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*** Notícias da Bienal do Livro

Ciao!

Navegando pela Internet, encontrei essa notícia sobre um dos destaques da Bienal do Livro. Como achei a trama bem interessante, resolvi divulgar aqui para avisar a outras pessoas 😀

Bacci!!!

***

Retirado da Folhaonline

12/09/2009 – 09h50

Bienal recebe escritor que virou best-seller após “efeito Oprah”

RAQUEL COZER
da Folha de S.Paulo

Dá-se o nome de “efeito Oprah” à capacidade que a apresentadora de TV norte-americana Oprah Winfrey tem de alimentar um sucesso com um simples elogio. São creditados a ela, por exemplo, alguns milhões de votos a Barack Obama, no ano passado, e um expressivo aumento nas vendas do leitor de livros eletrônicos Kindle. Tal influência teve resultados também sobre a carreira do escritor norte-americano David Wroblewski, que estará hoje na Bienal do Livro do Rio, às 18h30, em mesa com o australiano Tim Winton.

Até o começo do ano passado, Wroblewski trabalhava como criador de programas de computadores nos EUA. Os 15 anos anteriores ele passara envolvido com a elaboração de um romance sobre um menino mudo que consegue se entender com cães, já que cresceu em uma fazenda onde eles são criados. Depois de enfim publicar “A História de Edgar Sawtelle” (Intrínseca, R$ 39,90, 528 págs.) e receber o aval de Oprah, Wroblewski não demorou nem 15 dias para figurar entre os mais vendidos do “New York Times”. A obra, com influências tanto de “Mowgli, o Menino Lobo”, de Rudyard Kipling, quanto de “Hamlet”, de Shakespeare, também foi considerada pelo jornal “o mais encantador romance de estreia do verão”.

Em entrevista à Folha, no mês passado, um ano após o começo do “efeito Oprah”, Wroblewski já dizia ter descartado qualquer possibilidade de voltar a trabalhar com programas de computador: “Quero ser escritor em tempo integral”. Veja a seguir trechos da conversa.

Folha – É verdade que você demorou 15 anos para terminar o romance?
David Wroblewski – Depende de como você conta. Minhas primeiras notas para o livro foram feitas em 1993, e o livro saiu em 2008, então, por essa contagem, são 15 anos. Mas houve bem uns cinco anos que passei pesquisando, tentando entender como escrever o que queria na forma de um romance, e ainda o tempo em que procurei editoras… e por aí vai. Acho que, escrevendo, foram entre sete e dez anos.

Folha – Foi difícil encontrar uma editora, considerando que era seu primeiro livro?
Wroblewski – Achei que seria impossível. Era o meu primeiro livro e, além disso, era muito longo, pessoal e idiossincrático. Nunca achei que seria publicado. Estava escrevendo porque a história significava muito para mim. Fiquei surpreso por não ter precisado mostrar a muitas editoras antes de alguma delas se interessar. Quando soube que seria publicado, tive de repensar meu emprego [como criador de softwares], porque sabia que não ia dar conta. Pedi demissão em março de 2008, e daqui para frente quero ser escritor em tempo integral.

Folha – Em que sentido é um livro pessoal e idiossincrático?
Wroblewski – É um livro sobre a minha obsessão pela relação entre pessoas e cachorros. A outra coisa é que o personagem principal tem essa característica de ser mudo e, ao mesmo tempo, é obcecado por cachorros e por idiomas, o que pode ser dito, o que não pode ser dito.

Folha – O que tem de pessoal no fato de o personagem ser mudo?
Wroblewski – Um ou dois anos antes de eu ter a ideia para a história, fiz uma pequena cirurgia na boca, e ficou difícil falar sem soar engraçado. Pensei: “É só uma semana sem falar, até melhorar, o quão difícil isso pode ser?” O que descobri foi que sem falar passei a reparar em coisas que não reparava antes. Sobre pessoas que conhecia, lugares a que ia. Isso me causou uma impressão enorme sobre como nossa atenção se dispersa enquanto falamos. Naquele momento, não pensava na história, mas fiz uma nota mental: um jeito de criar um personagem muito observador é pensá-lo como um personagem mudo. Quando pensei em escrever sobre cachorros, quis que isso fosse parte desse extraordinário nível de comunicação que podemos ter com animais, mesmo que não seja baseado na fala. Eu me lembrei da minha experiência, e ela combinava com aquela ideia.

Folha – Alguns trechos do livro são contados sob o ponto de vista do cachorro, o que é uma experiência arriscada. Como trabalhou isso?
Wroblewski – Não pretendia pôr nenhuma parte do livro sob o ponto de vista do cachorro. Foi mesmo um experimento. Há apenas três capítulos sob o ponto de vista do cachorro, mas isso teve um efeito enorme sobre as pessoas. Para mim, era só um entre vários exercícios de escrita. Quando consegui finalizar o primeiro desses capítulos, fluiu naturalmente. Passei a vida observando cachorros, especulando sobre o comportamento deles… Queria saber se poderia conseguir fazer isso de modo que ficasse fiel ao que imagino que seja a experiência de um cachorro. Do meu ponto de vista, eles não entenderiam o mundo como nós entendemos, eles confundiriam as ideias de tempo e espaço, por exemplo.

Folha – E você tem cachorros, imagino…
Wrobleswki – Tenho uma, chamada Lola. O que não conto é qual a raça dela. Parte do trabalho do leitor nesse livro é imaginar como são os cachorros criados pela família Sawtelle, e acho que, se falar que cachorro tenho, eles vão deduzir que esse é o cachorro Sawtelle. Sei que soa estranho, mas é segredo. Posso dizer que ela é grande, forte, e que a treino todo dia.

Folha – Uma crítica sobre seu livro nos EUA dizia que ele é “comercial, mas com qualidade literária”. Como lida com a ideia recorrente de que qualidade e sucesso de vendas não possam andar juntos?
Wroblewski – Uma das coisas que não entendo sobre o mercado editorial atual é essa ideia de que best-sellers necessariamente têm baixa qualidade. Há muitos livros que não são lixo comercial e que entram na lista de best-sellers. Não vejo um conflito. Em termos de ficção literária, é preciso ser fiel a sua verdadeira história, e, se acontecer de ter apelo comercial, enfim… Os leitores gostam do que eles gostam.

Folha – Arriscaria dizer por que eles gostam da sua história?
Wroblewski – Antes de dar uma resposta, é preciso esclarecer que tenho uma experiência diferente desse livro em relação ao que qualquer outra pessoa possa ter, já que me debrucei sobre ele por anos. Penso em um livro diferente desse do qual os leitores podem falar. Dito isso, acho que a relação entre pessoas e cachorros é absolutamente ancestral. É um dos nossos projetos mais antigos a parceria com outra espécie de animal. E certamente o contrário também é real, os cachorros se transformaram para viver com pessoas. O livro leva isso a sério. Tem a ver com lidar com o emocional sem reduzir a história a algo apenas divertido.

Folha – Tom Hanks comprou os direitos do seu livro para o cinema, certo? Você vai participar da elaboração do roteiro, ou fazendo algum tipo de consultoria?
Wrobleswki – Sim, o livro foi comprado por uma associação entre empresa de Tom Hanks, a de Oprah Winfrey e a Universal Studios. Mas não vou escrever o roteiro, não vou me envolver nisso. Meu papel agora é só pensar no próximo livro.

2 Comentários

  1. Beta

    Ciao Fabi,

    Confesso que, apesar de não ser "cachorreira" (sou "gateira" assumida), a história me chamou a atenção – e considerei que poderia interessar outras pessoas também! Se você ler antes de mim, dá um toque se é tão bom quanto parece!

    Bacci!!!

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