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A história da música: da Idade Média ao Século XX – Otto Maria Carpeaux – Cap. 1892

Ciao!

Disponível na Amazon

Você seria capaz de ler um livro de 269 páginas por um motivo que ocupa cerca de 3 páginas?

Eu fui.

Devo dizer que minha curiosidade inicial trouxe bons resultados.

A história da música: da Idade Média ao Século XX – Otto Maria Carpeaux – Faro Editorial

(2022)

Confesso: meu motivo para escolher este livro foi querer saber mais sobre Tchaikovski, que é o meu compositor favorito. E o livro deixou claro algo que eu intuía, mas não tinha plenamente realizado: o contexto de evolução dos caminhos e descobertas da criação e composição musical.

O livro faz traça a trajetória da Idade Média ao início do século 20, já que o autor faleceu em 1978. Obviamente não é possível aprofundar, porque cada uma das etapas e vários personagens citados por si só renderiam livros. No prefácio à primeira edição, Otto Maria Carpeaux explicou que o propósito era ser “a história das obras-primas; só nos intervalos, entre elas, aquele rio aparece na função de condutor”.

Coletivo x indivíduo

Na Idade Média, aprendi sobre a homofonia do canto gregoriano nas igrejas e a polifonia que era do povo e também entrou no ambiente sacro.

E no fim da Idade Média, em meio ao turbilhão na sociedade e nas artes, outro aspecto surgiu: a reforma religiosa opôs o estilo de música cantada na Igreja Católica e na Igreja Luterana. E na contrarreforma, os católicos mudaram o culto e a música do culto.

No Barroco, outra mudança importante, com o surgimento da ópera em Florença o cantor passou aos holofotes, deixando o coro em segundo plano – o individualismo vence o coletivo.

Entre os nomes que Otto Maria Carpeaux destaca nos capítulos iniciais está o de Händel/Haendel (grafia depende a citação vem da Inglaterra ou da Alemanha, respectivamente o local onde viveu e onde nasceu). O compositor do Aleluia (que você já deve ter ouvido ou tentado cantar em algum momento da vida) era um apropriador de temas e trechos de outros compositores. Diz o autor:esse gigante da música era um plagiário”.

E a reta final do capítulo sobre o Barroco é dedicada à Johann Sebastian Bach, o compositor que entregou seu talento e sua arte a Deus. Todas as obras dele são plenamente reconhecíveis e, ainda assim, segundo o autor, completamente diferentes e ricas entre si: “Bach sabe fazer tudo”.

A música clássica

Bach estabeleceu uma nova referência para os compositores após ele. Joseph Haydn foi quem lançou os fundamentos do que hoje chamamos “música clássica”. Ele fez a música evoluir do barroco para o clássico, com as melodias e os temas que ele abordou em suas composições. E o autor me surpreendeu ao apontar citar a descoberta do musicólogo uruguaio Francisco Curt Lange sobre os laços entre a música de Haydn e a música barroca mineira.

E claro que os destaques deste capítulo são duas manifestações de talento puro: Mozart e Beethoven. Como que ambos marcaram a história da música, se tornaram referências para as gerações seguintes e os preços que pagaram pelas escolhas que fizeram em suas vidas.

A arte de Beethoven é o maior documento humano em música. Se desaparecesse do nosso horizonte espiritual, a humanidade teria deixado de ser humana”.

As manifestações dos romantismos na música

Este é um capítulo repleto de nomes conhecidos. E Otto Maria Carpeaux reforça a importância de entender que não houve um romantismo, mas as manifestações dele em diferentes países, com as referências anteriores e por óticas e trabalhos de diversos compositores.

Mendelssohn, um mestre que criou várias obras-primas, mas que foi jogado no esquecimento por ser judeu. Rossini e Bellini, responsáveis pela “nova ópera italiana”. A capacidade de Berlioz em dominar a orquestra inteira. O nacionalismo de Weber, Chopin, Liszt e do “grupo dos cinco” autodidatas na Rússia.  E o contraponto com a música emocional de Tchaikovski. Bizet foi do fracasso à eternidade com “Carmen”.

E em seguida, Richard Wagner, aquele que “exerceu uma influência como nenhum outro músico antes ou depois”. Talento à parte, a descrição que o autor faz sem se deixar levar pelo mito criado em torno dele é crua: “A verdade é diferente. Wagner foi homem terrível e mau-caráter. (…) Foi egoísta monstruoso. Sacrificou, sem escrúpulos, todos os outros”.

E as minhas conclusões

Minha aproximação com a música clássica começou com os desenhos animados. Fantasia, da Disney; Mickey e o Pequeno Furacão; a versão do Pernalonga para O Barbeiro de Sevilha; Pica-pau “cantando” Figaro. Depois meu pai me emprestou CDs de diferentes compositores e foi quando me apaixonei por várias composições e, principalmente, Tchaikovski.

Não sou ninguém na fila do pão musical pra discordar de Otto Maria Carpeaux, embora tenha sentido isso por alguns comentários que ele fez. A forma como ele menciona a sexualidade de dois compositores pode parecer grosseira pra gente, mas devemos considerar o contexto de quando a obra foi escrita.

Algumas das coisas que me chamaram a atenção: como muitos destes compositores morreram jovens. Perdi a conta de quantos não chegaram aos 40. Em poucos casos, Mozart o mais marcante, a música criada foi independente da vida do compositor. Na maioria das vezes, houve algum tipo de influência, em especial, a vivência religiosa.

Os avanços técnicos, melódicos, de construção e estrutura da música, as descobertas que diferenciam de tudo que foi feito antes ou que trazem avanços para o que já existia. Não existe geração espontânea, tudo está dentro de um contexto e entender o entorno aumenta a compreensão. E com certeza estarei mais atenta quando ouvir novamente as minhas favoritas.

– Links: site da editora; Skoob; mais dela no Literatura de Mulherzinha.

Arrivederci!!!

Beta

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