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Não foi por acaso – Vinícius Grossos – Cap. 1799

Ciao! 

Que eu sou fã da escrita do Vinícius Grossos, imagino que quem frequenta o Literatura de Mulherzinha já saiba.
Este livro, que está disponível na Amazon, exemplifica o motivo: ele sempre me surpreende. 
 

Não foi por acaso – Vinícius Grossos – Editora Nacional
(2021)
Personagens: Helena, Fernando e Miguel
 

Três adolescentes que não se conhecem ficam presos no elevador de um hospital. Foi um plano do Destino que tinha motivos para colocá-los no mesmo ambiente por um tempo. É assim, entre estranhos, que confissões são feitas e se descobre que, no fundo, todos estão sob a mesma chuva. Basta saber se é o momento de se proteger ou de se deixar molhar por ela. 

Comentários:  

Sabe uma coisa que traz identificação? A dor. Os humanos não racionalizam, mas de fora é muito fácil perceber isso. Quando se um vê ou se percebe na dor do outro, o entendimento às vezes acontece”. 

De todos os livros que o Vinícius lançou, ou fez parte, me faltam ler dois – o Sereia Negra e o Eu chamo de amor. Em todos eles, algo me surpreendeu. 

Em Não foi por acaso, o que me encantou foi o fato de minimizar o máximo para universalizar o particular. Parece confuso, mas foi o que ficou na minha mente quando terminei o e-book (sim, li o e-book, mas vou comprar o físico em breve). Ele conseguiu concentrar em três personagens presos em um elevador problemas que dialogam com muitas pessoas atualmente – ou seja, menos foi muito mais. 

Enquanto jornalista, ou seja, alguém que também trabalha com as palavras, embora com finalidade diferente, posso garantir: isso que ele fez neste livro é difícil para caramba. Particularmente, para uma prolixa descarada como eu, beira a missão impossível falar tanto de forma concisa e certeira. Ah, detalhe: não é um livro seco e direto. Para usar uma metáfora que está presente ao longo da história: ele transborda sentimentos. 

Abrir mão do que a gente gosta é uma das piores dores do mundo

Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu pressionado pelas expectativas alheias, quem nunca gostou de si mesmo porque sempre teve uma visão distorcida, quem fez escolhas erradas na vida, quem buscou o amor e ainda não encontrou. Quem não se sente protagonista da própria vida, mas um fantoche dos outros e, por que não, do destino? 

A gente se identifica com as reflexões dos protagonistas porque elas são particulares de cada um, mas também dialogam com o nosso íntimo
– ou seja, se tornam universais. E muitas vezes, a gente é incapaz de ter esse olhar de fora sobre nós mesmos, esse olhar que enxerga de forma cirúrgica aqueles pontos que a gente teima em não admitir.
 

Peço desculpas, mas temos que falar deste assunto. Vocês sempre sabem. Se não sempre, quase sempre. Lá no fundo, naquele lugarzinho que não gostam de visitar, está escondida uma voz bem fraquinha que sempre mostra o que é sincero e real e o que não passa de belas espirais de fumaça, que somem sem deixar rastro. Assim repito: vocês sabem, só que, na maioria das vezes, é mais
confortável acreditar na mentira que criam para se proteger. Fingir dói menos. Mas só por um tempo
”.  

Sei que a referência óbvia, via música citada no livro, é o filme O Clube dos Cinco. Eu me lembrei de um episódio antológico do seriado que eu mais amei assistir – E.R. (Plantão Médico): Secrets & Lies, o 16º episódio da 8ª temporada. O conceito é o mesmo: pessoas convivendo em um mesmo espaço por um período, por motivos alheios às suas vontades. No filme, os adolescentes estavam de castigo. No seriado, tinham que passar por um curso e conversam enquanto a instrutora não chega. 

Em ambos – e também em Não foi por acaso, temos prejulgamentos, disputas e palpites sobre a vida alheia rolando, solicitados ou não. E as pessoas que encontramos no início não serão as mesmas de quem nós damos tchau no final. 

Vale a pena refletir sobre e com Helena, Fernando e Miguel – com a vantagem de não ter que ficar trancada num elevador para isso (já fiquei presa por alguns minutos e não foi nada legal). Sério: se não leu Não foi por acaso, leia. Vale muito a pena. Não sou eu quem diz. É o destino.  

– Links: Goodreads livro e autor; site do autor; Skoob; mais  dele no Literatura de Mulherzinha. 

Arrivederci!!! 

Beta

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