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Leonardo Astrólogo: O jogo de símbolos na Santa Ceia – Pedro Tornaghi – Cap. 988

Ciao!!!
 
Disponível na Amazon
Não sei se acontece com todo mundo, mas com esta leitora compulsiva (e blogueira por tabela) é comum: bater o olho na capa de um livro e, sem precisar de mais informação, decidir que quer ler. Que precisa ler.
Por algumas razões vistas na capa, eu sabia que este livro me interessaria e que eu gostaria de ler.
Bingo, intuição literária, ponto para você!
Leonardo Astrólogo: O jogo de símbolos na Santa Ceia – Pedro Tornaghi – Bertrand Brasil
(2014)
“- Em verdade, eu vos digo, um de vós me traiu”.
O anúncio de Jesus caiu como uma bomba e seus 12 apóstolos reagiram prontamente. 
CLIC. Foi como se Leonardo da Vinci tivesse congelado a reação de cada um deles à notícia. E para retratá-los buscou referência nos perfis de cada um dos 12 signos do zodíaco, como se todas as representações possíveis de temperamentos, personalidades humanas coubessem neste universo, daquela ceia, que seria a última.
Este lançamento de fevereiro da Bertrand Brasil, me atrai por dois motivos. O primeiro, óbvio, Leonardo da Vinci, que é um dos
meus musos inspiradores.

Por isso, existem várias referências a ele no Literatura de Mulherzinha. Desde o badalado Código da Vinci, que também elabora uma teoria envolvendo o quadro, até o A vida secreta de Mona Lisa, que se dedicou a entender a personagem retratada pelo mestre renascentista. 

O segundo motivo é que a Astrologia me interessa. Gosto dos perfis que são traçados a partir das características de cada signo – nada da previsão generalista de jornais. É uma forma encontrada – dentre outras tantas – para tentar catalogar e explicar este universo formado pelas possibilidades de manifestação de humanidade. Sem contar que, em alguns casos, é uma forma ótima de engrenar uma conversa. Ou como gosto de usar no Literatura de Mulherzinha, critério para justificar porque gostei ou não de um livro ou de personagem (blogueira escorpiana mal humorada, chatinha e exigente com um ascendente geminiano falador e prolixo).
Então, se você for como eu, o livro é um parque de diversões. O autor realizou uma extensa pesquisa para justificar os argumentos. Ele detalha os aspectos citando desde a trajetória de vida de cada apóstolo, o comportamento deles explicado sob o viés da personalidade
astrológica, elementos simbólicos relacionados a ele (independente de estarem citados explicitamente no quadro). E isso nos leva a descobertas interessantes – eu já tinha lido antes sob o simbolismo da águia, mas não sabia nada sobre o do cavalo e nem poderia imaginar tanto significado no sal. Outro detalhe é quanta análise pode ser possível a partir da forma como as mãos de cada um foram retratadas – tanto que isso é a análise básica que perpassa todos os capítulos: os mais expansivos, os mais reticentes, os mais vaidosos, os mais meticulosos, os mais cautelosos, os mais agressivos.
 
 
Um dos pontos interessantes que ele destaca é a divisão dos 12 signos em seis eixos formados pelos signos opostos e complementares – e que estão em lados opostos da mesa: Áries-Libra; Touro-Escorpião; Gêmeos-Sagitário; Câncer-Capricórnio; Leão-Aquário e Virgem-Peixes. E mostra o que um pode aprender com o seu complemento (signos do ar com fogo e signos da água com terra).
Outro, que eu nunca havia pensado, é no quanto um signo “herda” do seu antecessor e “passa” ao seu sucessor. Em determinado ponto (creio que no capítulo de Aquário) ele cita que as soluções para o erro do signo estão sempre no perfil daquele que o antecedem. Achei algo a ser observado.
Para você identificar os apóstolos, da direita para a esquerda (forma como Leonardo escrevia): Simão (Áries), Judas Tadeu (Touro), Mateus (Gêmeos), Filipe (Câncer), Tiago Menor (Leão), Tomé (Virgem), João (Libra), Judas Iscariotes (Escorpião), Pedro (Sagitário), André (Capricórnio), Tiago Maior (Aquário) e Bartolomeu (Peixes). Todos foram divididos em trios, que representam os quadrantes clássicos da
Astrologia, sendo que Cristo separa os seis primeiros, que revelam atitudes mais individuais, dos seis últimos que demonstram características mais coletivas e universais. A forma como a luz é distribuída, o quanto e quais partes dos corpos dos apóstolos estão iluminados ou na sombra, as cores, se eram jovens ou velhos, tudo isso é ressaltado pelo autor, formando um conjunto onde todos os detalhes fazem diferenças.
Não vou detalhar coisas que li, porque o livro tem 626 páginas e eu preciso publicar um texto que vocês leiam até o final, portanto, me permitam apenas um último comentário. Durante diversos momentos na leitura, aquele lado cético da escorpiana, turbinada pelo geminiano em modo menos festeiro, ficou pensando: “Mas será que Leonardo da Vinci pensou mesmo em TUDO isso ao realizar este mural por encomenda em Milão?” e “O quanto está mesmo ali ou quanto é o que a gente quer que esteja ali?”.
Bem, Leonardo era um homem à frente do tempo, com uma capacidade absurda de aprendizado em áreas diferentes: artes, músicas, engenharia, anatomia, cabia de tudo na cabeça dele. Nada mais natural que ele mesclasse – ou camuflasse – diferentes referências dentro de uma obra que seria vista por diferentes pessoas. Se foram todas as citadas neste livro (e provavelmente ainda deve ter outras lá, vide a teoria citada em Código da Vinci), não sei. Afinal de contas, nenhum de nós estava lá trocando ideia com ele. “Não, Leonardo, acho que você não deveria usar aquele tom de azul ali. Vai descascar…”
O fato é que uma obra sempre é aberta, por mais que o artista passe por todo um processo mental e criativo que resulte no trabalho, cada um a enxerga como bem entende, a partir de um repertório formado por tudo que a pessoa viveu, apreendeu e se interessou ao longo da vida. Ou seja, enquanto buscamos por uma verdade, que não será absoluta, nada contra aprender no caminho, né?
Arrivederci!!!

Beta

2 Comentários

  1. Unknown

    Muito boa e bem humorada a resenha. Agora fiquei ainda mais ansiosa para ler o livro, sou seguidora entusiasmada da Fan Page do Pedro Tornaghi no feice e todo dia aprendo coisas edificantes e sábias lá, imagino onde pode chegar um livro que junta a inspiração dele com a do Da Vinci.

  2. Sil de Polaris

    Zeus, uma postagem muitíssimo interessante sobre um romance muitíssimo e muitíssimo interessante. Eu sinto admiração antiga eterna por Leonardo da Vinci. Eu tenho queda eterna natural por astrologia. Portanto eu adoraria poder ir à uma livraria imediatamente para comprar um exemplar desse romance para poder saber como seu autor chegou à essas conclusões analíticas. Parabéns pela postagem excelente !!!

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