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Cap. 1030 – Funny Girl – Nick Hornby

Ciao!!!

Quando vi que era Nick Hornby, nem hesitei. Ele nem sabe, mas
temos uma história ainda incompleta, mas de respeito e entendimento. Por isso, não
posso perder o que ele lança. Escrevi este texto originalmente para o Livrólogos e a Rosana foi muito gentil e permitiu que ele também fosse publicado no Literatura de Mulherzinha. Valeu, Ro!!1
Funny Girl, romance – Nick
Hornby – Companhia das Letras

(Funny Girl – 2015)
Personagens: Barbara Parker/Sophie
Straw e a equipe do Barbara (e Jim)
Blackpool, 1964: Barbara era linda e tinha metas mais altas que
ser a miss Blackpool, se casar com alguém e virar uma dona de casa inglesa na
década de 1960. Ela queria fazer os outros rirem. Queria ser como Lucille Ball
e ter o próprio programa de TV. Por isso, deu adeus ao mundo seguro e
previsível e partiu para Londres disposta a tentar realizar o sonho. O improvável
aconteceu, em um daquelas tramas ditadas pelo destino ou pela sorte de
encontrar as pessoas certas na hora certa. E então surgiu o seriado Barbara (e
Jim)
, quando ela já era Sophie. A vida daquele grupo – os roteiristas Tony e
Bill, o co-protagonista Clive e o produtor Dennis – se tornaria o seriado e
muito mais que ele.
Comentários:
– Nick Hornby narra com destreza, alegria, paixão e melancolia a
jornada de um grupo de pessoas envolvidos na criação, produção e apresentação
de um seriado chamado Barbara (e Jim). Barbara saiu de
Blackpool disposta a ser como Lucille Ball. Deixou o nome de batismo para trás,
ao se tornar Sophie Straw, e querer ser vista como além da loira bonita, mas
como uma garota engraçada que faria os outros rirem. Só queria uma chance. E em
uma das tentativas, chegou a um teste de elenco – para uma personagem que não
tinha nada a ver com ela – para um seriado chamado O casamento é uma benção?.
 Ao detalhar para os integrantes da
equipe de criação e produção o que estava errado no roteiro, terminou dando
ideia para uma reformulação. Então, a personagem errada se torna a certa, feita
para ela. E por ironia do destino, Barbara se tornou Sophie para interpretar
Barbara, que veio de Blackpool.
– O livro acompanha as quatro temporadas em que o seridado Barbara
(e Jim)
esteve no ar. Destaca a química da equipe, dos roteiristas Tony
Holmes e Bill Gardiner, ao lado diplomata do produtor Dennis Maxwell-Bishop e
da vaidade do galã Clive Richardson, sempre em busca de um reconhecimento que
não vinha nunca como ele queria, e como suas vidas pessoais progrediam ou não
com o andamento do seriado. O quanto a vida de cada um, dos problemas pessoais,
dos medos, angústias, sensação de fracasso também daria um seriado e acaba influenciando
nas histórias que eles criam. Das relações entre eles. Oficiais. Extraoficiais.
Que se concretizam ou que apenas ficam no sub-texto. Tudo isso citando
referências, pessoas reais, momentos da história da TV na Inglaterra – a
discussão sobre comédia e entretenimento leve envolvendo um acadêmico pedante e
Dennis em um programa chamado Cachimbos fumegantes é um dos pontos
altos de um livro que se passa há 50 anos e em vários momentos é um tapa na
cara da atualidade.
– Tudo isso com o texto característico: a ironia, o humor, o fato
de não ter receio de mostrar que os personagens estão longe de serem perfeitos,
a pesquisa que me remeteu ao repertório que criei sobre a década de 1960 graças
a Hollywood (reconheço): as comédias de
Doris Day e Rock Hudson
(vistas em uma maratona de autopiedade, rosto
inchado e potes de Napolitano e sopa após extrair os cizos); Quando setembro vier, com o Rock
Hudson e a Gina Lollobrigida (Muito bom. Um dos meus favoritos) e depois o
revival-homenagem Abaixo o Amor (que
só eu gostei, reconheço. Mas tem o Ewan McGregor e eu adorei). Cita o puritanismo do “modo vigente”
que não impedia outras pessoas de tentarem ser quem eram de verdade. Cita a
confusão que as pessoas faziam entre personagens e vida real (e que os próprios
autores e atores embarcavam às vezes). E comprova que as coisas possuem começo,
meio e fim. Tudo isso mostrando que a vida passa, os momentos mudam, os interesses
se alternam e as pessoas precisam saber se adaptar às oportunidades que surgem.
– Eu e o Nick Hornby temos uma história incompleta. Tenho três
livros dele – Juliet Nua e Crua (único que li), Alta Fidelidade, Febre de Bola. Não me lembro do motivo
pelo qual ainda não li o Alta Fidelidade.
Mas o Febre de Bola ainda não li por
temor de encontrar partes da minha história escrita pela vida dele. Se serve de
consolo, vi as duas adaptações para o cinema, a inglesa (com o Colin Firth e
uma cena na reta final que a minha irmã me disse: “Você tem que ver. É a sua
cara com o Botafogo”) e a americana (com o Jimmy Fallon e a Drew Barrymore. Saiu
o futebol e entrou o baseball) e também vi o Um grande garoto (com o Hugh Grant). Porque ele escreve coisas que
me tocam, me emocionam, me fazem rir e me deixam tristes – como uma notícia
sobre o futuro de um personagem nestra trama. Mas logo em seguida, brindou com
uma citação ao Ewan McGregor, o que me fez sorrir. Meio como a vida. A gente chora
agora. Ri daqui a pouco. Desmonta de cansaço, explode de energia, engole a
raiva, fica sem fazer nada, faz tudo ao mesmo tempo. Gostei de Funny Girl. Em vários momentos, desejei
que fosse feito mesmo o seriado. Agora é esperar o próximo!
Arrivederci!!!

Beta 

2 Comentários

  1. Anônimo

    Coincidentemente, ao ir conferindo os posts do teu blog achei esse e fiquei super contente pois o livro chegou essa semana para que eu resenhasse. Nunca li nada dele e nem conhecia essa trajetória, então agora estou mais animada para começar!
    BJs!

  2. Sil de Polaris

    Eu preciso rever alguns desses filmes que você citou por conta desse livro. Comédia não é meu gênero preferido, sequer em filme, sequer em livro, mas uma pitadinha de comédia é muito bem-vinda em ambos para temperar cenas e personagens. Eu tinha prazer em assistir Lucille Ball alguns anos atrás, com meu irmão e meu pai, após um jantar ligeiro. Principalmente se fosse seu episódio "Festas Infantis Ltda.". Dica boa.

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