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Cap. 1058 – A garota no trem – Paula Hawkins

Ciao!!!

Tensão. Desconforto.
Angústia. Perigo.
A autora acertou em cheio ao
mirar neste tipo de trama se queria causar esta sensações nos leitores.
Especialmente nos mais impressionáveis, como eu.
A
garota no trem – Paula Hawkins – Record
(The girl on the train –
2015)
Personagens: Rachel e o
mundo que vê da janela do trem
Todo dia Rachel pegava o
trem das 8h04 de Ashbury para Londres. Todos os dias no subúrbio ela observava
uma casa em uma rua. Ela até criou para si mesma uma fantasia sobre como aquele
casal tinha uma vida perfeita. Uma vida como ela mesma tinha antes de tudo dar
errado. Só que ela observa coisas estranhas e quando tudo parece perder a
noção, se vê envolvida em uma história confusa, repleta de segredos e de
informações que não fazem sentido, onde nada nem ninguém – inclusive ela – pode
ser o que parece.
Comentários:
– Jesus! Maria! José!
Sagrada Família! Ou, em bom mineirês: NÓ! ( = Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro).
Que livro tenso! Quando
virei a última folha e fechei, não sabia se dava graças a Deus por respirar com
calma ou se pedia uma massagem para tirar todos os nós que devem ter virado uma
colcha nas minhas costas.
– A autora narra a jornada
em tempos distintos de duas mulheres: Rachel e Megan. Na reta final, também
vamos ter mais uma narradora expondo voz e pensamentos. As três mulheres e mais
os homens citados estão todos em situações limites. E entre eles, há até quem
não perceba onde está ou para onde foram arrastados. Falta esperança, falta
rumo, falta sentimento, sobra vazio, sobra frustração, sobra angústia, decisões
erradas são abundantes em uma trama complexa onde a tragédia está pairando, à
espreita da falha, do destempero, do descontrole ou de que a máscara caia.
– Rachel está ferrada na
vida. Viaja todo dia de Ashbury para Londres. Despreza a si mesmo pela pessoa
digna de pena que se tornou. Tem uma autoestima baixíssima, não se respeita e
só se afunda nesta lama pessimista e depressiva. Como tudo que está ruim pode
piorar, ela é alcoólatra. Do tipo que não se lembra do que fez no dia seguinte
e que pode ter perdido o controle e feito coisas horríveis. Que já vive no
fundo do poço e nem deu conta disso. Como por exemplo perseguir o ex-marido,
Tom, que agora mora com a nova esposa, Anna, e a filha bebê, Evie, na casa onde
ela morou e pensava que teria uma família feliz com ele.
– Ao passar de trem, ela
evita olhar para a casa e a vida que perdeu, por isso se concentrou em outra
casa na mesma rua. De tanto acompanhar a rotina, estabeleceu toda uma história,
perfil e personalidades para o casal morador: Jess e Jason. Todos os dias ela percebe
um pedaço da vida deles e preenche o espaço com a felicidade que não conseguiu
alcançar.
– Até que descobre pela
imprensa que Jess – que na verdade se chama Megan – desapareceu e o caso é
investigado pela polícia. Ao recuperar fiapos desconexos de lembranças após uma
noite onde acordou de ressaca, desorientada e com um ferimento na cabeça,
Rachel acredita que tem uma informação que pode ajudar no caso. No entanto,
quando se apresenta na Delegacia, descobre que pairam suspeitas sobre o
envolvimento dela no desaparecimento – lançadas por Anna.
– Rachel parte em uma busca
para tentar recuperar a memória e reconstituir o que aconteceu na noite em que
Megan desapareceu, qual o papel dela em toda esta situação. E quanto mais ela
remexe e se aproxima das pessoas, inclusive Scott, o marido de Megan, mais a
situação fica confusa, complicada e a coloca em evidência e na iminência de uma
catástrofe.
– Ah, não se preocupem.
Neste resumo, dei apenas linhas gerais. A situação é bem mais complexa e com
alguns detalhes que não vou me atrever a mencionar, já que quero compartilhar
aqueles nós de tensão com alguém. Há várias descobertas ou pistas lançadas
pelas lembranças de Rachel e complicações que a gente antevê nos relatos de
Megan. Ao mesmo tempo, é triste e melancólico perceber que realmente muitas
pessoas aceitam ser confinadas em vidas infelizes ou contribuem para tornar a
própria existência ainda mais miserável e, mais cedo ou mais tarde, vão sofrer
ou fazer alguém sofrer quando não aguentar mais. A mensagem do livro – dita por
pelo menos dois dos personagens – é que por mais que a gente viva e conviva,
nunca sabemos quem as pessoas são de verdade. E esta descoberta pode revelar
perfis assustadores.
– Para o fã de suspense, é
um livro indicado. Para quem não for como eu, assutada com a própria sombra ou
não tiver em dia de leitor-esponja, será uma leitura ótima. Eu terminei
arrasada com as consequências da infelicidade alheia e agravada por outros. De
vez em quando, é bom sair do padrão “sofro mas serei feliz”. Porque na vida
real, felicidade nem sempre é brinquedo que se tem.
Bacci!!!

Beta

1 Comentário

  1. Sil de Polaris

    Pois eu concordo que existe muita infelicidade, em muita vida complicada, que não tem porque ser arrasada por mais complicação inútil, como alcoolismo, trazida pela pessoa própria à sua vida, que ficaria muito bem sem isso. Oh, toco enraizado pra arrancar !!! Você fez com que eu lembrasse de uma canção triste de natal, que escreveram não sei porque, com seu "felicidade nem sempre é brinquedo que se tem".

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