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A Biografia de Roger Federer – René Stauffer – Cap. 593

Ciao!!!

Vou repetir algo que disse no post sobre a autobiografia do Rafa Nadal, não tenho conhecimento suficiente para discutir técnica e as várias informações disponíveis no livro (então, se você é expert em Tênis, saiba que isso não falta no livro).

Na verdade, serei sincera, sou uma abelhuda mesmo – que sabe o básico do básico e assiste aos jogos. Então, quando tive a chance (ganhei um cartão que dava um desconto lindo em uma livraria), comprei esse livro para matar minha curiosidade.

E outra coisa: a obra – disponível na Amazon – traz os relatos até a temporada de 2009, portanto, não pegou as duas últimas temporadas quando Novak Djokovic se tornou uma pedra no sapato alheio… Agora, vamos ao livro sobre o aniversariante do dia.

A Biografia de Roger Federer – René Stauffer – Generale
(Das Tennis-genie: Die Roger Federer Story – 2011)

A vida do tenista Roger Federer, para alguns especialistas, o melhor de todos os tempos. A carreira desde a adolescência, o amadurecimento, o apoio da família. O livro se revela na verdade um estudo feito pelo jornalista René Stauffer, que acompanha Federer desde os tempos de juvenil, de como o suíço se tornou destruidor de recordes e o que o destaca dos demais competidores do circuito.

“Federer é deus”

Durante a leitura, me lembrei de uma história que ouvi, ainda na Faculdade, não me lembro de qual professor. Eu estava escrevendo a minha monografia (também conhecido em outras regiões do Brasil como TCC) sobre por que Ayrton Senna se tornou um mito e ouvi a seguinte dica para a apresentação: “Cuidado com o que você diz na banca”.

Parece óbvio, mas tinha fundamento: um ou dois semestres antes, outro aluno fazia monografia sobre um tema semelhante, mas ele estudou o Michael Jordan. E na hora da apresentação, o rapaz cumprimentou a banca e disse o seguinte: “Michael Jordan é deus. Isto posto, podemos começar.” E os professores ficaram olhando pra ele com cara de “Hein? Hã? Cuma?”. Sei que ele foi aprovado, mas me disseram que a banca foi uma animação só.

Não fiz isso na minha banca, na verdade, comentei que, ao longo do processo de pesquisa, concluí que gostava do Ayrton mais pelos defeitos dele, embora creio que se eu tivesse convivido com ele, meu temperamento escorpiano e o temperamento ariano dele se estranhariam em algum momento.

Porque estou dizendo isso? Bem, depois de ler todo o livro, fiquei com a impressão de que, se o autor quisesse ter dito lá no início “Federer é deus. E continue lendo, para entender o motivo.”, eu não teria estranhado. É evidente a admiração, o respeito e, de alguma maneira, o endeusamento que Stauffer tem pelo tenista.

A sensação é de que nada de muito relevante acontecia na Suíça e que o esporte lá se divide em AF (Antes de Federer) e DF (Depois de Federer). Se quem estiver lendo, não tiver sensibilidade para comprar esta ideia ou ao menos respeitá-la, vai ter sérios problemas para chegar ao fim.

É possível alguém ser assim? 

É sério: Roger Federer não tem defeito. Porque, em tese, o único que tinha – o temperamento forte que de vez em quando resultava em explosões na quadra, quebrando raquetes etc – foi controlado e esta energia desviada para outra utilidade. Ah, ele implicava com a irmã mais velha – mas isso é algo “normal”.

E o quarto dele era uma desordem (se ele leu o livro do Nadal, vai descobrir mais uma semelhança entre eles) – creio que deve ter melhorado depois que a Mirka entrou na vida dele. No mais, é fofo, elegante, educado, poliglota, atencioso, paciente, parece saber sempre o que dizer, gosta de trabalhar pelo bem do próximo (é embaixador do UNICEF e quer promover o esporte como meio de ajudar a sociedade) e, ainda por cima nas quadras, tem momentos em que beira a perfeição.

Repito aqui uma frase de Andy Roddick após uma derrota em final (acho que de um US Open) mencionada no livro “Eu queria te odiar, mas você é um cara muito legal”. Praticamente, um candidato a santo que abalou o mundo.

Nem sempre campeão, mas determinado a ser

Outra coisa que me chamou a atenção: o quanto ele perdeu até engrenar na carreira. Não sei se, apenas por ter ouvido falar dele já no auge, tive a errônea impressão de que o Federer saiu ganhando tudo desde o berçário até agora. E não foi nada assim. Ele perdeu muitas vezes e, em vários casos, para adversários piores que ele. Um daqueles casos de jornada longa, mas que valeu a pena.

O livro mostra as progressões, como ele lutou para realizar o que disse ainda na adolescência, que um dia seria o número 1 do mundo. Nem sempre tudo correu como o planejado. Custou para vencer um torneio. Não foi fácil conseguir fechar o Grand Slam (os quatro maiores torneios: Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledom e US Open) e praticamente penou para ganhar em Roland Garros, porque diziam que o saibro era um piso que não o favorecia e ele demorou para quebrar este tabu (ainda mais porque nas vezes em que chegou à final, encontrou o Nadal que tem uma relação de verdadeiro amor pelo saibro).

No livro, temos relatos de jogos, de vitórias, de derrotas, análise do que ele disse, do que a imprensa falou sobre ele, de períodos bons, ótimos e ruins e de como, no fim das contas, ele deu a volta por cima.

Outro detalhe e que devia tranquilizar os adversários: ao contrário do que o Nadal pensa (e disse na autobiografia), Federer teve sim problemas de saúde, seja com contusões e teve mononucleose. A sorte dele é que foram casos que não deixaram sequelas nem prejudicaram a carreira.

Vida pessoal e a importância da Mirka

Ao contrário de vários atletas de diversas modalidades que vemos por aí (por isso nem preciso citar nomes), Federer é uma pessoa discreta. Portanto, o livro é uma chance de ter informações sobre a família dele (nem sabia que ele tinha uma irmã).

E gostei muito de saber mais sobre o relacionamento dele com a Mirka, namorada, depois namorida e por fim esposa e mãe das gêmeas Charlene Riva e Myla Rose (que completaram três anos em junho e estavam na arquibancada de Wimbledom aplaudindo papai levantando a taça deste ano). Não sabia que eles se conheceram nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000 (motivo pelo qual ele quer uma medalha olímpica. Foi ouro nas duplas, em Pequim. E no domingo, finalmente, conseguiu a medalha individual, ao ser prata em Londres e saiu feliz!).

No início, ela não o levou a sério, mas, mais uma vez, ele conseguiu o que queria. E desde então, eles estão juntos. Ela abandonou a carreira por causa de uma contusão séria e disse que ele a apoiou nos melhores momentos. Depois, ela e a família dele formaram um grupo que o ajuda a gerenciar a carreira (sim, ele tem agentes, tem uma daquelas agências enormes que negociam contratos, em especial, os publicitários, mas as decisões principais passam por este grupo pequeno e restrito, onde cada um desempenha uma função e ele acompanha e controla de perto).

Wimbledon e Nadal

Curiosidade: assim como na autobiografia do Nadal, aqui também temos o relato detalhado de duas decisões de Wimbledon: as de 2007 (vitória de Federer) e 2008 (vitória do Rafa) e como as respectivas derrotas marcaram cada um.

É um ponto interessante pra quem leu os dois livros. Não sabia, na época deste jogo de 2008, que o Federer tinha fama de chorão (sim, ele não tem vergonha de demonstrar sentimentos – tô falando, o homem é um santo que abalou o mundo), mas neste jogo do Aberto da Austrália, confesso chorei junto com ele.

Federer é o xodó de #MadreHooligan

Se com o Rafa tenho em comum o amor por azeitonas, com o Federer compartilho um problema grave (que já me colocou em encrenca na faculdade e no trabalho): tendência a ataques de risos incontroláveis. E no caso do Federer, os ataques costumam ter motivo em comum: alguém falando em Espanhol perto dele.

Vejam esta entrevista para a CNN (que corria bem até o repórter gravar as perguntas em espanhol para exibirem a entrevista na América Latina) e ainda tem o comercial mais difícil de ser gravado em todos os tempos – Federer e Nadal tentando promover uma partida beneficente.

Sobre o livro, há comentários no Goodreads (em Inglês), no blog Saque e Voleio, e no site da Editora Évora que publicou o livro em Português.

Ah, sim, pra encerrar, Roger Federer é o tenista favorito de #MadreHooligan (depois que o Guga aposentou). Custei pra fazê-la compreender que não precisava odiar o Nadal. Mas ela não vai com a cara do Djokovic. E desde domingo, eu acho bom o Andy Murray não passar no caminho dela. Não adiantou eu explicar que, poxa, o Murray era o tenista do quase: quase chegou à final, quase venceu. E que, embora o Federer tenha perdido, fiquei um tantinho feliz que tenha sido pra ele. Mas o espírito olímpico de #MadreHooligan evaporou e nem minhas argumentações pelo fair play ajudaram.

Arrivederci!!!

Beta

8 Comentários

  1. renanthesecond2

    Beta, queria lhe perguntar se teve alguma Vitória Prates (ou Vitório, pois presumo que os tenistas homens têm técnicos homens) no caminho do Roger. Espero que ele não tenha tido esse azar!

    Abraços, Renan.

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