resposta não muito educada.
Optei por uma retirada estratégica: deixei-o provocando as paredes.

Fiz o que qualquer uma sensata faria: fui relaxar, esfriar os neurônios ausentes, lanchar e, só depois, encarei o xerife de frente.
– Se você for malcriado, ficará de castigo.
– Duvido. Você não me queria tanto, à toa.
– Meu querido, vou te situar logo de cara: aqui não é Jacobsville, eu não sou uma mocinha parva e estou cansada. Nem você me deixaria 100%.
– Duvido. Conheço formas que a manteriam acordada.
– Ah, obrigada e boa noite.
– Boa noite?!?!?! Espera aí.
– Boa noite, xerife.
Ele ficou me olhando torto. Paciência. Homens mimados precisam entender que existe tempo para tudo na vida. E quem esperou tanto, como ele sutilmente lembrou, não se importaria de esperar mais um pouco.

Quarta-feira
Sabe quando aquilo que você mais quer está quase nas suas mãos e o universo resolve conspirar contra?
Queria ficar com o Xerife no quarto. Um ambiente mais calmo, sereno, só nós dois e a minha cama (de onde aliás, ele não saiu desde que chegou).
Mas minha família resolveu acampar barulhentamente lá.
Ok, ok… Cozinha, então. A cadeira é ótima e a mesa é grande. Espaço suficiente para momentos de (aham) paz e (aham) serenidade.
Não durou cinco minutos. Fui expulsa de lá também. E arrastei o xerife para a próxima tentativa de porto seguro: o banheiro. Ok, meninas, não se empolgue,m. A idéia de ficar trancada no banheiro com o xerife é muito tentadora, mas, infelizmente, não funcionou. Meu esconderijo foi descoberto e eu virei uma sem-teto-pacífico-para-me- dedicar-aos-prazeres-da-vida.
Pior que isso: se deram conta de que já que eu tinha tempo livre, poderia ocupá-lo com “preparativos para o Natal”.
Natal?
Sério, eu sou praticamente um Grinch! Não agüento o excesso de consumismo, o excesso de “seja feliz. Dê presente. Ganhe presente”. Não tenho festa familiar. Não tenho mais presente embaixo da cama (do que eu sinto mais falta, poderia ser qualquer coisa). Esse ano até meu aniversário foi ignorado e esquecido por um monte de gente!!! Sorte que quem realmente me ama lembrou. Eu não tenho espírito natalino de etiqueta. Eu não tenho paciência para andar no centro comercial sendo empurrada, chutada, levando solavanco, dividindo espaço com carrinho de bebê em passeio (fala sério, pra que tirar bebê de casa com esse tempo louco e levá-lo para lojas superlotadas e corredores estreitos. Isso é espírito natalino, vontade de aparecer ou desculpa descarada pra furar fila?) Mas não escapei. Xerife nem riu da minha cara. A frustração dele era igual à minha…

Noite
Sem desculpas. Trabalho foi puxado do mesmo jeito. Cansada do mesmo jeito. Nenhum bla bla bla foi suficiente. Pulei na cama, catei meu cobertor (devo ter sido esquimó em outra vida. Vivo sentindo frio. E aqui está chovendo. Aliás, choveu durante toda a semana passada.) e o xerife e finalmente tivemos momentos a sós. Deu para começar a se divertir, irritar, olhar torto, rir, além de dissecar a personalidade *algo que faz os olhos de qualquer nativo de Escorpião: avaliar as virtudes, descobrir defeitos, colocar os dedos nas fraquezas até dizer chega ou levar um murro de volta* e já cheguei a algumas conclusões prévias. Só que o cansaço e a semana puxada, mais uma vez, cobraram seu preço e como o Xerife exige que todos os meus sentidos estejam alertas, dormi ao lado dele (e do Heitor e do Xabi, meus patos guardiães). Apesar da privacidade zero, foi muito bom…

Quinta-feira
– Eu tenho cara de Muro de Lamentação?
Não. Óbvio. O único e original tem muitos significados para serem desperdiçados comigo.
Geralmente procuro ser compreensiva e companheira. Talvez os dias cinzentos e o excesso de chuva tenham me deixado pessimamente humorada. Por isso, eu não estava disposta a bancar a Santa da Infinita Paciência e dizer: “Ok, darling, ‘encosta a cabecinha no meu ombro e chooooora…’.”
– E eu com isso? – ele respondeu, insolente e ignorou minha má vontade. Ignorou. Como assim? Nem vem, depois da terapia, descobri que uma das minhas missões na busca pessoal da iluminação celestial que a tática da invisibilidade só faz mal a mim mesma. Antes que eu o mandasse ignorar algo que ele não gostaria de ouvir em pelo menos Inglês, Italiano e Português, ele me explicou porque é um renegado e ainda, auge do auge do “faço o que quero”, chorou pitangas por causa de outra!
Já que cara feia não adiantava e junto com o mau humor faz mal pra pele, ajeitei os óculos e abri o consultório de apoio moral não recomendado para fracos. Posso garantir, se você quiser uma opinião sobre qualquer coisa, não é adequado solicitá-la a um escorpiano se você não estiver preparado para todo tipo de resposta.
– Ela me ama?
– Não sei.
– Como não sabe?
– Caso você não tenha percebido, eu não sou ela.
– Eu sei.
– Não sabe. Do contrário, não me perguntaria algo que só ela pode responder.
– Ahn…
– Mas se fosse eu…
– Hn?
– Ainda te amaria, mas você teria que fazer por merecer.
– Isso é sensato.
– Lógico. Eu sou sensata, apesar de algumas manias esquisitas.
– É?
– É, conversar com livros é uma delas.
– Tem mais?
– Sim, ter insônia religiosamente de domingo para segunda.
– Você não é muito normal.
– Sou. Não guardo cobras no armário.

E naquela noite, nada de insônia, nem pra mim, nem pro Xerife.

Sexta-feira
Adoro bebês. Adoro crianças. Especialmente (atualmente) as dos outros, que fique bem claro. Sério, uma das imagens mais lindas do mundo é sorriso de bebê, especialmente com poucos dentinhos. E em meio às crianças, consigo ser mais criança que elas *minha coleção de desenhos animados me entrega risos*
E homens que adoram crianças realmente são admiráveis. Nem tanto pelo Xerife, que já manifestou esse lado gugu-dadá no Fora da Lei, mas vi algumas fotos de outras pessoas que eu gosto e respeito, cercados de crianças e nem sempre seus filhos. Legal.
Ok, sapatinhos de bebês derreteram o Xerife e a Mulherzinha que o escutava (no início) contra a vontade e no final das contas já dava dicas sobre a educação musical do bebê!
– Ei, que nome esquisito…
– O quê?
– Que escolheram para a bebê. Essa mania que vocês, americanos, têm de colocar nomes duplos que não combinam.
– Eu achei bonito.
– Tá. Mas poderia ter escolhido algo menos pesado.
– Pesado.
– É um nome enorme para um bebê pequeninho.
– Ela vai crescer e ficará linda.
– E com um nome enorme.
– Tem apelido.
– Nah… Não resolve.
– Ela gostou.
– Me explica como a bebê manifestaria a opinião dela?
– Ela sorriu.
– Você consegue ser menos lógico que eu.
– Mas você gosta de mim.
– Fazer o quê, né?
– Não reclama.
– Não estou reclamando.
– Sei…
– Tô vendo.
– Quem está reclamando é você.
– Não estou.
– Vai ficar velho antes da hora.
– Não vou!
– E nem vai deixar com medo os pretendentes da bebê.
– Pretendentes?
– Ou o nome que eles tiverem na época. Os anos voam.
– Você está me aterrorizando.
– Ops, não é minha intenção.
– Se eu soubesse que a sua cama era tão confortável, teria vindo antes.
– Se eu soubesse que você era tão boa companhia, teria providenciado sua vinda antes. Mas a editora não ajudou.
– Bem, o que importa é que estou aqui.
– É, no final das contas, é o que importa.

Final da leitura.
Acho que os neurônios em férias estão acentuando a maluquice que há em mim. XD

Bacci e Buon Natale a tutte e tutti!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Beta

1 Comentário

  1. Anônimo

    Finalmente! *Aleluia*

    Beta, que presente de Natal o seu, hein? Cash Grier… Adorei seu diário, mesmo achando que foi um pouco sacana de sua parte lembrar ao homem o caso “cobra” – todo mundo sabe que quem guarda cobras no armário é Leo Hart. Hum… seria isso uma associação? *medo*

    A propósito, aqui (Teófilo Otoni – MG) tá chovendo faz um tempão, pára um dia, volta em outro… tá muito frio.

    Também não gosto muito dessa história de compras de Natal – ignoremos que ontem fui abastecer meu precário guarda-roupa. Pô, a data devia ser tão importante, tão especial, e tem gente que acha o dinheiro melhor que carinho e amor. Vai tentar entender…

    E vá procurar Marcus Carrera em algum canto, faz favor. Ele foi lançado como “Doce Desejo”, se não estou delirando.

    Bjos e feliz natal!

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