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Cap. 529 – Clara Nunes: Guerreira da Utopia – Vagner Fernandes

Ciao!!!

Na linha dos posts carnavalescos, recorro a uma biografia sobre uma grande personagem da Folia de Momo. Um livro sobre uma mineira que conquistou o mundo utilizando o dom que Deus lhe deu: cantar. Sobre uma pessoa que morreu de forma prematura e tem lugar cativo na memória de uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro e muitos fãs Brasil (e mundo) afora.


Disponível na Amazon

Clara Nunes: Guerreira da Utopia – Vagner Fernandes
(2007 – Ediouro)

Um trabalho de mais de 300 páginas, com muitas fotos e pesquisa extensa, para contar a trajetória de Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, Clara Nunes, a mineira de Caetanópolis para o mundo. Todo o percurso que fez até se tornar conhecida como uma das grandes vozes da MPB e a relação com o samba e o sincretismo religioso brasileiro. E detalha as causas da morte prematura da cantora, em 1983, após uma cirurgia para varizes – pela primeira vez, foi liberado acesso aos arquivos da investigação.

Comentários:

– Eu fui uma criança estranha. #fato. Quando Clara Nunes morreu, eu tinha pouco mais de 4 anos. Eu me lembro da minha mãe tentando explicar o que era choque anafilático. E por que a Clara teve isso. Aprendi então que anestesia era um trem complicado e que ninguém entendeu porque a Clara teve uma reação totalmente inesperada em uma cirurgia estética.

– O fato é que Clara Nunes me fascinava. Achava lindo o figurino, vestidos brancos, longos, repletos de rendas, colares (que eu não sabia que eram guias de santos) e pulseiras, além do cabelo enorme, cacheado e ruivo. 

– E a voz. Que voz! Muitas vezes, brinquei de imitá-la, porque tinha um vestido que eu chamava de “vestido da Clara Nunes”, então eu basicamente resmungava as letras e rodava, rodava, rodava, rodava, ficava tonta, caía, esperava o mundo voltar à rotação normal para rodar de novo. Se quiserem, podem culpar os clipes que ela fez para o Fantástico. Só serviam para aumentar o meu encantamento e me dar idéias para minhas tentativas de imitações.

– Para pessoas como eu e para que tiver com vontade de se lembrar, o livro é uma baita pedida. Eu não conhecia nada da vida de Clara, portanto para mim foi como entrar no baú dos tesouros. Entender toda a jornada dela, o que a levou se tornar a Clara Nunes das minhas lembranças. 

– Gostei de saber que o vínculo dela com Juiz de Fora, incluiu a participação em duas edições de festivais, além da gravação de Tristeza pé no chão, uma letra primorosa do compositor Mamão. 
– O livro contextualiza toda a evolução da carreira de Clara, das participações em fotonovelas, do estilo “cafona” até a cantora que adotou e foi adotada pela Portela (e se tornou um símbolo da escola de Madureira, tanto que a imagem de Clara será a mestre de cerimônia do enredo de 2012 sobre a Bahia) que soube ir da MPB (fez uma turnê ao lado de Vinícius e Toquinho. Só isso. Só pra quem pode.) ao samba.
– E que melhor interpretou o sincretismo religioso, misturando elementos das religiões de origem africana, catolicismo e kardecismo. Aquilo que sempre disseram a respeito do povo brasileiro: capaz de acender vela pro santo de devoção e bater cabeça no terreiro para os orixás (uma frase muito citada no livro). 
– Todo o trabalho – o que inclui saber escolher os compositores, os repertórios, as amizades e boa dose de marketing – para se estabelecer como uma das estrelas da MPB. E a pesquisa do autor ainda revela muito dos bastidores, das simpatias e antipatias existentes (confesso que uma pessoa amiga de Clara me surpreendeu. Já a antipatia, eu descobri nas matérias feitas na época do lançamento deste livro e fiquei chocada).

– Eu não sou Portela, sou Mangueira. Sou católica, devota de Santa Terezinha, São Francisco, Imaculada Conceição e Nossa Senhora da Penha. O que não me impede de gostar das músicas de Clara, porque ainda não deixei de me emocionar com a energia e a alegria que ela tinha, que me encantavam quando criança e me deixam arrepiada mesmo depois de adulta. E vou deixar aqui os vídeos de algumas que estão as minhas favoritas.

Portela na Avenida

Morena de Angola

(sabiam que a letra é do Chico Buarque?)

O Mar Serenou

Feira de Mangaio

(eu AMO essa música. Está no MP4 pra ir comigo pra todo lugar. E se você fechar os olhos e prestar atenção no que Clara está cantando, consegue ver a feira. #fato)

Contos de Areia

Arrivederci!!!

Beta

ps: E caso alguém esteja curiosa, eis o meu “vestido da Clara Nunes”

(sim, criança tem imaginação fértil. Para mim, era igualzinho aos vestidos dela XD)

1 Comentário

  1. Sil de Polaris

    Oh, eu adorava vê-la com aquelas coroas e grinaldas de flores em seus cabelos, cheios de trancinhas com conchinhas às vezes, vestindo aqueles vestidos maravilhosos. Lembro sempre de sua voz cantando "quem samba na beira do mar é sereia !". ^^

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