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Cap. 892 – Austenlândia – Shannon Hale

Ciao!!!


Eu estava com muitas expectativas sobre
este livro, lançado pela Editora Record em março. A mera ideia de imersão na realidade dos livros de
Jane Austen,
a Inglaterra durante o período de Regência, parece muito interessante ainda
mais quando a gente contrasta com que tem a disposição na nossa vida real.
Mas eu tive um problema com este livro.
Mas é assunto pra daqui a pouco.
Austenlândia – Shannon Hale – Record
(Austenland – 2008)
Personagens: Jane Heyes e a obsessão por
Sr. Darcy
Jane Hayes tinha um “guilty pleasure”: a
obsessão por Sr. Darcy o protagonista de Orgulho e Preconceito, a tal ponto que
a estava prejudicando na vida real. O problema foi detectado pela uma tia-avó,
Carolyn, que ao morrer deixou no testamento uma viagem que prometia solucionar
o problema de Jane: um pacote de três semanas na Austenlândia. Ela confiava
que, ao voltar do mundo de fantasia no interior da Inglaterra, Jane estaria
curada para lidar com a vida nos Estados Unidos.
Comentários:
– O livro já começou me fazendo rir de
cara ao ler para quem a autora dedicou o livro (e outro sorriso nos
agradecimentos finais, quando ela faz um “mea culpa” pela dedicatória-tiete).

– O meu problema com o livro, que
mencionei ali em cima, foi a irritação com o fato de Jane atribuir o rótulo de
“cantinho da vergonha” à relação dela com Orgulho e Preconceito.
Mais especialmente ao DVD da badalada minissérie feita pela BBC em 1995, que transformou Colin Firth em muso das mulheres. (Aliás, se você ainda não
viu, assista. Vale muito a pena. Primor de produção, de adaptação, com tempo
para trabalhar cenas que, no ótimo filme de 2005, foram cortadas ou reduzidas.
Vi em um dia de folga, sem nem sentir o peso de 6h de duração). Isso me irritou
porque se ela não defendia o próprio gosto, o próprio direito de fantasiar um
pouco, quem iria defender? O Obama? O Putin? O bispo de Canteburry? Fala sério!
O problema é que ela se sentia tão infeliz com a vida que precisava de um bode
expiatório – aí é fácil jogar a culpa na fantasia, porque ela não joga na sua cara as
verdades que você tanto faz questão de ignorar.
– Tirando a protagonista que não sabe
que rumo dar para conseguir o glorioso propósito de amar e ser amada, a ideia
do livro é boa. Já pensou, austenmaníacas,
a chance de fazer um role playing game
em plena regência onde você se torna um personagem inspirado nas criações da
autora? As pessoas que conhecem melhor muitos livros da autora percebem as várias
referências. Eu ainda preciso evoluir nisso. Só li Orgulho e Preconceito e vi a adaptação de Emma para o cinema. Mas os livros de Emma e Razão
e Sensibilidade
estão na pilha, esperando o caos que me acompanha passar.
Mas não deixa entediado quem só conhece o básico do básico. É uma ideia muito
interessante para quem sabe embarcar na brincadeira (pelo amor de Deus, não me
coloquem como Lydia ou o parque viraria cenário de uma catástrofe. Ô criatura
irritante!). E a distinta personagem principal do livro não devia ter descido
para o play, porque transformou uma viagem que deveria ser divertida em uma
confusão existencial sobre sentimentos, realidade e fantasia. Sério, me vi
querendo entrar no livro e falar: “CRIATURA, JÁ QUE ESTÁ NA CHUVA, SE JOGA!” No
entanto, a insatisfação da criatura não passaria em Austenlândia, Groelândia,
Disneylândia, Finlândia ou outro “lândia” possível porque era algo que ela
precisava se resolver. Podem ficar tranquilos, ela descobre o caminho. Só
lamentei que Jane tenha perdido boa parte da diversão de despencar no século 19
sabendo que poderia voltar para o século 21.


– Mas devo dizer que a reta final é ótima.
E a última conversa com a sra. Wattlesbrook, a gestora de Austenlândia, me fez
vibrar. Que mulher ridícula! Precisa rapidinho de um cursinho com alguns
empreendedores e mesmo gestores de grandes marcas que sabem tratar os clientes
com respeito.
– Moral da história. Austenlândia serviu
para reforçar a minha convicção que, de vez em quando, a gente precisa se
permitir umas fantasias, uns Srs. Darcy, em meio a este mundo cruel e
totalmente dedicado à vaidade e às relações de curta duração. Tem gente que vai
achar isso ridículo? Sim. Então, seja ridícula. A partir do momento em que você
paga as suas contas, cumpre a lei, não precisa dar satisfação a ninguém, afinal
de contas, não há perfeição que resista a uma análise um tiquinho só mais detalhada.
Depois de uma pesquisa no Goodreads,
descobri que existem dois livros relacionados com a temática do parque Austenlândia:
Austenland – Austenlândia – Jane Heyes e a
obsessão por Sr. Darcy
Midnight in AustenlandMeia-noite na Austenlândia – Charlotte
Kinder e a compulsão em resolver problemas
– Links: Goodreads autora e livro; site da autora.
Bacci!!!

Beta


ps. (em 17/08/2014): O filme inspirado no livro foi lançado em 2013. Não me perguntem como nunca vi antes. (Bendita seja a TV por assinatura!) O filme suavizou algumas coisas que me irritaram no livro, mas trocou uma fala na cena que eu mais gostei no final. Mas é bem divertido. Vale assistir! Eis o trailer, mais informações. 

1 Comentário

  1. Sil de Polaris

    Oh, eu continuo julgando esse romance muito interessante, tanto que adoraria ter uma tia-avó que desse um presente desse quilate para mim. Seus comentários sobre "Orgulho e Preconceito" (filme, livro, série) foram saborosos em sua simplicidade. Sua opinião sobre aquele "prazer culpado" de sua personagem principal foi ótimo também: importar-se muito com pensamentos alheios é muito castrador !

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