Ciao!!!
A
Editora Arqueiro lança neste mês dois livros que, infelizmente, tratam de um tema comum:
revenge porn, a “vingança pornô” ou “pornô de vingança” como preferir.
PROFUNDO & INTENSO
SÉRIE CAROLINE E WEST
Robin York
Caroline Piasecki vê sua vida se transformar em um pesadelo quando o ex-namorado espalha fotos dela nua na internet. Desesperada, ela tenta fazer com que as imagens sumam da rede e, ao mesmo tempo, tem que se defender da multidão de pessoas que a julgam.
Um dia, quando um cara que ela mal conhece sai em sua defesa, tudo muda de repente. À primeira vista, West Leavitt é a última pessoa de quem Caroline deveria se aproximar. Ela, por sua vez, é o tipo de garota que West sempre tentou evitar.
A autora Robin York explicou porque investiu neste tema para este dueto que chega às livrarias simultaneamente em março.
Queridos leitores,
O que aconteceu com Caroline se chama “vingança pornô” ou “pornografia não consensual”, e é uma droga. É também perfeitamente legal em todos os Estados Unidos, com exceção de Nova Jersey e da Califórnia.
Vingança pornô é uma forma de abuso que usa imagens sexuais sem o consentimento da pessoa retratada como forma de constranger, ferir e denegrir a vítima. Acontece o tempo todo, abertamente, com o consentimento do sistema legal norte-americano.
Isso precisa parar.
Se quiser saber mais sobre o assunto ou emprestar sua voz para apoiar a criminalização da prática, peço que visite o site End Revenge Porn, uma campanha que tem a finalidade de dar visibilidade à questão, apoiar vítimas e fazer campanha junto a legisladores para modificar a lei.
Com carinho,
Robin York
*** Como apurar estes crimes ****
Claro que a Mulherzinha ativou o modo jornalista e foi atrás de especialistas para ter informações sobre o assunto.
Conversei com uma das titulares da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Juiz de Fora, Ângela Fellet, esclareceu que a vingança pornô se refere basicamente à divulgação de fotos e vídeos íntimos em redes sociais (como Facebook, etc), sites de vídeo (Youtube) e grupos de mensagens instantâneas (Whatsapp) como uma forma de retaliação.
“Ocorrem, principalmente, com ex-companheiros (as) que não aceitam o término do relacionamento, como forma de pressão; ex-companheiros (as) que foram traídos ou por extorsão, exigindo da vítima quantias em dinheiro ou outras atitudes para que as fotos/vídeos não sejam divulgados”, explicou.
Pela rapidez com que o conteúdo se espalha pela internet e redes sociais, costumam ser casos de apuração complexa. “As dificuldades se tornam grandes para investigar quais foram as pessoas que repassaram para outras as fotos ou vídeos, já que costumam chegar a centenas ou milhares”, disse Ângela Fellet.
No entanto, não é sinônimo de impunidade. A Delegada de Mulheres destacou que é possível chegar à pessoa que desencadeou a situação:
Entretanto, o autor da primeira divulgação pode ser mais facilmente identificado através de quebra judicial de sigilo de dados, e responder pela investigação e processo criminal, além da vítima, em alguns casos, ter direitos a danos morais, explicou Ângela Fellet.
As mulheres ainda são a maioria das vítimas. A orientação é de registrar Boletim de Ocorrência na Polícia Militar e procurar a Delegacia para pedir a abertura de investigação. “A vítima deve manifestar o desejo de providências criminais contra o autor. Esse crime configura o delito de difamação, descrito no artigo 139 do Código Penal. A pena prevista é de detenção de três meses a um ano. Essa pena é aumentada de um terço caso a difamação seja cometida por meio que facilite a divulgação da mesma, o que se enquadra no assunto que tratamos”, afirmou.
*** Apoio para superar o trauma ***
Conversei também com a psicóloga Ana Stuart, que acompanhou alguns casos de revenge porn em Juiz de Fora. Ela também destacou que, apesar de alguns homens terem sido vítimas, ainda é mais comum a exposição de mulheres, que descobrem, da pior forma, que o parceiro não era digno de confiança. “As adolescentes costumam ser muito apaixonadas e, se o namorado pede, aceitam fazer fotos ou vídeos. No caso de exposição, sofrem porque ainda não tem a estrutura emocional para lidar com isso. Sei de jovens que se isolaram, perderam a fome, não queriam mais nada. Havia até risco de tentar o suicídio”, comentou a psicóloga.
Independente da idade, a vítima percebe que a confiança depositada no parceiro não foi recompensada. “E quando o relacionamento termina, ficam nesta situação de vulnerabilidade, com medo. Se o cara não tem maturidade para lidar, ele ameaça. E em alguns casos, realmente usa as imagens como arma”, destacou a psicóloga.
Ana Stuart destacou que muitas pessoas buscam apoio e resposta na Justiça. Para ela, o importante é encontrar e assumir a reação que melhor ajude a vítima e seus familiares próximos a lidarem com o trauma.
“Cada caso é um caso. Depende da estrutura emocional das pessoas envolvidas. Há quem prefira se omitir e esperar baixar a poeira, confiando que o tempo fará os outros esquecerem. Outros preferem comprar a briga, proteger a vítima e enfrentar o agressor. Acompanhei uma garota que era perseguida por um ex. Ele a expôs publicando fotos na internet. Ela se mudou de cidade, ele a perseguiu, localizou e manteve as ameaças. Por fim, ela se cansou. Parou de fugir, sofrer e chorar e enfrentou. Avisou à PM. O cara ficou com medo e fugiu”, contou.
Mais que críticas e recriminações, é importante que familiares ajudem a fortalecer a vítima para enfrentar o problema. “A vítima, não importa a idade, sofre. A mãe e o pai vão sofrer juntos. É um caos para a família inteira. Serve para ver quem é amigo e quem não é. O ideal é enfrentar e fazer algumas mudanças no esquema de vida, sem ser algo drástico”, afirmou Ana Stuart.
Porque a pessoa não pode perder o fio da meada da própria vida e permitir que a vontade de outro seja mais forte que a vontade dela, destacou a psicóloga Ana Stuart.
*** Ou seja ***
Se você souber de um caso desses, não compartilhe, se for em redes sociais, denuncie o perfil para que a publicação seja retirada do ar.
E não critique a vítima. Poderia ser você. Poderia ser alguém que você ama. Infelizmente no Brasil ainda temos um pensamento de que a mulher é culpada por tudo. Ninguém é culpado por ser vítima de uma pessoa que não soube respeitá-la.
Tenha a humildade de perceber que você não tem o direito de jogar pedra no telhado de ninguém. Seja solidária e respeite o sofrimento dos outros.
E enquanto cidadãs e cidadãos, vamos cobrar dos políticos para que a vingança pornô ganhe punição rigorosa prevista em lei. E que os culpados paguem pelo crime que cometeram.
Bacci!!!
Beta
Ok, eu admitirei que meu primeiro pensamento foi "como ELA permitiu-se colocar-se em tal situação ?", esquecendo que houve vítimas masculinas também. Então eu lembrei que ter fotos de mim nua em seu celular foi uma idéia de meu namorado também. Um fetiche dele. Mas eu recusei, porém eu fiquei tentada porque tem um tom envaidecedor em tal pedido. Mas meu recato foi mais forte que esse fetiche tonto, nada sedutor.
Todavia convém lembrar que foi nada sedutor para mim. Outra pessoa, homem ou mulher, teria outra reação – contrária à minha reação ao que muito indica. Entretanto é de eu ficar indignada com um abuso e uma traição desse calibre ! Tem de enfrentar-se mesmo, que é certo, é melhor, faz muito bem. Sofre-se menos enfrentando que chorando e fugindo, encolhida em um canto ! Lutar ao sol e em público tem de ser ensinado !