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Cap. 1038 – Primeiras Impressões – LRDO

Ciao!!!

 

Há alguns meses, recebi um convite de uma autora
nacional. Ela me perguntou se eu poderia ler e resenhar o livro dela. Na época,
as coisas estavam MUITO confusas e eu não pude aceitar. Um tempo depois até
pensei em escrever dizendo que estavam menos confusas e que se ela ainda
quisesse, eu leria. Por sorte, antes de eu escrever, ela me procurou novamente.
Aquela coisa: quando tem que ser, será.
E eu nunca reclamo de ler nada inspirado em Orgulho & Preconceito (ah, só se for versão terror, o que graças a Deus e Jane Austen, não é o caso aqui)
Primeiras
Impressões – LRDO – Editora Kirion
(2014)
Personagens:  Liz Benevides e Frederick
Darcy
As primeiras impressões podem mesmo definir todo o
julgamento sobre o caráter de uma pessoa? Se for assim, Frederick começou com
os dois pés esquerdos o relacionamento com a família Benevides. O futuro
político americano veio passar uma temporada em Búzios com os amigos Charles e
Caroline Bing. Ele estranhou e não gostou de muitas coisas que viu. E Liz
percebeu isso e também não gostou dele, mesmo quando ele tentou se aproximar.
Na ponte aérea entre cidades dos Estados Unidos e Búzios, muitas impressões
podem mudar para pior ou para melhor na vida deles.
Comentários:
– Cada vez que vejo uma história inspirada em Orgulho & Preconceito,
percebo como Jane Austen foi direto ao ponto em um livro escrito entre
os séculos 18 e 19 e que, não importa quanto tempo passe, é atual. Não sou uma
entendida nível fanática por Jane Austen (sim, ainda estou em treinamento), mas
gosto muito do livro, gosto dos personagens, da dinâmica estabelecida entre
eles e das adaptações para TV e cinema. Então, eu gosto de ver os detalhes que
tornam a inspiração tão inesquecível e ver os temperos pessoais que a autora
acrescenta.
– Quanto a isso, posso deixar claro que gostei do
trabalho de LRDO. A gente vê que ela sabe muito bem o material original, ao
ponto de batizar seu livro com o nome original de Orgulho & Preconceito, citar frases e adaptar passagens. Não deu pra sentir falta de Kitty (sorry, Kitty), que só serve de
escada para as sandices de Lídia e me fez um favor deixando Maria, a irmã
Bennet que quase ninguém presta atenção (mas eu gosto dela). O pai amoroso e a
mãe desmiolada estão lá. O enorme afeto entre Jane e Lizzie também. Como
comentei enquanto lia, reconheço a qualidade de inspiração/ adaptação se o
Collins me dá nos nervos e eu tenho vontade de bater na Lidia (sim, sei que
violência não resolve nada, mas, pelamor…). Sim, eu tive ambos. Collins
nasceu aquele cara chato, puxa-saco dos ricos e esnobe sem ter motivo. Lídia é
uma menina imatura, mimada e egoísta, que não mede as consequências de seus
atos. Está no DNA de ambos. Outra que nasceu torta independente da versão é a
Caroline Bing. Bem que gostei de ver que ela ouve pelo que fez. Mesmo a gente
sabendo que ela vai ter que engolir o que não queria, faz bem ver cenas onde
ela percebe que não engana mais ninguém.

– Temos Charlotte, neste caso, a amiga que quer
tanto estabilidade que se adapta, a ponto de interferir na própria
personalidade, a um relacionamento pessoal e profissional com o irritante
Collins. Ah, preciso confessar que a imagem mental de Collins dançando forró
foi digna de comédia pastelão. E juro que não falo mais desse chato, ok?
– Jane e Charles. O casal fofo e que se desencontra
durante a maior parte da história. A LDRO ainda acrescenta mais alguns
capítulos neste desencontro, creio eu que para fazer o reencontro valer a pena.
Deu certo. Por ser personagens que despertam a nossa simpatia, a gente torce
para que um deixe de ser enganado e confie no amor do outro. Olha que eu sou
escorpiana teimosa, mas o Charles é tão (ruivo) fofo que eu não conseguiria ser
vingativa com ele. Se eu não conseguiria, imagina Jane, a personificação da
bondade e da esperança no ser humano nesta história.
– Liz e Frederick. Os dois que tinham convicções
sobre tudo, mesmo as erradas a respeito um do outro. Eles se conhecem e se
estranham à primeira vista (apesar de que um chamou a atenção do outro). Realizam
uma “dança” de aproximação e recuo baseada no que um fica intrigado e o outro
desconfiado.  Apesar de que terão muito
que resolver e esclarecer, sobre as primeiras impressões, as certezas que
criaram a respeito de si mesmo sobre o outro. Ou seja, haja água para passar
por baixo desta ponte. E a LRDO muda algumas coisinhas na dinâmica do
relacionamento deles (sim, estava muito interessada em ver a solução dela para
os primorosos capítulos 33 e 34. originais), perfeitamente cabíveis para uma
história que se passa atualmente, assim como no caso de Jane e Charles,
valoriza mais o reencontro. O orgulho dela e o preconceito dele farão alguns
estragos, neles mesmos e em outras pessoas, que precisarão ser superados. Ah,
devo dizer que há um tapa na reta final da história que é uma daquelas cenas de
lavar a alma, do tipo “como é que NUNCA pensaram nisso antes?!?!?!” (sim, foi
aprovado pelo meu escorpiano vingativo e mal humorado).
– Apesar de estar em uma fase de amor profundo e
complexo por Inglaterra, Escócia e Irlanda (ainda não cheguei ao País de Gales,
mas no ritmo que as coisas estão vou amá-los também), gostei do contraponto
entre o lado norte-americano formado por Darcy, que está envolvido com
política, os Bing e o sem-noção do Collins e o lado brasileiro composto pelas famílias
Benevides e Lopes. O estilo de vida, o comportamento, o modo descontraído-praia-verão
contrastando com o modo sisudo-inverno-neve de quem troca de país para estudar
e trabalhar, como as duas irmãs Benevides mais velhas. Outra decisão interessante
da autora é a narração em 3ª pessoa e o ponto de vista de diferentes
personagens. A gente acompanha a maior parte da história pela ótica de Liz, mas
temos os pensamentos de Jane, de Charles, da mala-mãe Janaína e da mala-filha
Lídia, de Caroline e de Frederick. Isso nos ajuda a simpatizar ou antipatizar
com eles por conta própria, sem depender do filtro de outro personagem.
– Ainda escaparam (que eu encontrei) dois erros de
digitação (sei bem o que é isso. Chegou a tal ponto na minha Dissertação de Mestrado
que eu poderia escrever o maior absurdo gramatical que não conseguiria
enxergar. Depois que a gente lê várias vezes, não acha nem elefante dançando
hip hop no texto. Por isso que é bom outras pessoas lerem). Houve um trecho que
eu fiquei confusa para entender, achei que estava faltando uma frase (mas como
já era noite quando eu estava lendo pode ser isso: cérebro já tirando o pé para
dormir). De qualquer forma, mandarei estas observações para a autora analisar
se são pertinentes.

– E caso você tenha ficado curioso e queira ler,
saiba que o livro estará em promoção na Amazon, no dia 12 de junho: R$ 2,99. #ficaadica
– Links: Goodreads autora,
livro;
Skoob, site da autora.
Bacci!!!

Beta

2 Comentários

  1. Sil de Polaris

    Eis um romance baseado em "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen, que fez-me ficar interessada em ler pela ótica utilizada que foi descrita nesta postagem, com personagens que mereciam uma surra recebendo um tratamento à altura ! Eu não simpatizei muito com Benevides e Lopes porque nunca gostei desses sobrenomes, mas compreendi sua escolha devido à adaptação de nomes originais. Meus parabéns !

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