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Escola Brasileira de Futebol – Paulo Vinícius Coelho {PVC} – Cap. 1484

Ciao!
 
Aproveitando que o Brasil decide o destino na Copa nesta quarta-feira, venho com o release de uma sugestão sobre história do futebol nacional no Literatura de Mulherzinha.
Os comentários estão rolando no meu perfil do Facebook – em meio à abençoada correria nossa de todo dia – mas não podia desperdiçar essa chance!
Escola Brasileira de Futebol – Paulo Vinícius Coelho {PVC} – Objetiva
(2018)
Para quem estuda futebol na Universidade, seja a de Educação Física, Comunicação (como meu caso) ou algum outro curso que decida olhar para o esporte, este livro é uma enorme ajuda. Falo por experiência própria, porque eu fiz meu Mestrado em Jornalismo Esportivo e, ironia das ironias, no país do futebol, a bibliografia é lamentavelmente reduzida – quando imaginamos tudo que poderia existir.
PVC é comentarista esportivo, atualmente no Fox Sports, conhecido pela análise e pelas informações voltadas para a estatística. Já vi umas falas dele que eu ficava me perguntando como ele se dava conta daquilo, óbvio que é com muito estudo e pesquisa – lamentavelmente não aprendemos as coisas por osmose, se fosse possível, minha capacidade de leitura seria infinita.
Ele se dedica a discutir como é a escola brasileira de futebol – se é que existe UMA escola só. Para os leigos, seria definir o estilo de jogo de um país. Embora as regras sejam as mesmas: 22 criaturas correndo atrás de uma bola onde apenas dois estão autorizados a segurá-las com a mão e precisando marcar no gol adversário, cada país – no universo maior – e cada time – desenvolveu um estilo. O Barcelona não joga igual ao Real Madrid. O Liverpool não joga do mesmo jeito que o Manchester – seja o City ou United. A Fiorentina e o Botafogo entram em campo dispostos a me fazer ter um troço, enfim, deu pra entender né?
E neste universo, tem três, quatro, cinco, sete (?) filhos de Deus – e agora mais um bando que vê pela TV e apita pelo árbitro de vídeo – que tentam fazer com que as regras sejam cumpridas. (Significa que nenhum engraçadinho precisa vir me perguntar se eu sei o que é impedimento, porque está na cara que nem os envolvidos no troço conseguem descobrir um sozinho e agora chamaram a ajuda das câmeras, ok?)
Ah, o Brasil é o “jogo bonito”, onde talentos surgem em todos os cantos. Ok, ele se dedica a analisar historicamente como foi e é isso na prática. O Brasil joga inspirado pelo talento individual do craque e não liga para estratégia – e como surgiram técnicos marcados pela capacidade de ver o jogo da própria equipe e do adversário e tentar tirar o melhor proveito disso. Ah, importante no Brasil é só atacar. Aham, e surgiram times que transformaram a defesa em sua melhor arma.
Para os leigos, aquele monte de números que os analistas usam na TV e nos jornais ficam muito mais claros com os gráficos do livro. Até pra quem já tem algum conhecimento, ajuda muito a entender os papeis que os jogadores precisam desempenhar em campo para a estratégia funcionar – você não acreditou que era todo mundo atrás da bola e Deus que nos proteja, né? Aquele toque de bola infinito da Espanha tinha motivo: cansar o adversário e fazer abrir o espaço que permita a alguém do time deles para finalizar.
Eu ouvi falar de muitos técnicos (nacionais e estrangeiros) citados. Vi vídeos de alguns craques mencionados. E conheci alguns graças a esta leitura. Era criança para entender a lógica usada nas seleções e nos times na década de 1980 – só queria saber de gol a favor de
quem eu torcia, simples assim. Só passei a prestar atenção na década de 1990, quando comecei a ver os jogos, buscar entender o que acontecia para poder reclamar/torcer/esbravejar com mais propriedade. O livro me apresentou mais argumentos para as discussões com os amigos e amigas.
Não foi uma leitura chata e ufanista (não esperava isso do autor – mas achei melhor avisar, afinal de contas, atualmente nem todo mundo nesta galáxia sabe lidar com análises críticas), sabia que seria uma análise dissecando virtudes, defeitos, o que funcionou ou não, como tal jogador foi beneficiado ou não pela estratégia do treinador e que sofreu – como eu no meu Mestrado – com a falta de mais informações nos registros possíveis. Pra vocês terem ideia, quando futebol começou a virar nota de jornal, muitos citavam as roupas que o público usava e não falava quase nada do jogo em si e em alguns casos não citavam o placar! (ah, quem é que vai querer saber quem ganhou o
jogo, né?)
Só achei um erro – nem eu acreditei, tanto que fui pesquisar pra ter certeza de que não era traída pela memória afetiva – na página 112:

“Quando o nome da posição é usado sem critério, misturando as funções e características dos jogadores, o sentido pode se perder. Dois cabeças de área, assim como nomenclatura, tanto poderiam significar Falcão e Beckenbauer quanto Chicão e De Jong, holandês expulso na final de 2010. Ora uma dupla refinada, ora uma dupla destruidora”.


Maaaaas… De Jong não foi expulso na final de 2010. Ele deveria ter sido, afinal de contas tentou fazer uma cirurgia de extração dos pulmões e do coração de Xabi Alonso sem anestesia em pleno Soccer City na decisão que a Espanha venceu por 1 x 0, gol do Iniesta. 
 
 
O mundo inteiro viu, menos o juiz Howard Webb que – desfavorecido pelo ângulo ruim – só deu cartão amarelo. E quero deixar claro que só me lembro disso porque adoro o Xabi Alonso, xinguei o juiz e o De Jong de todas as formas que você puder conceber e continuo achando que deveria ter sido vermelho e prisão, mas sei que as regras não permitem.
As alegrias, os fracassos, os mitos – eu sabia que a Seleção de 1970 não surgiu magicamente, conduzida por anjos e abençoada pelo divino, mas confesso que a análise dele abriu minha mente para outras opções sobre a Tragédia do Sarriá em 1982 e trouxe um detalhe que eu não sabia sobre o 7 x 1 (eu tinha uma hipótese para o abalo emocional do time e ele complementou minha opinião com um fato relatado no livro que eu não consigo imaginar que os então gestores do futebol e da Seleção tiveram a falta de sensibilidade de fazer) – tudo que a gente precisa ver para entender melhor este jogo criado pelos britânicos e que amamos amar, odiar, esbravejar e que permite a gente se emocionar. 
 
Quer aprender mais sobre a nossa história, a nossa identidade, a forma como o Brasil se inventa e reinventa, se reencontra, se perde, se constrói, se destrói, se reúne e se desperdiça sempre em busca de confirmar o status de melhor do mundo (credenciado por cinco títulos mundiais)? Este livro é uma excelente opção.
– Links: site da editora; Skoob.
Arrivederci!!!

Beta

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