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*** Deu no site: nova edição de “Os três mosqueteiros”

Este é um de meus livros favoritos, um dia ainda irei contar meu caso de amor (ou fanatismo) por Os Três Mosqueteiros. Enquanto isso, espero que vocês se divirtam com esta matéria muito boa publicada no Prosa & Verso, do jornal O Globo, do dia 18/12/10.

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Clássico ‘Os três mosqueteiros’ é relançado em versão integral de olho na geração que lê ‘Harry Potter’

Plantão | 18/12 às 08h14 Ricardo Calazans
Ilustração de Jean-Adolphe Beancé para a edição francesa de 1852 de 'Os três mosqueteiros' / Divulgação
RIO – Quase todo mundo já ouviu falar dos Três Mosqueteiros: eles eram quatro, usavam capa e espada, lutavam pelo rei da França e seu lema, de um romantismo a toda prova, era o (ainda) popular “um por todos, todos por um”. Já o número de pessoas que de fato leram a história original de Alexandre Dumas (1802-1870) é bem menor. O escritor, tradutor e crítico literário Rodrigo Lacerda está entre esses leitores: conheceu Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan aos 12 anos numa edição de banca da Editora Abril, de capa vermelha, publicada nos anos 70. Hoje, aos 41 anos e pai de uma adolescente de 15, percebe um certo desconhecimento entre os jovens acerca dos clássicos juvenis. Daí seu orgulho indisfarçável com o lançamento da edição ilustrada de “Os três mosqueteiros” (688 páginas, R$ 69), com apresentação, tradução e notas assinadas por ele e por André Telles, e que é uma das principais apostas da editora Zahar para este Natal.
– Algumas histórias são tão difundidas que transcendem a categoria da literatura. É o caso de clássicos como os “Mosqueteiros”, “Moby Dick”, “O médico e o monstro”: você não precisa ter lido para saber do que se trata. Eles fazem parte do imaginário coletivo, passam a integrar a língua, a cultura, viram mitos culturais – diz Lacerda. – Porém, ler esses livros também é importante. E notei que eles deram uma sumida das livrarias, em algum momento dos anos 90.
Opine: quais foram os clássicos da literatura que marcaram a sua juventude?
Rodrigo Lacerda está hoje em posição privilegiada para resgatar os livros que o ajudaram a moldar seu gosto pela literatura. Desde novembro, ele faz parte do Conselho Editorial da Zahar, responsável justamente pelos clássicos. E, já que há a chance, por que não trazer os textos originais de volta? Mercado para isso há, ele acredita, e não só para os saudosistas.
– Esses livros não envelhecem. Mas o que vejo, quando pego a literatura juvenil produzida atualmente no Brasil e lá fora, é que 90 por cento não se arriscam a ter mais de 200 páginas. Enquanto isso, os jovens estão lendo os sete livros de “Harry Potter” ou os volumes grandes da série Crepúsculo sem se assustarem com o tamanho – diz Lacerda. – Setecentas páginas não é exatamente um problema para eles.
A editora Cristina Zahar, que tem uma neta de 12 anos, compartilha a mesma impressão de Rodrigo.
– A verdade é que há um público leitor adolescente se formando. Minha neta e as amigas leem livros de 500 páginas tranquilamente. Mas é raro encontrar os clássicos nas livrarias. O que se vê são adaptações, importantes para tornar as obras acessíveis. Mas dispor da obra integral também é – diz Cristina.
Notas não interrompem o ritmo das aventuras
Outra das ilustrações de 1852 da edição da Zahar para o clássico de Dumas / Divulgação
Rodrigo Lacerda considera que, como o “fator Harry Potter” mostra, os jovens estão prontos para ler as 688 páginas de “Os três mosqueteiros”, ou as mais de mil da edição definitiva de “O conde de Monte Cristo”, também de Dumas, lançada ano passado pela Zahar (e igualmente traduzida por ele e André Telles). Os livros seguem os moldes de “Alice no país das maravilhas” e da coletânea “Contos de fadas”, da mesma casa: edição em capa dura, ricamente anotada e com ilustrações da época – no caso dos “Mosqueteiros”, os desenhos são de Jean-Adolphe Beancé e Henri-Félix Phillipoteaux, feitas para a edição francesa de 1852.
– As traduções são novas, fiéis, mas as notas não são preciosismos. Nas edições francesas elas são uma chatice. Na nossa, só existem mesmo quando o texto pede – observa Lacerda.
No livro, as notas não interrompem o ritmo vertiginoso das aventuras de Athos, Porthos, Aramis e D’Artagnan, criadas por Dumas há 166 anos a partir do argumento de seu colaborador Auguste Maquet, um ex-professor de história com ambições literárias.
Em 2011, nova versão da história nos cinemas
É este ritmo de aventura, combinada à rica caracterização dos personagens e à capacidade de fabulação do autor, que tornaram “Os três mosqueteiros”, mais do que um clássico da literatura, um mito cultural. Como “Harry Potter”, aliás.
– Embora seus personagens não sejam estereotipados, ele criou um núcleo em que cada um desempenha um papel bem definido. É um jogo de personalidade que se presta a muitas coisas, e cada um se identifica mais com um deles. É um esquema consagrado. Os Trapalhões, os Três Patetas, os filhos do “Poderoso Chefão”, essa construção é bem conhecida – compara Lacerda. – Além disso, se você vai para o lado do humor, a história sobrevive; e se vai pelo lado aventuroso, sobrevive igualmente.
Alexandre Dumas não poderia prever o sucesso que “Os três mosqueteiros” faria. Mas, como a escritora J.K.Rowling hoje com “Harry Potter”, ele viu sua criação ganhar diversas formas: em vida, o autor fez da história folhetim, livro e peça teatral. De lá para cá, o “um por todos, todos por um” foi adaptado largamente, nos últimos dois séculos, para TV, quadrinhos, cinema – em 2011, chegará às telas uma nova versão, com Orlando Bloom, Mila Jovovich e Logan Lerman (de “Percy Jackson, o ladrão de raios”) no elenco. Uma longevidade que desafia até mesmo os poderes do bruxo de Hogwarts. Que, Rodrigo Lacerda acredita, daqui a algumas gerações poderá estar lado a lado, nas estantes, com os velhos mosqueteiros do rei Luís XIII.
– “Crepúsculo” ainda tem que mostrar serviço, mas acredito que “Harry Potter” vai fazer parte da biblioteca dos adolescentes ainda por muito tempo. Porque acima de tudo, como o livro de Dumas, ele mostra uma história legal, com personagens interessantes – observa Lacerda. – A literatura juvenil cai hoje num equívoco de ser doutrinadora. E quem disse que o jovem quer ler apenas sobre ele mesmo?

3 Comentários

  1. Leitura Nossa

    Uma boa notícia… eu quero ler…
    Sempre adorei os 3 mosqueteiros, mas nunca encontrei o livro para vender…
    Acho que agora será a chance…

    beijos,
    Dé…

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