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1 + 1 = A Matemática do Amor – Augusto Alvarenga e Vinícius Grossos – Cap. 1220

Ciao!!!
The greatest thing you’ll ever learn is just to love and be loved em return”.
Se você for do mesmo tipo que eu – leitora compulsiva – já deve ter desenvolvido um instinto, um radar, um “sensor aranha” que te avisa quando parece que o livro foi feito para você ou quando é uma cilada.
Confesso que o trabalho dele aqui foi me avisar – de forma fulminante – que eu amaria o livro antes de terminar de ler a segunda linha da sinopse da contracapa no meio da redação onde trabalho.
E foi o único livro que comprei durante a Bienal do Livro de Juiz de Fora (e eu ainda disse isso ao Vinícius quando pedi o autógrafo. Pressão? Nenhuma…).
Porque eu amo histórias verdadeiras e humanas, que trazem calor, lembranças e que você sabe que vai ler e reler até perder a conta ou
decorar. E então, ler de novo.  

Afinal de contas, 1+1=
1 + 1 = A Matemática do Amor – Augusto Alvarenga e Vinícius Grossos – Faro Editorial
(2016)
Personagens: Lucas e Bernardo
Lucas e Bernardo eram amigos desde sempre. Vizinhos, cresceram convictos da certeza de ter sempre o outro por perto. Até que veio a notícia de que a família de Bernardo se mudaria para Portugal e aquelas seriam as últimas férias deles juntos. Diante do inevitável, Lucas decide agir para que sejam inesquecíveis e os dois nem imaginam que os dias seguintes se tornariam uma jornada muito mais complicada e emocional que a contagem regressiva para uma despedida.
Comentários:
– É uma história sobre tantas coisas que espero não me esquecer de nada até o final deste texto. É sobre amizade verdadeira, o primeiro amor, mudanças de vida, afirmação da própria identidade, sentimentos confusos, hormônios, laços familiares, adolescência, maldade,
julgamento, homofobia, liberdade, a busca por explicações, a vontade de encontrar o próprio “lar” e o desejo de ser amado como se é. É sobre coisas que vivi quando tinha os 16 anos de Lucas e Bernardo, coisas que ainda desejo alguns anos depois e outras coisas que pertencem a histórias que não são minhas para contar, mas que acompanhei porque fui coadjuvante-testemunha ou simplesmente aquela que torceu para que tudo desse certo no fim das contas.
Não tive custo pois só me fez bem
Ganhei o mundo e tirei meu pé do chão
Me deu sua mão.
Pra ser tumulto tem de ter alguém.
Alguém no mundo tem de ser um outro alguém
que faça bem a todos nós.
Ah… se eu pudesse ter
mais um dia assim com vocês, eu teria.
– Lucas e Bernardo são garotos de personalidades distintas, mas com um forte vínculo construído ao longo dos anos de amizade, aventuras e descobertas, seja dos filmes, das pipocas – inclusive queimadas -, dos passeios de bicicleta ou simplesmente não fazer nada porque a companhia um do outro bastava. No entanto, a bomba de que não estariam mais na janela ao lado deu um sentido de urgência e um tique-taque de contagem regressiva a tudo. A saída era transformar o tempo em aliado, criando lembranças que tornasse menos difícil (porque nunca é fácil, pode crer) quando estivessem a um oceano e um avião de distância.
Diz que sente o que eu senti.
Diz que vê o que vi.
Você é a verdade que não me doeu.
Aquela ami que enfim zade já bateu.
A sua coragem me fortaleceu.
Você é o encaixe, à parte, em mim maior.
– Só que a vida – aquilo que ocorre enquanto você está ocupado fazendo planos (como volta e meia dizem por aí) – resolve intervir e os planos de Lucas para férias perfeitas começam a ter uma série de complicações e imprevistos. E isso ajuda a revelar sentimentos que nem os garotos se deram conta propriamente e, ao perceberem, ainda não estavam prontos para entender. Por que doía tanto para Bernardo partir? Por que doía tanto para Lucas saber que ficaria? Ao longo das aventuras e desventuras das “últimas semanas juntos o tempo todo”, os garotos vão descobrindo que o sentimento entre eles era outro, mais forte, mais complicado, mais profundo e muito mais complexo. Com isso, vem o medo do desconhecido, de ser mal-entendido, de ser julgado, de não ser correspondido.
– E morando em cidade do interior (se bem que não é “exclusividade” porque todas as famílias, casas, ruas, bairros, cidades, estados e países, enfim, todos os lugares, são repletos de seres humanos bons e ruins), o medo procedia. Afinal de contas, o que mais vemos por aí na vida real ou virtual são pessoas que sobem em um pedestal e se arvoram no direito de ditar preceitos e preconceitos sobre a vida dos outros (enquanto em muitos casos varrem seus próprios pecados para baixo do tapete). E para ser julgado (onde foi parar o “atire a primeira pedra quem não tem pecado”?) e condenado, basta não ser como o outro quer que você seja. Surreal, não é? Mas – em muitos casos, lamentavelmente – muito real dentro ou fora de casa.
– Por isso, quem já viu isso antes (em forma de notícias apuradas e divulgadas ou de desabafos onde o máximo que podia fazer era ouvir quando a vontade era comprar a briga e botar para quebrar) entende de cara muitas entrelinhas na jornada de Lucas e Bernardo. Consegue ver a maldade disfarçada de “brincadeiras”, “código de pertencimento a um grupo” e/ou “foi só uma frase”. Consegue se colocar no lado de quem sente a dor e ver a mesquinhez de quem se julga no direito de magoar. Consegue dar nomes aos bois: o que muitos juram ser “padrão normal” é preconceito. Cá entre nós, normal é um conceito muito relativo – depende de ponto de vista. Por exemplo, o meu conceito de normal é cada um cuidando da própria vida, se concentrando em ser e fazer os outros felizes. Provavelmente, diante dos comentários e ações cada vez mais violentas em rede social e na vida real, são poucos os que concordam comigo.
– São duas pessoas que estão descobrindo que se amam. E isso é lindo. Basta que você se lembre das sensações de olhar nos olhos da pessoa que fez seu coração acelerar pela primeira vez. Das mãos geladas. Do rosto quente. Das palavras presas entre o coração e a boca. Daqueles momentos de tensão que antecediam o encontro. De qualquer bobagem dita que ganhava importância de poesia ou prosa
(dependendo do seu gosto). Dos encontros acidentais ou não tão acidentais assim. Do primeiro toque. Do primeiro beijo. Da primeira ou última lágrima. Como é que você não vai se identificar com algo assim? Eu queria ter encontrado o equivalente pra mim de um Bernardo ou um Lucas nesta época. Alguém que desse real sentido ao que cantou Nat King Cole e David Bowie (na trilha de Moulin Rouge) – que é a primeira citação deste texto, logo abaixo da capa.
“Lantejoula, bloco, mão
isso é deserto.
Eu não quero a multidão
Só quero você.
 
Minha paleta, violão
Está completo
Mas só se você for meu CD.
 
O que dizer de você sempre estar aqui
Mesmo quando fecho
você vem abrir
meu sorriso.
 
Sei que vai ser seu
Nada disso é meu
 
Sempre
Sempre
Sempre… seu.”
– E tenho que agradecer ao Augusto e ao Vinícius por criarem uma história que me fez apaixonar antes do fim da segunda linha da sinopse. Que despertou a segurança de saber que era algo que eu tinha que ler (a ponto de furar a fila) e me fez companhia e foi responsável por alguns momentos de paz em uma semana difícil, enjoada e turbulenta. Que me remeteu aos sentimentos que só o David Levithan (o ponto de partida nas várias conversas com o Vinícius durante a Bienal) desperta em mim com histórias humanas, divertidas, emocionantes e tocantes, mas trouxe em vozes próprias, fortes, onde nada falta e nada sobra. Onde a gente sabe que se estender a mão, alguém vai segurar e pular com você.  É o que eu sempre fico rezando aos céus pra ler, agradeço profundamente quando minhas preces são atendidas e depois indico para todo mundo: pegue e leia. Não vai se arrepender.
Arrivederci!!!
Beta
ps.:
Caso não tenham percebido a banda OutroEu está em loop  
no meu Spotify e no meu
cérebro. (Sim, entraram para lista “acalmam mentes turbulentas”) e
por isso me fizeram companhia durante a leitura de 1+1.
 

ps.:
E como hoje é Dia Internacional da Amizade: “
Ei,
olha só o que eu achei. Cavalos marinhos
”. Entendedor entenderá.

16 Comentários

  1. Rosana Gutierrez - Livrólogos

    Beta suas resenhas são sempre tão boas que até livro que eu não leria, fico super afim de ler.
    Sem contar a simpatia do Vinicius que tive o prazer de conhecer num evento da Faro em SP.
    Adorei. Vou ler.
    Bjs

  2. Daniele Vieira

    Olá
    Amei sua resenha, suas refexões, e o livro deve ser muito bom mesmo para que te fazer pensar tanto.
    Não sei se leria por hora,;porque achei a história um pouco triste e estou preferindo coisas mais alegres ultimamente, por isso vou guardar a dica para nais tarde

  3. Mari Ramos

    É um tema desafiador para ser escrito, porque até hoje ainda existe muito preconceito. Achei interessante a forma como você relatou que tudo foi apresentado foi gradativa.

  4. Greice Blogando Livros

    Nossa, que resenha mais linda! Realmente você amou o livro e fez tudo com muito sentimento. Me deixou curiosa depois disto tudo apesar da temática não me chamar muito a atenção. Mas os autores como o Vinícius sei que escreve bem, já conheço outro livro dele. Poxa, parabéns mesmo pela ótima escrita.

    Beijos,

    Greice Negrini

    Blogando Livros
    http://www.blogandolivros.com

  5. Carla

    oi Beta!
    EU já li outro l ivro do autor, e gostei bastante da narrativa dele. Esse eu ainda não tive a oportunidade, mas estou bem curiosa para poder conferir.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

  6. Kamila Villarreal

    Olá!

    Eu to com o livro aqui para ler, devidamente autografado pela dupla, com certeza vou me emocionar com eles, é linda demais essa história!

  7. Cila-Leitora Voraz

    Oi Beta, sua linda, tudo bem?
    Eu concordo com você, por eu já me conhecer, tem histórias que pela sinopse eu digo que foram feitas para mim e no fim, foram mesmo. Todas as resenhas que li desse livro, só elogiam. Mas vi como o livro te tocou, como lhe proporcionou uma experiência. É impossível não se sensibilizar. Eu tenho certeza de que irei me emocionar com eles, vai ser uma das minhas próximas leituras com certeza!!! Adorei sua resenha!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

  8. Glaucia Cassia

    Não conhecia o livro mas me senti tocada com a história de Lucas e Bernardo. Ser julgado quando nem você mesmo conseguiu saber ao certo o q sente é muito complicado. E o preconceito alheio disfarçado de "minha opinião" é um grande fator para dificultar a vida de qualquer um, ainda mais em situações tão complicadas como a despedida. Essa com certeza é uma história que quero conhecer.

    Bjs, Glaucia.
    http://www.maisquelivros.com

  9. Salvattore Mairton

    Olá, não conhecia o livro, mas quanto amor nas entrelinhas hein? Fico contente que o livro tenha te conquistado dessa maneira e que os personagens sejam assim tão bem construídos. Fiquei tocado com este romance e pretendo ler em breve.

  10. Anna Gabby

    Oie, Beta! Eu acho que já vi essa capa por ai, mas não lembro de já ter lido algo sobre ela antes. Achei a premissa muito interessante e fofa, afinal, deve ser um turbilhão de sentimentos e nada melhor em uma história que muitos sentimentos a serem compartilhados e descobertos. Fiquei muito curiosa para desbravar a história deles dois!
    Beijinhos
    Anna – Letras & Versos

  11. Sil de Polaris

    Ter uma amizade de infância transformada em amor de homem por homem sem perceber, não conseguindo entender porque uma separação entre amigos estava doendo tanto, pareceu muito poético. Mas acontecendo com homem com homem dessa vez, ao invés de homem com mulher como de praxe. Preconceito é vilão de história dessa vez. Não tem bruxa. Não tem madrasta. Não tem traidor. Não tem usurpador. Mas preconceito maldito !

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