Ciao!
Este
livro – que inspirou um filme – pode causar reações desconfortáveis em quem lê.
livro – que inspirou um filme – pode causar reações desconfortáveis em quem lê.
Foi o
meu caso e vou dizer o motivo.
meu caso e vou dizer o motivo.
Diário de uma garota normal – Phoebe Gloeckner – Faro Editorial
(The
diary of a teenage girl: an account in word and pictures – 2002)
Personagens: Minnie Goetze
(The
diary of a teenage girl: an account in word and pictures – 2002)
Personagens: Minnie Goetze
O
diário narra uma parte da vida de Minnie, adolescente de 15 anos, a partir da
primavera de 1976 em São Francisco. Ela descobre a sexualidade, entra em
conflito consigo mesma, analisa seus relacionamentos com a mãe, a irmã, os
amigos e vai narrando a forma como enxerga o mundo. Ela demonstra o que se
sente com palavras e com desenhos. E assim nos leva para um passeio pelo que
sentiu e viveu.
diário narra uma parte da vida de Minnie, adolescente de 15 anos, a partir da
primavera de 1976 em São Francisco. Ela descobre a sexualidade, entra em
conflito consigo mesma, analisa seus relacionamentos com a mãe, a irmã, os
amigos e vai narrando a forma como enxerga o mundo. Ela demonstra o que se
sente com palavras e com desenhos. E assim nos leva para um passeio pelo que
sentiu e viveu.
Comentários:
– É um
livro desconfortável porque saiu da “casinha” da maioria das minhas leituras. Li
outros com temas pesados e tive reação semelhante: o estranhamento causado por
algo que não me identifico logo de cara. E a vida de Minnie é totalmente
díspare da experiência que tive seja adolescente ou agora.
livro desconfortável porque saiu da “casinha” da maioria das minhas leituras. Li
outros com temas pesados e tive reação semelhante: o estranhamento causado por
algo que não me identifico logo de cara. E a vida de Minnie é totalmente
díspare da experiência que tive seja adolescente ou agora.
– Por
fora, a gente imagina que Minnie seja uma garota normal – ou como ela mesma
diz, sem atrativos e sem beleza alguma. Mora com a mãe e com a irmã. Estuda como
bolsista em um colégio. Ela começa a narrar suas experiências como filha,
aluna, irmã… E a relação que desenvolve com um dos namorados da mãe, Monroe.
fora, a gente imagina que Minnie seja uma garota normal – ou como ela mesma
diz, sem atrativos e sem beleza alguma. Mora com a mãe e com a irmã. Estuda como
bolsista em um colégio. Ela começa a narrar suas experiências como filha,
aluna, irmã… E a relação que desenvolve com um dos namorados da mãe, Monroe.
– A
narrativa que não romantiza e não perdoa nada desperta em quem lê uma vontade
irracional de julgar as atitudes dos personagens. Confesso que me vi diante
deste dilema várias vezes, que também ocorreu com #MadreHooligan, que leu antes
de mim. Ela me disse que não era um livro fácil, que os personagens pareciam
perdidos e tomavam atitudes que não deviam.
narrativa que não romantiza e não perdoa nada desperta em quem lê uma vontade
irracional de julgar as atitudes dos personagens. Confesso que me vi diante
deste dilema várias vezes, que também ocorreu com #MadreHooligan, que leu antes
de mim. Ela me disse que não era um livro fácil, que os personagens pareciam
perdidos e tomavam atitudes que não deviam.
– Eu me
vi pensando que não conseguia julgar Minnie, porque, como disse, não tive que tomar
as decisões que ela tomou, seja por curiosidade, carência, busca de
autoafirmação, necessidade de se sentir viva e um ser humano. Não estivemos na
pele da personagem e temos que confiar nas palavras dela e entender como ela se
deixou abusar pelos outros e por si mesma na jornada narrada no diário. E você
estará dentro da mente dela seja nas palavras ou nos quadrinhos: ela fala tudo
com todas as letras. Em alguns momentos, quem lê percebe as entrelinhas antes
dela.
vi pensando que não conseguia julgar Minnie, porque, como disse, não tive que tomar
as decisões que ela tomou, seja por curiosidade, carência, busca de
autoafirmação, necessidade de se sentir viva e um ser humano. Não estivemos na
pele da personagem e temos que confiar nas palavras dela e entender como ela se
deixou abusar pelos outros e por si mesma na jornada narrada no diário. E você
estará dentro da mente dela seja nas palavras ou nos quadrinhos: ela fala tudo
com todas as letras. Em alguns momentos, quem lê percebe as entrelinhas antes
dela.
– No
entanto, considero que os adultos – dois deles, especialmente – deveriam ter agido
diferente – o comportamento omisso, permissivo, desinteressado causou
sofrimento para outras pessoas e para eles mesmos. Afinal de contas, ninguém
aqui vai conseguir ter ou recuperar o que não tem – a juventude, dinheiro,
beleza não virão pela autopiedade, pelas noites de álcool e drogas com os
amigos, pelos relacionamentos confusos e descompromissados. Vou optar em não
dar detalhes, para não influenciar na experiência de quem ainda vai ler. Só posso
dizer, não será fácil, nem idealizado, nem romântico.
entanto, considero que os adultos – dois deles, especialmente – deveriam ter agido
diferente – o comportamento omisso, permissivo, desinteressado causou
sofrimento para outras pessoas e para eles mesmos. Afinal de contas, ninguém
aqui vai conseguir ter ou recuperar o que não tem – a juventude, dinheiro,
beleza não virão pela autopiedade, pelas noites de álcool e drogas com os
amigos, pelos relacionamentos confusos e descompromissados. Vou optar em não
dar detalhes, para não influenciar na experiência de quem ainda vai ler. Só posso
dizer, não será fácil, nem idealizado, nem romântico.
– Livros
assim “desconfortáveis” ajudam a enxergar o mundo além do meu nariz ou da forma
como gostaria que ele fosse – e muitos outros me satisfazem nesse aspecto.
Livros assim lembram que todos carregam a própria cruz e que ela pode ficar
mais leve ou mais pesada pela forma como a gente a enfrenta. Minnie termina o
livro bem diferente da que inicia a jornada dizendo “Eu não me lembro de ter
nascido”. E quem lê se despede da história pensando que nós nunca sabemos o que
se esconde por trás do rótulo “normal” que damos aos outros. Às vezes, “normal”
passa longe.
assim “desconfortáveis” ajudam a enxergar o mundo além do meu nariz ou da forma
como gostaria que ele fosse – e muitos outros me satisfazem nesse aspecto.
Livros assim lembram que todos carregam a própria cruz e que ela pode ficar
mais leve ou mais pesada pela forma como a gente a enfrenta. Minnie termina o
livro bem diferente da que inicia a jornada dizendo “Eu não me lembro de ter
nascido”. E quem lê se despede da história pensando que nós nunca sabemos o que
se esconde por trás do rótulo “normal” que damos aos outros. Às vezes, “normal”
passa longe.
–
Links: Goodreads livro e autora;
entrevista da autora ao Estadão;
site da editora;
Skoob.
Links: Goodreads livro e autora;
entrevista da autora ao Estadão;
site da editora;
Skoob.
Arrivederci!!!
Beta