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O protocolo russo – Dr. Grigory Rodchenkov – Cap. 1815

Ciao!

Em menos de um mês, no dia 4 de fevereiro, começam os Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022. Assim como em Tóquio 2020 (que, por causa da pandemia, foi realizada em 2021), não terá a participação da Rússia como país. Os atletas poderão competir como Comitê Olímpico Russo.

O motivo desta punição que termina neste ano é contado neste livro por um dos mentores do mais detalhado esquema de doping de atletas para competições internacionais de alto nível que foi descoberto (infelizmente preciso acrescentar as próximas palavras), até o momento.

Em O protocolo russo, escrito pelo Dr. Grigory Rodchenkov e lançado no Brasil pela Faro Editorial em 2020 (disponível na Amazon), fica claro que, mais uma vez, a vida real dá uma LAVADA na ficção!

Quem é o narrador de O protocolo russo?

Grigory Rodchenkov não é qualquer um, é químico formado em análise instrumental, química analítica e cinética química. Como ele mesmo diz, como diretor do Centro Antidoping de Moscou, ajudou a executar a estratégia de doping esportivo mais bem-sucedida na história mundial. Por mais de dez anos, nenhum atleta sob orientação dele testou positivo durante as competições. As medalhas trouxeram honra ao país e garantiram premiações vitalícias aos ganhadores.

Pelo resto da minha vida, eu me lembraria desta lição: os laboratórios de controle antidoping estão sempre atrasados em relação aos esportistas que se dopam, produzindo principalmente resultados falso-negativos. Não levei muito tempo para me dar conta de que o laboratório do VNIIFK era uma instituição singularmente soviética. Sua função principal não era pegar atletas que usavam substâncias proibidas, mas instruir as equipes nacionais a respeito de como não serem pegas, fornecendo detalhes sobre janelas de detecção e períodos de eliminação de todos os esteroides anabolizantes prescritos por médicos e treinadores. A União Soviética não praticava o controle antidoping per se, mas exercia controle sobre o s permitido de substâncias dopantes.

Todo mundo está ‘limpo’! Só que não estão”.

Qualquer pessoa que acompanhe o esporte mais profundamente sabe que uma infinidade de coisas ocorre longe dos olhos do público. E não seja inocente em ignorar o uso político das modalidades. Basta pesquisar um tiquinho e vão aparecer inúmeros exemplos no Brasil e no mundo, em diferentes momentos da história.

Cultura do doping para vencer, diz autor do livro

O Protocolo Russo narra – pela ótica, lembranças e anotações do Dr. Grigory Rodchenkov – como o doping faz parte da cultura de diferentes modalidades na antiga União Soviética e na atual Rússia. Ele conta o envolvimento dele ainda como atleta e depois como especialista em identificar e combater as fraudes. Foi desta forma que ele conviveu e, depois, ajudou a arquitetar e executar um plano ousado para acobertar os resultados positivos das estrelas do país ganhadoras de medalhas em competições internacionais importantes – como os Mundiais, os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno.

Volta e meia ele é convocado para abafar algum atleta imprudente que se deixou pegar. E nem todos conseguem ser salvos – e isso depois vai jogar contra ele. A briga política para colher os louros da vitória atrapalha até quem trabalha de forma incansável e irregular para isso. São muitos interesses em jogo e vale tudo para chegar ao objetivo. E é uma história onde não há “mocinhos”.

Desdenho da noção de atletas ‘limpos’. A WADA adora essa palavra, mas sua missão deveria realmente ser proteger os atletas honestos. Em geral, os atletas soviéticos e russos quase sempre estavam limpos quando deviam estar, o que significa que conseguimos limpar as evidências de seus esquemas de doping antes de enviá-los para as competições. Eles estavam limpos da mesma maneira que uma camisa lavada está limpa, lavamos coisas sujas para limpá-las. Quando uma nova metodologia foi utilizada para reanalisar as amostras de urinas de atletas ‘limpos’, muitos anos depois dos Jogos Olímpicos de Pequim e de Londres, revelou-se que centenas deles estavam sujos.

Roupas sujas e esportes têm muito em comum”.

Além de qualquer limite ético

Vários países fizeram esquemas de doping em atletas de alto rendimento em busca da vitória ou da medalha acima de qualquer princípio moral. Mas os relatos de Grigory Rodchenko mostram que os russos foram além de qualquer limite – superando o escândalo em torno do doping do ciclista Lance Armstrong, só como referência de outro escândalo famoso no meio esportivo.

Aliás, justamente a investigação sobre o caso de Lance Armstrong foi o ponto de partida do documentário Ícaro, especialmente quando o cineasta Bryan Fogel encontrou Grigory Rodchenko exilado nos Estados Unidos e disposto a contar tudo que fez e viveu, para que todos soubessem.

O livro expõe o mau uso da inteligência e da tecnologia, quando turbinadas pela ganância, pela vaidade e pelo desejo de mais poder. É um tapa na cara, um tapa muito necessário e o relato de uma batalha que não tem fim.

– Links: Goodreads; Skoob.

Arrivederci!!!

Beta

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