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Cap. 1288 – O menino feito de blocos – Keith Stuart

Ciao!!!

Todo
mundo já ouviu, pelo menos uma vez, alguém dizer que a vida é simples e a gente
é que complica tudo. Esta seria uma boa forma de resumir a jornada de Alex em
busca de si mesmo, passando pela compreensão dos verdadeiros laços com o filho
e com as pessoas que ama.
O menino feito de blocos – Keith Stuart
– Record
(A
boy made of blocks – 2016 – Sphere)
Personagens:
Alex e o filho, Sam
A
vida de Alex está toda fora do prumo e atingiu o limite. A esposa o colocou
para fora de casa, como uma última tentativa de salvar o casamento. Ele perdeu
o emprego que tolerava pelo bem da estabilidade da família. E não tem a menor noção
de como se conectar com o filho de 8 anos, Alex, que foi diagnosticado com
autismo. Pressionado, estressado, confuso, ele encontrará nas aventuras
propostas pelo Minecraft
um
caminho para se redescobrir e se perdoar, para enfim viver em paz.
Comentários:
– É
um livro sobre tanta coisa, mas tanta coisa, que espero poder me lembrar de
todas. Fala sobre a jornada de um pai para encontrar uma conexão com o filho. Fala
sobre a sensação de fracasso que assombra um homem ao perceber que estava sob
risco de perder a família e que não tinha mais um emprego. Fala sobre como a
gente nunca pode fugir de um trauma, porque ele se torna uma assombração capaz
de minar aos poucos o que há de bom na nossa vida. Fala sobre angústia, medo,
pânico. Fala sobre amizade e amor. Fala que cada um pode encontrar a própria
receita de felicidade, sem depender do estereótipo do “comercial de margarina”.

Quando recebi o livro pensei que seria triste. Sim, tem tristeza, porque, como
bem explicou a animação Divertida Mente,
ela é necessária para nosso crescimento pessoal e emocional. No entanto, vemos
Alex se afundando na própria confusão íntima, percebemos que há uma esperança
de redenção. Não é um livro para baixo. É um livro que conversa contigo sempre
dizendo que as coisas podem melhorar se a gente se dispuser a lutar por isso.
– Alex
estava perdido e sufocado na própria dor, na própria angústia de não ser
suficiente, de não ser necessário, de fazer as coisas erradas, de querer
acertar, mas só errar. Tudo começou com um trauma na infância, que afetou toda
a família dele, uma bola de neve que virou avalanche por ter sido, de certa
forma, ignorada. Ao tentar evitar a dor que sentiu antes, ele acaba por se
afastar e se privar de muitas experiências. E isso coloca em risco o casamento
e a relação com o filho.

Sam é um ponto fundamental na trama. O pai não compreende plenamente o fato do
filho ter autismo e não ser uma criança como as outras. Não sabe o que fazer,
como agir, passa o tempo inteiro com medo de ele ter uma crise e não saber
lidar. Aí surge um canal inesperado – Minecraft. (Não entendo nada de videogame e o livro me ajudou a entender a dinâmica do jogo. Fui aquela criança da década de 1980 que não
teve um Atari, que jogava quando os primos estavam na cidade e sempre perdia
porque possui uma coordenação motora de uma bola doida de pinball. Sou a pessoa que jogava com o Luigi, libertava o Yoshi ingrato que fugia e me deixava estabacando sozinha
) No universo
do Minecraft, Sam e Papai podem construir uma realidade controlada, assumir os
riscos e medo apenas se quiserem. Ao compartilhar este universo, pai e filho
rompem algumas barreiras, passam a se comunicar melhor e Alex consegue
finalmente enxergar Sam além do rótulo dado pelo autismo.
 

E experimento um instante peculiar e
chocante de clareza: Sam é um ser humano separado de mim, separado até da Jody.
Não é um problema a ser resolvido, um compromisso na minha agenda, outro
elemento preocupante da minha lista diária de afazres. Ele é uma pessoa, e em algum
lugar em sua mente estão suas próprias ideias, suas prioridades, suas ambições
para o futuro. É impressionante notar como foi fácil ignorar tudo isso, no meio
de tudo que estava acontecendo, em meio à luta com o autismo, as batalhas
diárias com escolas, comida e roupas. Ele é uma pessoa – ele quer coisas, quer
entender seu lugar no mundo. E meu dever é ajudá-lo
”.
 

– É
lindo e emocionante. Keith Stuart tem uma sensibilidade inacreditável para
narrar a jornada de Alex. Ele tem um menino que também foi diagnosticado como
estando no espectro do autismo, então, compartilha os melhores e piores
momentos que os pais passam ao saber, como lidar e o que podem enfrentar ao
saber que o filho enxerga o mundo de uma maneira diferente e própria. Isso dá alma
ao livro. Porque em nenhum momento você tem a sensação de que “ah, o autor fez
isso pra apelar! Isso é fake”. As dores e as alegrias vivenciadas pelos
personagens – incluindo as relacionadas ao autismo – soam como mais que verdadeiras,
causam identificação em quem lê. Que pai ou mãe não teme pelo futuro do filho? Que
relacionamento não entra em crise – por amar demais, de menos ou por pressões
externas? Quem nunca se viu sufocado na carreira e não invejou a boa sorte dos
outros? Quem nunca se afundou na dor própria ao ponto de se esquecer de que todo
mundo tem algo bom, memórias boas das quais deve se orgulhar e apegar, para
acreditar que tudo irá mudar.
 

É por isso que é difícil – porque a vida é extraordinária e cheia
de significado, e coisas assim têm um custo. É preciso ser paciente, forte e
estar preparado. Por muito tempo nessa aventura eu fui um tolo – eu via Sam
como obstáculo, algo do qual eu precisava desviar. Mas eu estava errado
”.
 

– “A
vida é construída sobre as pequenas coisas
”, diz a capa (que aliás tem texturas diferenciadas nos blocos onde estão as palavras do título, é uma delícia de passar a mão). Uma singela pista do
quão simples e maravilhosa é a história narrada por Keith Stuart. Se tiver
chance, leia.
Bacci!!!

Beta

14 Comentários

  1. Gabrielly Marques

    Que resenha mais linda!!! Adorei saber mais sobre esse livro e ver que gostou tanto. A premissa é mega cativante e acho que iria amar a leitura também. Gosto muito do tema abordado, autismo, e quero saber mais sobre essa relação entre pai, filho e Minecraft (também não entendo nada sobre esse jogo).

    Beijos!

  2. Shayanne Aguiar

    Tem um filme nacional FAN-TAS-TI-CO que me lembrou muito esse livro. Esqueci o nome, porem, ele tem no Netflix e o protagonista é o Wagner Mooura (crush). A resenha está linda, amo livros assim. Tem certos momentos na vida que temos que parar para pensar sobre oque fazemos e tudo mais. Amei, parabéns.

  3. Bianca Santana

    Poxa, gostei bastante da sua resenha e da premissa do livro. Quando recebemos ele de cortesia da editora, eu não dei nada por ele, mas agora vc abriu minha mente. Legal!

  4. Catrine

    OOI
    Não sabia sobre o que se tratava o livro até então, mas por sua resenha me interessei.
    Parece ser um livro muito emocionante, dica anotada! 🙂

  5. Morgana Brunner

    Ah que resenha dez gente, fiquei encantada mesmo porque não sabia muito sobre o que a obra falava e agora quero ler com toda certeza.
    Beijinhos da Morgs!

  6. Larissa Oliveira

    Oi!
    Não conhecia esse livro ainda mas já fiquei encantada com a história que parece ser carregada de questões importantes e sentimentalismo. O uso de um jogo como forma de aproximação parece ser uma sacada e tanto da autora e me deixou muito curiosa pra o ler.
    Beijos!
    Por Livros Incríveis

  7. Carla

    Oie Beta!
    Eu recebi o livro e está aqui na pilha. Também estava com essa ideia de que seria muito drama demais para o momento, mas gostei do que apontou na resenha. Fiquei mais animada para ler agora.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

  8. Ani Lima

    Oii!

    Eu não li esse livro ainda, maaas já tenho muita vontade de ler. Já li duas resenhas mega positivas para a obra.
    Realmente, a tristeza é importante para nosso crescimento… Gostei de saber que foi uma leitura boa!

    Beijinhos

  9. Salvattore Mairton

    Olá, muito legal como o autor através de um leitura que cita um jogo tão mundialmente conhecido, consegue trazer temas tão importantes. Ver como o garoto consegue ultrapassar suas tristezas e crescer com a certeza do melhor, é encantador. Já anotei aqui a dica, e Beta adoro esta forma sua de resenhar.

  10. Carol Ramires

    Olá!
    Adorei a sua resenha! Gostei muito de ver que trata de temas essenciais, como a tristeza mesmo que você citou, que tem um papel fundamental na nossa vida. Parece ser realmente um livro muito emocionante e fiquei bem curiosa para poder conferir também.
    Beijos.

  11. Unknown

    Olá.

    Eu já tinha ouvido falar desse livro, mas não sabia que o menino tinha autismo. Achei bem interessante a premissa da obra e já quero ler. Amei sua resenha e gostei muito dos pontos que vc falou e fico feliz q vc tenha gostado da obra. Ameeei!

    Beijos,
    http://www.anebee.com.br

  12. Sil de Polaris

    Um encantamento saber que filho e pai conseguiram comunicar-se, construindo um mundo entre eles, através de algo tão simples quanto um jogo de vídeo-game feito para crianças inicialmente. Mais uma lembrança sobre nunca subestimar todo poder de ludoterapia (terapia através de brinquedo). Autismo é uma situação complicada e será lindo ler como ambos irão encontrar-se e entender-se através de um brinquedo simples.

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