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Uma canção de amor e ódio – Vinícius Grossos – Cap. 1906

Ciao!

Vinícius Grossos, autor de livros fofos e estranhos, está de volta ao Literatura de Mulherzinha! No fim do ano passado, “Uma canção de amor e ódio” apareceu no Vem Aí. Agora, a resenha dele chega aqui na semana que completam sete anos que eu encontrei o Vini na Bienal do Livro de JF em 2016

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Uma canção de amor e ódio – Vinícius Grossos – Editora Nacional
(2022)
Personagens: Benjamin e Theodoro

O #PopInRio prometia agitar o público, Pabllo Vittar, Ariana Grande e Lady Gaga seriam as grandes estrelas da noite. Um grupo de jovens artistas nacionais teria a missão de abrir a programação, com apresentações individuais, Milady, Ivone, Theodoro e Benjamin. E os olhos dos fofoqueiros e fãs estavam nos dois rapazes, afinal de contas, todo mundo sabia que, apesar do estilo diferente, eles eram rivais e se odiavam. E após um desastre midiático, os dois terão que unir forças, a contragosto, para escapar da encrenca. De preferência, sem criar outras confusões…

Fogo no mato seco? Incêndio fora de controle.

Benjamin se achava o máximo. O cantor pop jovem, impetuoso, bissexual, atraía multidões na mesma proporção que se envolvia em confusões. E tinha um R-A-N-Ç-O pessoal e intransferível pelo outro jovem talento que surgiu no mesmo tempo (e também era da mesma gravadora): o bom rapaz, low profile, Theodoro.

E, ao saber que a participação no #PopInRio não seria como inicialmente previsto (por culpa dele mesmo, diga-se de passagem), a criatura resolve descontar em quem? No Theodoro. Claro que dá ruim. Muito ruim. A fofoca sobre os dois ganha as redes sociais e só há uma alternativa: gestão de crise com contenção de danos modo hardcore.

Se todos estavam convictos de que havia uma rivalidade mortal entre Ben e Theo, portanto, os dois deveriam se tornar os melhores amigos. Do tipo que compõem e que lançam uma música juntos.

A nova onda do “imperador”, estrelando Ben

Quando eu fui ao cinema assistir à animação A Nova Onda do Imperador (quem não viu, veja. Preferencialmente dublado, porque é uma pérola), um dos pôsteres me chamou a atenção. Era o protagonista, Kuzco, anunciando em letras garrafais: “É tudo sobre MIM”.

Nos primeiros capítulos, o Benjamin estava 100% na vibe Kuzco e eu já estava desejando que ele também se transformasse em uma lhama pra aprender a ser gente.

Claro que a jornada de “menos, bem menos, Ben” não vai envolver maldições e magias, mas as famosas porradas que a vida se encarrega de dar sem a menor gentileza e cortesia. Quem semeia vento, atrai tempestade, né?

Na maioria dos capítulos iniciais, a gente tem o ponto de vista do Benjamin. Por isso dá tempo de sobra para você pegar antipatia do protagonista egocêntrico, ao mesmo tempo que desconfia do motivo da intensidade dos sentimentos dele por Theodoro. Afinal de contas, a gente não percebe nada que o Theo tenha tomado a iniciativa de fazer contra o Ben. Até aí os maiores crimes do Theo é existir e ser talentoso.

Mas como disse, vem uma porrada, no estilo lapada seca, que o Ben fica sem saber o rumo da casa e a fachada desmorona para ele mesmo. Então, senhoras e senhores, temos um jogo. Porque a essa altura, Theo já perdeu a paciência e quer mandar a gestão de crise pro espaço porque tem lugares mais importantes para estar do que com uma pessoa que, definitivamente, não está nem aí para nada que seja ela própria.

“Sempre tem muito mais do que a gente vê na superfície, né?”

Não darei detalhes, mas é uma leitura que discute situações que ocorrem no macro e micro. O preço da fama, a pressão em cima de quem se destaca, a imposição por determinados padrões, as estratégias para não desagradar o “público”, sendo que, muitas vezes, são baseadas em presunções. E as especulações sem fim de quem se julga no direito de arbitrar e piar sobre a vida alheia.

Além disso, há a jornada interior de cada personagem. A gente demora a ouvir a voz do Theo, porque acompanhamos parte da história pela voz do Ben. Posso garantir que vale muito a pena a evolução dos personagens, a cobrança por ser quem são, do que precisam abrir mão e silenciar para poder “existir”. O trabalho de composição vai permitir que eles se conheçam e se respeitem. O que vier depois disso…

A liberdade de ser quem é sem se submeter às condições sociais impostas por motivos absurdos ou preconceituosos ainda não é acessível para muitas pessoas, por uma série de razões. Por isso, o livro também lembra que todos tem seu tempo e seu ritmo, além de abordar a deselegância (e o mau-caratismo) de querer forçar ou se aproveitar de quem ainda não está pronto.

Algumas coisinhas para o Senhor Vinícius Grossos

Eu achei absolutamente genial a referência a Não foi por acaso, tá?

E só quero deixar registrado que uma cena só não me traumatizou mais porque eu estava lendo na sala de espera da médica. Mas se eu tiver pesadelo com o que li, vou te mandar áudios xingando sem me importar com o horário.

– Links: site do autor; Skoob; mais dele no Literatura de Mulherzinha

Arrivederci!!!

Beta

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