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A história de Malikah: O amor nos tempos do ouro 2 – Marina Carvalho – Cap. 1637

Ciao!

Mais um livro cumprido!
Sinceramente, não havia melhor data para falar sobre este livro que nesta quarta, 20 de novembro, Dia de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra.
Vivemos em um país onde falta a base para muitas coisas: educação sobre si mesmo, sobre quem somos, de onde viemos e por que
existe uma falsa sensação de igualdade racial.
Romances como A história de Malikah permitem que a gente amplie nossos questionamentos sobre como precisamos rever a História do Brasil e dar vozes a muitas pessoas que foram silenciadas.
A história de Malikah – Marina Carvalho – GloboAlt (O amor nos tempos do ouro 2)
(2017)
Personagens: Malikah e Henrique
Dois anos após a fuga da Fazenda Real, Malikah e o filho vivem em relativa segurança na Quinta Dona Regina com os amigos Fernão e Cécile. Aparentemente a única ameaça à paz deles é a presença constante e a aproximação indesejada de Henrique. Ele estava disposto a qualquer chance de provar que tinha se redimido dos erros que cometera e que merecia uma oportunidade de recuperar a família. Malikah não estava disposta a confiar e dar a ele a chance de fazê-la sofrer de novo.
Comentários:
– Marina dá voz à Malikah, uma das personagens importantes de O amor nos tempos do ouro: a escrava que ficou amiga da protagonista, Cécile. E as duas, juntas, conseguiram escapar de Euclides de Andrade, o capeta em forma de antagonista e reconstruir as vidas onde o mal que ele causou não pudesse alcançá-las.
– Nesta continuação, sabemos mais sobre ela. A jornada da menina arrancada da terra natal, que perdeu parentes, irmãos. Que foi despida de toda a dignidade e que foi escravizada ainda criança. Afastada da mãe, que viu ser morta pela crueldade de um homem considerado importante e referência na cidade. Que sofreu a ponto de desejar ser invisível ou mesmo não existir. Creia, você vai perceber cada sentimento deste na voz da criança, da jovem e da mulher que Malikah se tornou.
– A narrativa ocorre em duas linhas temporais distintas, que conversam entre si: Malikah e Henrique crianças e os dois adultos, lidando com tudo que ocorreu para separá-los. E a história é justamente o contraponto entre as duas fases. As mágoas, as dores, a insegurança, a traição, o medo que ficaram como herança de um amor que se sabia desde o início que era complicado. E das decisões equivocadas que deixaram como consequência o peso de Malikah não saber se valia a pena arriscar. Henrique quer a família, mas nem sempre querer é poder.
– Temos dois protagonistas que sempre se sentiram deslocados de quem são – pela perda das referências ou por não serem relevantes até que fosse conveniente para quem tinha poder sobre os dois. Essa busca pelo pertencimento os aproximou e foi a causa do problema entre eles. Agora, eles tentam se reconstruir a partir do que foi quebrado e destruído. E ainda precisando considerar um terceiro interesse envolvido: o do elétrico, arteiro e pequeno Hasan, que ainda não compreende tudo que está em jogo.
– Reencontramos Cécile e Fernão, além de outras pessoas que já conhecemos no primeiro livro. Novos personagens surgem para interferir na muito complicada dinâmica entre os protagonistas e os amigos sempre dispostos a ajudá-los.
– Será que haveria chance para Malikah e Henrique? E não custa lembrar de que eles viviam em uma sociedade hostil aos negros, mesmo os alforriados e em um mundo hostil ao ser humano. Os animais selvagens ou peçonhentos – por mais perigosos que fossem – ainda perdiam para a falta de um homem apegado ao poder e que não gostou de ser afrontado publicamente.

– Vivemos em um mundo injusto e cruel, querida, onde seres humanos subjugam seus semelhantes sem remorso. A maioria dos brancos é doutrinada desde cedo a acreditar que pessoas de outras raças são inferiores. Na hierarquia dessa gente, alguns animais têm mais valor do que o homem, especialmente se este for negro, ou gentio, ou pobre”. 

1737 ou 2019? Quando uma citação deixa a gente chocada em como o passado está ainda bem presente, é a prova do detalhamento que Marina fez na pesquisa para narrar uma ferida que ainda não cicatrizou no país. E que não podemos perder a esperança – e agir por ela – para que todos entendam o que houve e por que precisamos evoluir da atual situação de desigualdade em diferentes instâncias que vivemos.
Série O amor nos tempos do ouro
O amor nos tempos do ouro
A história de Malikah
Arrivederci!!!
Beta

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