Menu fechado

Cap. 242 – Perigosa Sedução – Penny Jordan

Ciao!


Estava demorando. Não era possível que eu só fosse pegar livros com boas histórias, com personagem ao menos críveis e menos idiotas em 2009.
Demorou quatro visitas ao sebo, mas voilà, ei-lo aqui…


ATENÇÃO: SPOILERS – OU SEJA, VOU CONTAR VÁRIOS DETALHES DA HISTÓRIA. Se você não quiser saber, não leia até o fim.

Perigosa Sedução – Penny Jordan – Paixão 76 (Amores Estrangeiros)(Mistress of convenience – 2004 – Mills & Boom)
personagens: Suzy Roberts e Lucas Soames

Suzy era uma repórter de um tablóide de qualidade discutível, a equipe era obrigada a caçar sempre a notícia mais chamativa, pouco importasse a qualidade e o compromisso com a verdade. Numa dessas missões, Suzy se esqueceu da realidade e embarcou no conto de fadas: havia encontrado sua alma gêmea, seu príncipe encantado na armadura brilhante… Apenas um contratempo: Luke não captou a mensagem e o amor à primeira vista teve que esperar um pouco. Meses depois, o reencontro agravou a situação: ele tinha certeza de que ela o espionava, em busca de notícias em primeira mão. E não estava disposto a falhar de novo, por isso, arrastou Suzy dizendo que ela era sua amante e não desgrudou um só instante dela… E a permanência naquela villa italiana prometia ser um pesadelo para a convicção apaixonada de Suzy e o espírito justiceiro de Luke.

Comentários:

*pausa, respira fundo, um, dois, três.*

– Suzy é algo raro no contexto jornalístico mostrado neste livro: é uma repórter honesta. E enfrentava problemas no trabalho (experimente ser a Luluzinha no clube dos Bolinhas safados, sem vergonha e cretinos), quando encontrou o seu amor à primeira vista e vê-lo considerá-la menos que um inseto nojento – foi a gota d’água. Ok, ela foi meio atrapalhada, mas ao reconhecê-lo como “aquele que destruiria o dragão com sua espada, seu salvador, o amante mágico com o qual sonhara nos momentos mais vulneráveis” ela o beijou (praticamente o comeu!).

– Mas foi despachada com frieza e hostilidade quando ele percebe que ela era uma jornalista. Apesar de envergonhada, ela ficou com as palavras “eu te amo, presas na gaiola de seu cérebro” para preservar a sanidade e o orgulho próprio. E ainda não chegamos à página 20…

“Repórteres mulheres! Ele as odiava, desprezava. Eram cem vezes piores que os equivalentes masculinos em sua opinião.” (…) No que lhe dizia respeito, Suzy Roberts e todas as pessoas do seu tipo eram tão desprezíveis quanto os jornais e revistas nojentos em que trabalhavam. Repórter? Urubu era uma palavra mais apropriada.” 

Ok, se eu não dissesse que não levei isso pessoalmente, estaria mentindo. Tive vontade de parar o livro aqui e mandar o herói para um lugar muito longe e feio com escalas em lugares impublicáveis. Mas mamãe me deu educação, então respeirei fundo e continuei lendo à espera de ver a cara de pau dar caruncho ou virar caquinhos ou ambos em dose cavalar (é, não cheguei a 20 páginas e estava bufando).

– (Seis meses/duas páginas depois): Suzy pediu demissão do jornal que a maltratava e dava graças a Deus por ter se livrado dos nojentos “companheiros” de trabalho. Para que ela pudesse relaxar depois do desgaste de cuidar da mãe, uma amiga a presenteou com uma hospedagem em um resort na Itália (amigos muito legais – não que os meus não sejam XD E eu nem preciso de praia, quero mato e montanhas de Florença, tá?) Para agradecer aos amigos, ela resolve fotografar tudo que fosse bonito para mostrar a eles (espero que a máquina seja digital com um cartão de memória turbinado porque haja click).

– Como o mundo é a gema do ovo de codorna, quem está na mesma bucólica vila de pescadores coordenando a segurança de um evento ultratopsecret? O herói, Luke. (desperdício de um dos meus nomes favoritos…) Ele a vê em um momento click-flash-click-flash, deduz que ela estava espionando para o tablóide e a interroga.

– Ela diz a verdade: estava de férias, usando a máquina cara da amiga, não era funcionária da revista e o mandou checar. Obviamente, ele não acredita, reforça que ela estava ali para espionar a villa onde aconteceria o evento hiperultratopsecret e comunica que ela será confiscada até as informações que ele pensa que ela têm se tornem inúteis. Suzy tenta fugir e ele a salva de cair de um despenhadeiro (eu realmente quero acreditar que ela estava baratinada o suficiente para esquecer que onde ela estava só poderia fugir descendo e não subindo o morro. Parece aquelas vítimas tontas de filme de terror, que sempre correm para o lado errado!) e a escolta até o resort onde ela estava hospedada para fechar a conta e fazer as malas e tira mais conclusões apressadas (como a certeza absoluta de que ela estava em um quarto elegante porque era a amante do chefe) e a leva para a villa onde a apresenta como sua amante!

Ela se compadece das crianças filhas do dono da villa, constantemente despachada de um lado para outro, de acordo com a inconveniência deles para os pais. Mas nem isso faz o herói rever seus conceitos, mesmo ele tendo ficado órfão quando era pequeno. Naquele mesmo dia (eita dia cheio, né?), os dois se agarram no banheiro lotado de afrescos inspiradores e terminam da seguinte maneira: ela infeliz porque não resiste a ele e ele a culpando por tentar seduzi-la. Antes de dormir, ele decide pedir um relatório sobre ela para CONFIRMAR suas suspeitas!

Blablablabla depois, duas taças de vinho + a luz da lua apagam as lamparinas do juízo dela, que despacha o bom senso para Tonga com escala no Kiribati e Suzy cede à tentação de beijá-lo e de pular na cama mais próxima com ele.

– E depois dos melhores momentos da sua vida, ela cura dos efeitos do vinho, despenca da nuvem cor de rosa: ele era ele, ela não era ela, mas quem ele achava que ela era e isso não era bom… E num passeio com as crianças (escoltado pelo herói vigilante que achava que ela iria fugir na primeira oportunidade), Suzy vê um estorvo, digo, ex-“companheiro” de trabalho e se recusa a dizer o que está fazendo ali – protege o segredo de Luke.

– No entanto, o chato não acredita, resolve segui-los e investiga fazendo perguntas aos empregados da villa, que contam tudo para Luke. E o que ele faz? Planeja uma armadilha: grampeia o relógio da mocinha e autoriza a entrada vigiada do chato na villa – cria as condições para que os dois se encontrem e ele ouça toda a conversa! Resultado: Luke percebe que enfiou o pé na jaca com convicção – Suzy era inocente, honesta, praticamente a última santa que abalou o mundo!

– Só que essa descoberta chocante teria um preço: irritado pela falta de cooperação, o chato resolve trancá-la numa caverna onde era proibida a entrada, por motivos óbvios. E como ninguém benzeu a criatura, o chão cede e lá vai Suzy buraco abaixo! Com medo, dentro de uma caverna escura e instável, ferida!

– Eu tive que ler duas vezes para acreditar: o herói a mandou para uma armadilha de propósito, sem que ela soubesse, porque ela aceitou o encontro para mentir para proteger o trabalho dele. E olha o que vem em seguida: apesar “da preocupação com o perigo que ela corria, podia sentir uma onda constante e profunda de felicidade percorrer-lhe as veias.” (eu juro, isso está escrito na página 128)

– E eu aqui, “eeeeeei, ela pode MORRER e você está feliz porque ela é o que disse ser desde o início e você não acreditou e ela está SOTERRADA por sua causa?!”

– Ah, como forma de defesa para o comportamento de Luke, ele percebeu que era o culpado por toda a lambança na página 130. E na página 131 ele se mancou de que pouco importava se ela fosse o que ele achava que ela era (e ela não era) porque ele a amava!!! (moleza se confortar com este pensamento enquanto a outra está lá embaixo da caverna instável), tinha medo deste amor!!!!, que começou no primeiro beijo!!!!

Para tudo! Nunca vi consciência tão pesada promover milagres. Ele reviu tudo aquilo que ele desdenhou seca, dura e cruelmente desde quando Suzy o colocou no pedestal do Príncipe Encantado e descobriu (Ò que legal) que a amava também desde o início. Queria ver se o acidente não tivesse acontecido, se ele iria rever estes conceitos à velocidade da luz. O.o Posso dar um pontapé nele? Digo, chamar algum amigo mais alto e mais forte para fazer isso por mim? ^^

Sobrecarregado pelo remorso, Luke ajuda no resgate, é o primeiro a entrar na caverna, apesar de claustofóbico (tem alguém com pena aí? Eu não estou!) Encontra a criatura fragilizada, confusa e em estado de choque e aproveita a “ocasião perfeita” (sim, ele disse isso. Página 135 se você quiser conferir) e pede desculpas! Ah, ele também conta que a grampeou e que os dois sabiam que ele se arrependia (sabiam? Quieto, lado malvado…) Ela o defende! (Conheço histórias inacreditáveis sobre o efeito de pedradas na cabeça) e finalmente o convence a falar porque ele odiava as repórteres, ele conta (realmente, a criatura foi desprezível, mas daí a culpar todas as jornalistas do universo pela cretinice de uma…) e ela chora por ele (fato: Suzy é realmente uma santa que abalou o mundo!).

– Aí o herói tenta se sacrificar: Luke decide não revelar que a ama, cuida para que ela supere o trauma (o que se revelava difícil por causa dos inúmeros pesadelos). Para ampliar a vergonha dele, chegara o relatório que ele pedira sobre ela confirmando o que ele agora sabia: havia julgado errado desde o início – ela merecia alguém que a protegesse, alguém que não fosse ele (nesse ponto, eu concordo, mas não há opções disponíveis no livro, coitada…). Ele a rejeita por acreditar que ela pensa amá-lo por efeito do trauma. Só que as boas intenções não duram para sempre e os dois cedem à paixão inspirada pelos afrescos tarados da parede do banheiro. Dias depois (eu acho, perdi a conta), Luke a mandou embora.

– Suzy resolveu buscar emprego como arquivista, não conseguiu e se tornou caixa de supermercado, submetida a uma supervisora tirana! De onde foi resgatada pelo herói arrependido-de-ter-recusado-o-amor-dela-mesmo-que-se-fosse-causado-pelo-trauma (só faltou cavalo branco e trombetas) que, ao perceber que ela estava grávida (e uma evolução: ele não duvidou da paternidade da criança), a levou para a casa dele, uma aristocrática e confortável mansão. E de uma forma um tanto atabalhoada, ele confessa que a ama, bla bla bla bla bla, apesar de nunca a ter tratado como ela merecia bla bla bla bla E Suzy volta a jato para aquela nuvem cor de rosa após o reino encantado do arco-íris porque ela sempre esteve certa: ele era sua alma gêmea e eles seriam felizes para sempre. Que lindo, chuif…

Meu comentário final (por enquanto, vai que daqui a 10 anos eu considere que estava doida de pedra quando escrevi esse texto): acho que a Penny Jordan viu muita novela mexicana ruim (porque tem algumas que, se você tirar o exagero, revelam boas histórias) – só assim se explica esta heroína bondosa até a última letra (séria candidata a, mesmo com fome, dar pãezinhos para bichinhos famintos) que perdoa o ceticismo, a crueldade e o cinismo do herói num estalo (ok, efeito da pedrada?)

– E não sei quanto a vocês, mas eu não consigo acreditar na redenção milagrosa do herói porque ele descobriu que a amava desde o início quando ela estava soterrada numa caverna após um plano dele – metido a justiceiro – dar errado.

– O erro do herói foi generalizar: todas pagam pelo erro de uma e descontar a raiva em quem não tinha nada a ver. Além de em nenhum momento ele dar a ela o benefício da dúvida, pediu o relatório para só ler quando era tarde e desnecessário.

– Talvez minha irritação seja agravada porque quem lê sabe que ela é inocente quando bola a armadilha que termina com o acidente na caverna. E definitivamente não dá para levar a sério um homem que faz considerações tão rasas sobre as jornalistas – urubu é a vovozinha dele.

Bacci!!!

Beta

6 Comentários

  1. Lidy

    Pelo tom que você tinha usado ontem eu percebi duas coisas:
    – Seria post engraçado;
    -… A respeito de um livro realmente ruim.

    “aquele que destruiria o dragão com sua espada, seu salvador, o amante mágico com o qual sonhara nos momentos mais vulneráveis”
    ISSO foi descrição da PJ?

    Eu quero uma amiga como essa. Uau. Se bem que ela pode me dar dinheiro, não uma viagem.

    “ela merecia alguém que a protegesse, alguém que não fosse ele (nesse ponto, eu concordo, mas não há opções disponíveis no livro, coitada…)”
    Se houvesse, com certeza ela se tornaria mais uma mocinha burra, né? Porque, assim como uma Chrissy de uma Diana Palmer, Suzy largar o Cash-Grier-da-vez seria muita idiotice…

    “que, ao perceber que ela estava grávida (e uma evolução: ele não duvidou da paternidade da criança)”
    É lógico, o livro já estava acabando. Não estava? O.o

    Ah, é impressão minha ou todos os Luke da Penny são carrascos? Lembra daquele dos Crighton (que eu amo, mas admito ser um cretino total)?

  2. Mariane

    Antes mesmo de chegar ao final da leitura eu já estava pensando em dramalhões mexicanos.O que é um insulto, porquê adorei Maria do Bairro.
    Mas então… agora meu grande problema é que você atissou(como escreve isso?) minha curioasidade, e eu não sei se dou uma de são Tomé(ler pra crer) ou se embarco na sua e saio correndo desse livro.

    Como eu já disse: sempre hilariante suas resenhas.

    Beijos
    Mar

  3. Renan

    Roberta, foi porque você não leu “Nas areias de Zuran”, especialmente a primeira história, “Amantes do deserto”: o sheik Vere é um dos maiores imbecis que Penny Jordan criou, acho que só perde para Max Crighton (a diferença é que esse pelo menos teve sua redenção, ainda que não necessariamente no livro dele…) Mais informações consulte o resumo que fiz da história no tópico da comunidade sobre o seu blog.

  4. Gorete

    Normalmente quando vejo que a autora é a Penny Jordan nem me dou ao trabalho de ler. Este livro especificamente, desisti quando ele a seqüestrou e levou para a vila.

    Só por ter conseguido terminar a leitura, considero-a uma heroína!

  5. Lizamay

    Eu gostaria de saber se existe alguma escritora que enaltece a autoestima da mocinha…por exemplo, se esse imbecil me contasse que agora confia em mim porque grampeou meu relógio, eu nunca mais iria olhar na cara dele…Ou confia, ou não. Pra obter o meu perdão, ele teria que me indenizar, no mínimo.

  6. Unknown

    amei seu blog, comecei a ler essas revistas aos nove anos de idade, e hoje tenho 38 anos.Já li muita coisa ruim, mas até estes valem a pena, porque servem de base para análise de conteúdo. Gosto principalmente dos que falam de bebes e dos sobrenaturais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *