Ciao!
Eu estava em dívida com a Mari, mas só agora consegui ler este livro que fala muito sobre algo que entendo razoavelmente bem: os altos e baixos da vida de fã.
Afinal de contas, já tenho minha cota de histórias engraçadas ou nem tanto na vida de fã do Backstreet Boys, do Il Volo e, atualmente, do BTS.
Disponível na Amazon
Hater nº 1 – Marianna Leão – P.S. Edições
(2021)
Personagens: Isabella Flores e Arthur Santos
Desde que o Arthur Santos deixou os Wonder Boys, as coisas foram ladeira abaixo para a Isabella. Além de ser expulsa do fã-clube que ajudou a criar, ainda foi processada pelo ex-ídolo. Isso foi a gota d’água para ela sair de fã para a maior hater dele – capaz de mobilizar outras pessoas com o mesmo sentimento. No entanto, ao fazer um favor para a amiga e topar participar do reality show Leis da Selva: você competindo com o seu ídolo, se vê como dupla justamente de Arthur. Esta ironia do destino poderia bagunçar de vez as vidas deles – ou colocar tudo no prumo, mas a que preço?
O sapo no poço
No meu treinamento pro ARMY (sim, fã do BTS), aprendi sobre essa referência a uma lenda oriental na música Ddaeng. O sapo que vive no fundo do poço tem uma visão restrita do mundo e não consegue sair.
É um bom ponto de partida para falar sobre os sentimentos de Isabella sobre a situação do Wonder Boys após o líder, Arthur Santos, abandonar o grupo. Ela não estava na melhor fase da vida: sobrecarregada com a faculdade, com o trabalho no sebo da família, tentando cuidar do pai e da irmã após a morte da mãe. A “traição” do favorito dela no grupo doeu pra caramba. Assim como ser expulsa do fã-clube que ajudou a criar. Aí veio o processo e o consequente prejuízo às finanças já um tanto combalidas da família.
Isabella não percebeu que estava no fundo do poço – e nem tinha condições de reagir, buscando uma visão mais ampla dos acontecimentos. Por isso, topou atender ao pedido da amiga Beatriz e participar do reality show Leis da Selva: você competindo com o seu ídolo. E a esperança de fazer dupla com Lucas, o baterista do Wonder Boys, foi por água abaixo ao ser revelado que o parceiro dela seria Arthur, de quem ela agora era a hater nº1 – e ele não tinha ideia.
Deo gipi deo gipi sangcheoman gipeojyeo (Stigma, BTS)
A relação entre os dois começa com estranhamento, um tanto estremecida e ainda mais complicada quando Isabella percebe que o Arthur não tem tanto desejo de vencer o programa quanto ela, que queria o dinheiro para ajudar a família e diminuir o prejuízo que causou.
Mas o tempo – e os perrengues – fazem com que eles se aproximam. Uma fanfic e um acidente faz com que algumas descobertas aconteçam e os dois criam um laço de respeito entre fã e ídolo. Ah, Arthur também era um sapo no poço, agindo a partir das poucas informações de que dispunha, pensando que fazia o bem maior para outros.
Estas conversas fazem os dois pensarem, mas aí outros fatos desconhecidos entram em campo. E o trem se complica de vez. E só lendo pra saber o que acontece…
Pelo amor das fãs
“Porque ninguém fala sobre como é difícil ser fã e mulher. Como se ser mulher e se entusiasmar com algo automaticamente colocasse você dois degraus abaixo na escala da evolução humana. Para a mulher, ser fã é ser louca, se emocionar além da conta, é se tornar histérica; o objeto das nossas paixões vira ‘coisa de mulherzinha’, delírio de alguém com problemas de autoestima baixa e vidas amorosa inexistente, e os nossos hobbies são ‘coisa de gente à toa’”.
A pergunta que está ali em cima é o nome de um TEDx Talks, com Yve Blake, de 2019, que eu recomendo a todo mundo que se interessa (ou vem me encher a paciência) sobre ser fã de alguma coisa – desde livros, filmes a cantores, cantoras e grupos musicais.
E a gente tem que lembrar as pessoas de que as fãs não surgiram agora. Pode pesquisar na sua família se não teve alguém apaixonada pelas bandas de rock nos anos 1980, Beatles, pela Jovem Guarda – suspeito que você não vai encontrar paz entre as tietes do Wanderley Cardoso e do Jerri Adriani.
Mais especificamente, em se tratando de Brasil, pelas rainhas do rádio. Quem vê as rivalidades de hoje nem sonha com o quebra-pau entre as fãs de Emilinha e Marlene, ainda mais se a rivalidade fosse dentro da própria família ou o amor incontrolável das fãs do Cauby Peixoto.
Claro que nem tudo é perfeito. Em alguns casos, há erros e exagero, já houve até tragédias. O ideal é a gente focar no amor que, se bem investido, pode realmente mudar uma pessoa – o que já é um bom ponto de partida para mudar o mundo. Posso falar pela minha experiência pessoal.
– Links: instagram da autora; site da editora; Skoob; mais dela no Literatura de Mulherzinha.
Arrivederci!!!
Beta