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Dois garotos se beijando – David Levithan – Cap. 997

Ciao!!!

Disponível na Amazon

“Vocês não fazem ideia do quanto as coisas podem mudar rápido. Vocês não fazem ideia de como, de repente, os anos podem passar e as vidas podem terminar. A ignorância não traz felicidade. Felicidade é saber o significado total do que recebeu”. (p.17)
Querido David Levithan,
Você não me conhece e eu conheço apenas o que você escreve.
Mas eu amo a forma como você transforma palavras em sentimentos.
Obrigada por, mesmo sem saber, abrir o Abril Imperdível #LdM10anos.
Não poderia pedir por início melhor, emocionante, poético e profundo.
Beta, leitora compulsiva e blogueira tiete.
 
ps.: E te reencontro na lista de melhores do ano ;). 
Dois garotos se beijando – David Levithan – Galera Record
(Two boys kissing – 2013)
Personagens: Dois garotos se beijando e um universo enorme ao redor deles
Craig e Harry se beijam no pátio da escola. Amigos apoiam. Outros tentam entender o motivo de uma demonstração pública de afeto. E alguns simplesmente não escondem seu desagrado. Enquanto isso, Cooper não se entende, não sabe como lidar com a rejeição dos pais e nem com a raiva que sente do mundo. Neil e Peter parecem perfeitos um para o outro, apesar de ainda precisarem lidar com algumas diferenças. Ryan e Avery ainda estão nos primeiros momentos do encantamento de se conhecerem. Todos tentando apenas existirem em um mundo que não demonstra respeito por eles serem quem são.
Comentários:
You must remember this
a kiss is still a kiss
A sigh is just a sigh
The fundamental things apply
As time goes by
Um beijo é apenas um beijo. Mas pode ser tão mais que isso. Pode ser convenção, educação, afeto, traição, necessidade, agressão, protesto, proteção, paixão, amor. Inspirado em fatos e dores reais, “Dois garotos se beijando”, ao abordar o amplo universo dos jovens lidando com a descoberta pessoal e às vezes pública do fato de que gostam de outros homens, David Levithan fala sobre algo além: o ser humano. Ele consegue pegar a gente pela mão e, ao usar um particular – com o qual você não precisa ser ou pertencer para entender (dependendo da capacidade e interesse em se colocar no lugar do outro) –, fala em alto e bom som sobre o universal.
– Espero que um esteja passando AIDS pro outro – o ouvinte diz para o apresentador da rádio. – Espero que, quando estiverem morrendo de AIDS, também mostrem na internet, pra que as crianças saibam o que acontece se você beijar assim.
O apresentador ri e chama o ouvinte seguinte” (p.145)
Dois garotos decidem protestar contra a agressão sofrida por Tariq, outro adolescente gay que eles nem eram próximos – mas se identificaram. Para isso, decidem entrar para o Guiness Book com um beijo de 32 horas 12 minutos e 10 segundos e fazendo isso publicamente no pátio da escola onde estudam.

Ao mesmo tempo, acompanhamos como o ato afeta direta e indiretamente pessoas ligadas a ele. Começando pelos próprios Craig e Harry, que foram namorados e são amigos que se amam. O quanto você precisa confiar em uma pessoa para se expor desta maneira porque outras pessoas vão ver um momento íntimo tornado público com um propósito.

A jornada será longa, desgastante, poderá fortalecê-los, mas antes irá exigir que enfrentem momentos de vulnerabilidade, sofrimento físico e mental, convicções que serão abaladas, abandonadas e reconstruídas.
Você cresce. Sua vida se amplia. E você não pode esperar que só o amor de seu companheiro o preencha. Sempre vai haver espaço para outras coisas, e este espaço não fica vazio, mas é preenchido por outro elemento”. (p.200-201)
Os melhores amigos, que apoiam, os desconhecidos que se identificam com os dois garotos se beijando, aqueles que são contrários e querem deixar isso bem claro, os bullies que não vão perder a chance de tentar estragar o momento. A reação dos pais e irmãos, que podem surpreender – para bem e para mal. A atração que recebem da imprensa e de várias pessoas no mundo, que falam sobre eles, mas não podem ouvir o que os dois têm a dizer porque eles não podem e não querem interromper o beijo antes da meta.
“Mas às vezes, às vezes ela ainda estava lá. A magia que tínhamos criado permanecia. Talvez até crescesse à luz do dia. Porque, se pudesse ser parte de nosso dia, isso significava que podia ser parte de nossas vidas. E, se podia ser parte das nossas vidas, era uma magia que valia muitos riscos e saltos” (p. 53)
E paralelo ao beijo, várias outras histórias desenrolam. Peter e Neil, adolescentes que já estão em onde um deles ainda busca o conforto de ser aceito por ser quem é. Cooper, que não se entendeu, está na busca, talvez por caminhos mais tortos e, ao cometer uma falha e ser exposto, se depara com uma raiva incontrolável e toma decisões extremas. Ryan, o garoto de cabelo azul, encontra Avery, o menino de cabelo rosa, em um baile e começam o mágico processo dos primeiros encontros.
Vocês nunca vão esquecer como é esta sensação, essa esperança. Sim nós poderíamos falar com vocês por dias sem fim sobre todos os primeiros encontros ruins. Eles são histórias. São histórias engraçadas. Histórias constrangedoras. Histórias que amamos compartilhar, porque, ao compartilhá-las, tiramos alguma coisa da uma ou duas horas que gastamos com a pessoa errada. Mas isso é tudo que os primeiros encontros ruins são: historinhas. São primeiros capítulos. Em um primeiro encontro bom, tudo é primavera. E quando um primeiro encontro bom vira um relacionamento bom, a primavera perdura. Mesmo depois que acaba, ainda pode haver primavera” (p.39)
Histórias costuradas pelo beijo de dois garotos e pela narração de vozes que sabem e entendem tudo o que eles passaram. Ao contrário de Garoto encontra Garoto, onde ele cria uma realidade onde os diferentes convivem em normalidade, aqui a narrativa é bonita e melancólica por se tratar de um mundo onde isso não é possível.
As vozes compreendem a confusão, o sofrimento e cada pequeno momento que se torna uma recordação valiosa. Vozes que foram sacrificadas de forma prematura, brutal e que torcem para que outros vivam o que elas não tiveram chance (o que me lembrou deste livro). Vozes que esperam por um mundo melhor neste milagre que aquece nossas esperanças a que convencionamos chamar de futuro.
E saibam que guardarei as cinco últimas linhas deste livro com afeto. Não vou contar quais são, porque elas fecham toda uma jornada. Com direito a escrever na capa das agendas, espalhar em post-its naquele mural que há séculos prometo montar com fotos e ímãs na parede do quarto, para que sempre possa ler e me lembrar de nunca esquecê-las.
Arrivederci!!!
Beta 

2 Comentários

  1. Sil de Polaris

    Ora, eu tenho ficado impressionada um pouquinho, para ficar muito indignada em seguida, ao ver que existem tantas pessoas que julgam-se com direito de espezinhar e maltratar homossexuais por serem diferentes, por serem homens que amam homens e mulheres que amam mulheres. Eu sequer posso imaginar corretamente seu sofrimento desde sua descoberta de sua condição até sua morte, seja quando for.

  2. Luna

    Louca para ler esse livro!!!!!!! Parece uma história maravilhosa!

    Acredito que as pessoas devam correr atrás da sua felicidade sempre, pois a vida é uma só. E a sociedade deveria buscar sempre a paz, a solidariedade ao invés de tanto preconceito e ódio. Jesus nos ensinou a amar o próximo e é uma das lições mais belas que existem. É tão mais fácil, mais simples procurar fazer o bem, que eu jamais conseguirei compreender porque as pessoas insistem em destruir, em maltratar umas às outras.

    Bjs!

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