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Cap. 1205 – Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática – Thalita Rebouças

Ciao!!!


Depois
de uma maratona de três semanas intensas, finalmente uma folga. Física e
mental. A parte mental foi cortesia deste livro, que li em um dia entre idas e
vindas para o plantão de sábado (quem disse que ler esperando ônibus não rende
nunca me viu fazendo isso…).
E me
fez lembrar de algumas coisas…
Confissões de uma garota excluída,
mal-amada e (um pouco) dramática – Thalita Rebouças – Arqueiro
(2016)
Personagens:
Teanira de Oliveira
A
vida de Tetê não estava fácil. Mudanças demais, situações desconfortáveis
demais e ela tentando simplesmente passar por tudo sem ser percebida. O problema
é que a família dela – pai, mãe, avós e bisavô – não tem limites e não sabem
respeitar o dela. Depois de sofrer bullying e ser excluída na escola antiga,
estava prestes a começar na escola nova, e não tinha muita esperança de que
fosse ser diferente. Enfim, como sair desta encrenca?
Comentários:

Ah, a tragédia de ser adolescente. E se chamar Teanira. E ter visto o casamento
dos pais por um fio. E o pai desempregado. E todo mundo morando na casa dos
avós em Copacabana. Para não dizer que estava tudo ruim, pelo menos sair da
Barra significou trocar de escola e talvez, se ao menos isso desse certo, ser
uma pessoa normal e não a estranha, inteligente, excluída e alvo favorito do
bullying alheio.
– Na
escola nova, ela acaba se unindo com os outros excluídos. Davi, um garoto
formal, inteligente e muito ligado aos avós, que o criou e ao irmão, que
atualmente morava em Juiz de Fora onde cursava computação na universidade
federal. E Zeca, o adolescente gay com senso de moda, sinceridade a todo instante
e seguro de si o suficiente para ignorar quem tentava irritá-lo de alguma
forma. Ah, ela também foi notada por Erick, o garoto lindo da sala. Se fosse um
pouco menos atrapalhada e articulada socialmente talvez causasse uma impressão
melhor.

Mas nem tudo foi perfeito né? Caiu na antipatia automática de Valentina, a mais
badalada da sala. O que rende a sensação de replay dos piores momentos. Só que
desta vez ela não estava sozinha: tinha Zeca, o conselheiro e personal stylist
para todas as horas e Davi, sensato e bem-educado. Poderia lidar com tudo e não
sofrer calada como antes.
– Quem
passou pela adolescência ou conhece quem está nesta fase, pode reconhecer algumas
situações típicas: o fator “meu corpo se voltou contra mim”, afinal é uma fase
de mudanças e tudo fica muito estranho e desajeitado; o fator “picuinha/implicância/maldade”
daquelas coisas que uns dizem dos outros e se você não tiver confiança em si
mesmo pode ter consequências bem sérias; as famílias querendo ajudar e fazendo
você passar vergonha do tamanho do ego de vilão de desenho animado.
– No
entanto, o detalhe mais relevante é que “nós somos as primeiras pessoas que
precisamos nos amar”. Não, isso não é bla bla bla de livro de autoajuda. Existe
vaidade e existe cuidado consigo mesmo – não estou mandando fazer plástica e
virar quem não é, mas coisas que te façam sentir bem. Tetê descobre isso
empurrada por Zeca. Eu descobri nisso uma forma de me divertir escolhendo cores
bem malucas para esmaltes. Para isso tive que lidar com a ansiedade que me
fazia destruir as unhas. Os dentes levaram mais tempo, mas se serve de consolo,
Tetê ao menos fez o tratamento ortodôntico na época certa – segundo o dentista,
o corpo colabora mais na adolescência que dez anos depois quando eu o
tratamento de (engenharia) ortodôntica que colocou meus dentes nos lugares onde
deveriam ter nascido. E eu detestei. Muito. Até esquecer e o tempo ajudar e
tudo dar certo. O resultado dos dentes tortos foi que me sentia feia e não
sorria em fotos. Mas só precisei passar por isso para descobrir que não eram
eles que me definiam. Ah, qual é? Está achando que só você teve perrengue quando
era aborrecente? Por que vocês acham
que uma temática recorrente no Literatura de Mulherzinha é “patinho feio”? Identificação,
monamu. Até que percebi que ser patinho era fenomenal e que feio era ponto de
vista – e que não precisava ser o meu.
 

Porque no fundo todo mundo se sente um pouco
excluído e mal-amado, todo mundo tem seu drama. Sem dramas. A gente não está na
pele do outro para sentir
”.

– Enquanto
Tetê descobre quem é de verdade e como se sentir confortável com isso, a autora
apresenta as consequências do bullying, as relações de lealdade (ou não) entre
grupos de adolescentes, reforça o valor da família (por mais “só Jesus na causa”
que seja), lembra que as pessoas podem errar e podem magoar outras de propósito
e que nada se conserta em passe de mágica. Mas talvez não adiante eu te contar
isso, jovem padawan. Tem coisa que a gente precisa viver para saber como lidar.
Tempo e experiência. Um dia você terá. Eu ainda estou acumulando as minhas.
– E
só pra reforçar, quando vi o título gigantesco, fiz um comentário sobre “como
parecia coisa de escorpiano surtado”. Adivinhem qual o signo citado nominalmente
e que tem os defeitos enumerados no livro?



Série “Confissões”
Confissões de uma garota
excluída,mal-amada e (um pouco) dramática
 – Tetê 

Arrivederci!!!

Beta


ps.: Se quiser saber sobre outro livro sobre bullying na adolescência, recomendo este.

1 Comentário

  1. Sil de Polaris

    Algumas crises de adolescência foram enfrentadas por mim certamente, sendo que eu tive de enfrentar bullying nessa época também, embora essa expressão não existisse naquela década neste país. Essa personagem foi muito sortuda em ter amigos que ajudaram-na a conhecer a si mesma e a estar à vontade consigo. Ela encontrar um amigo homossexual seguro e sensato foi o que eu julguei mais fantástico e tão ótimo !!!

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